Família fala em execução no caso de homem em surto morto pela PM

A família do homem de 59 anos, que foi morto pela Polícia Militar de Goiás (PMGO), na noite desse sábado (18/1), após um surto no Hospital Municipal de Morrinhos (GO), publicou uma nota sobre o caso nas redes sociais. Os familiares condenam a ação policial, considerada por eles “desproporcional”, “cruel” e “inadmissível”.

O que ocorreu:

  • Paciente de 59 anos entrou em surto na UTI do Hospital Municipal de Morrinhos, em Goiás, e fez uma técnica de enfermagem de refém.
  • Ele segurava um pedaço de caco de vidro e foi contido por policiais militares, sendo atingido por um disparo na lateral da barriga.
  • Apesar de ser socorrido pela equipe médica, o homem morreu no local instantes depois.
  • Família do paciente se diz revoltada com o desfecho do caso e promete buscar justiça contra os policiais que o mataram.
  • Luiz Cláudio era renal crônico, diabético e deficiente visual. Ele estava internado na UTI havia três dias.

“É imprescindível contextualizar os fatos de maneira justa e equilibrada. Luiz Cláudio, fisicamente enfraquecido, foi rendido e imobilizado. Mesmo nessas condições, foi pisoteado e executado à queima-roupa por dois policiais, de forma desproporcional, cruel e absolutamente inadmissível. A conduta esperada da equipe de saúde e da força policial era outra: técnica, responsável, humana e proporcional à situação, o que poderia ter evitado essa tragédia”, diz o texto.

Luiz Cláudio Dias, de 59 anos, entrou no hospital em suposto estado de surto por volta das 20h30 desse sábado e fez um técnica de enfermagem do hospital de refém, ameaçando-a com um pedaço de caco de vidro. Segundo a polícia, ele conseguiu o objeto cortante depois de quebrar a janela do banheiro do local. Ele estava internado na UTI havia três dias.

Durante a ação policial, Luiz foi atingido por um disparo na lateral do abdômen, chegou a ser levado por uma equipe médica ao pronto-socorro, mas não resistiu e morreu no local. “A família reforça que buscará por justiça, para que os responsáveis por essa violência brutal sejam responsabilizados”, adianta os familiares.

Confira o vídeo do momento da ocorrência:

 

Renal crônico e diabético

Pelas redes sociais, o filho dele, o dentista Luiz Henrique Dias expressou toda a revolta pela morte do pai. Segundo ele, Luiz Cláudio enfrentava uma série de problemas de saúde. Ele era um paciente renal crônico, que fez hemodiálise por 24 anos, tinha diabetes tipo 1 e visão restrita, enxergando por um dos olhos, apenas.

Nos últimos dias, conforme o relato do filho, o pai havia apresentado melhora e já se preparava para receber alta médica. Em razão da diabetes severa, Luiz Cláudio lidava com picos frequentes de hipoglicemia, o que provocava falta de oxigenação e perda de consciência. “Mataram o amor da minha vida. O meu herói, meu pai. Quanta covardia. A justiça será feita”, publicou o filho no Instagram.

imagem colorida de filho e pai que foi morto pela pm em uti de hospital de goiás
“É, meu ‘casca de bala’, que crueldade fizeram com o senhor, mas eu prometo que, enquanto eu viver, vou fazer Justiça por seu nome”, publicou o filho nas redes sociais

A técnica de enfermagem feita de refém por ele, no momento do surto, não se feriu, mas ficou psicologicamente abalada. A família de Luiz Cláudio lamentou, na nota divulgada, “o medo vivido pela profissional” e manifestou solidariedade, “reafirmando que nenhum trabalhador deveria passar por situações que coloquem em risco sua segurança”.

O disparo de arma de fogo, no entanto, feito por um dos policiais dentro da unidade hospitalar foi considerado uma negligência pela família da vítima. “A segurança da enfermeira e de todos os envolvidos também foi colocada em risco por ações e omissões que demonstram imprudência, negligência e imperícia do Estado”, afirma a nota.

Tiro era para ter sido na perna, alega PM

A Polícia Militar de Goiás (PMGO) alega que, “diante do risco iminente à vítima, foi necessária a realização de um disparo de arma de fogo para neutralizar a agressão e resguardar a integridade física da refém”. Luiz Cláudio, segundo os policiais, teria resistido, mesmo imobilizado e alvejado, o que provocou a ação dos demais PMs.

Em entrevista a veículos locais, após o ocorrido, o comandante do 36º Batalhão da PM, coronel Werik Ramos, disse que a intenção do policial que fez o disparo foi de atingir a perna do paciente. Nesse momento, no entanto, segundo ele, Luiz Cláudio teria se curvado e acabou sendo ferido na lateral da barriga.

Em nota divulgada neste domingo (19/1), a prefeitura de Morrinhos informou que o hospital onde tudo ocorreu está sob gestão de uma empresa terceirizada, com contrato vigente até março deste ano. “Solidarizamo-nos com a família enlutada e asseguramos que será oferecido acompanhamento psicológico e social tanto aos familiares quanto à enfermeira e demais envolvidos na situação”, finaliza o texto.

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