Plug anal é encontrado no QG da droga do “sexo químico” em São Paulo

São Paulo — Ao prender o engenheiro químico Guillermo Ortiz, de 40 anos, conhecido cozinheiro do submundo da metanfetamina em São Paulo, policiais civis pediram para que ele apontasse onde estava a droga. Algemado, apontou os dois indicadores para uma bancada cheia de cristais da droga em saquinhos de plástico.

Ao lado da droga, conhecida por ser consumida em motéis para apimentar o sexo, foi encontrado outro item usado para dar prazer na cama. Este, lícito. Em um saquinho de plástico igual ao da metanfetamina, havia um plug anal.

À diferença do entorpecente, o brinquedo não serve de evidência para nada. Nem foi parar na mesa de objetos apreendidos fotografados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP). Sua posse é desconhecida, já que, além de Ortiz, foram presos outros três investigados.

A organização da qual Ortiz faz parte reúne brasileiros, mexicanos, chineses e nigerianos que faziam delivery de metanfetamina em motéis de São Paulo. O uso de drogas durante o ato é conhecido como chemsex, do inglês, “sexo químico”.

Ortiz é um dos principais alvos da Operação Heisenberg, da Polícia Civil paulista, deflagrada para prender 60 integrantes de um grupo de chineses, mexicanos e nigerianos que dominam a venda da metanfetamina em São Paulo. Ele era procurado desde dezembro de 2024.

O mexicano foi preso ao lado de outros três investigados em um flat no centro da capital paulista por agentes do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc). No momento da prisão, ele estava em posse de metanfetamina.

Entenda o nome da operação

  • A ação policial leva esse nome porque foi inspirada na série televisiva Breaking Bad;
  • Protagonista da trama, o professor de química Walter White vira cozinheiro de metanfetamina após ser diagnosticado com câncer no pulmão;
  • Ao longo da série, torna-se um temido traficante, com o codinome de Heisenberg.

Queda de preço

Investigadores desconfiam de que a vinda de Ortiz para o Brasil tenha relação com a queda no preço da metanfetamina. Antes, a droga era importada e apreensões anuais eram irrisórias.

O mexicano, que tem conhecimento técnico profundo sobre o manuseio dos componentes dela, passou a produzi-la em São Paulo, com qualidade alta e preço mais baixo, segundo a investigação.

Para se ter uma ideia, um grama de metanfetamina chegava a R$ 600. Hoje, é encontrado por R$ 70. Ortiz teria aberto possibilidade para que chineses e nigerianos se aventurassem a produzir a droga, o que fez o preço baixar mais ainda.

Operação Heisenberg

Ortiz já havia sido preso uma vez em 2022, em um motel, com 12,5 gramas de metanfetamina, armas e recipientes usados para cozinhar a droga. Ele foi condenado a um ano de prisão, mas teve o direito de responder em liberdade.

Foi na Operação Heisenberg, conduzida pelo Denarc, que Ortiz passou a ser investigado como um dos maiores fornecedores de um grupo de narcotraficantes chineses em São Paulo.

Droga do sexo químico

  • A investigação revela que a metanfetamina se popularizou e virou a droga do sexo químico em motéis e hotéis da capital paulista;
  • Conhecida como “chemsex”, termo em inglês, a prática consiste em apimentar o sexo com o uso de drogas;
  • A metanfetamina tem um efeito que dura muitas horas e tem sido muito usada para esse fim.

Após a Polícia Civil prender um grupo de chineses com 2 kg da droga no centro de São Paulo e apreender seus celulares, um manancial de trocas de mensagens identificadas nesses aparelhos mostrava uma grande rede de tráfico.

Ortiz era um dos protagonistas desses diálogos encontrados nos celulares — e foi entre traficantes chineses que o apelido Fantasma se popularizou. Em uma dessas conversas, ele negociava a venda de pistolas e uma metralhadora com um traficante chinês. Trocaram até imagens das armas.

Em outra conversa, Ortiz envia uma foto de cristais de metanfetamina e, em seguida, encaminha o número de Pix de outro traficante. Sua esposa também recebeu transferências de traficantes chineses.

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