Graças a estudos de baleias encalhadas, cientistas descobriram como são produzidas as canções desses animais, revelando o funcionamento de sua laringe e como a evolução providenciou uma forma de comunicação de longa distância aos enormes mamíferos marinhos.
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O subgrupo em questão é o das baleias-de-barbatana, ou misticetos, que se alimentam através de um filtro de queratina que mantém a comida dentro da boca, permitindo a expulsão da água. A descoberta dos sons e canções produzidas pelas baleias ocorreu há pouco mais de 50 anos, e, até agora, a ciência não sabia como funciona o processo biológico.
A evolução da fala nas baleias
O estudo foi conduzido por cientistas vocais das Universidades do Sul da Dinamarca e de Viena, que lembram que tanto os grupos cetáceos misticetos quanto odontocetos (com dentes) evoluíram de mamíferos terrestres que tinham uma laringe multifunção. Além de produzir sons, o órgão ainda protegia as vias aéreas.
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Quando os animais passaram a viver completamente na água, tornou-se necessária uma nova laringe que evitasse o afogamento submarino. Segundo a análise dos cientistas, as baleias modernas conseguem produzir sons com sua laringe, mas também evoluíram novas estruturas para fazê-lo.
As pequenas cartilagens também presentes na nossa laringe, chamadas aritenoides e servindo para mudar a posição das pregas vocais, mudaram bastante nesses mamíferos. Nos cetáceos, as aritenoides se tornaram cilindros grandes e longos que se juntam na base, formando um enorme “U” rígido que tem quase o tamanho de toda a laringe.
Isso, segundo a análise, seria um modo de ter uma abertura aérea rígida na hora da respiração explosiva na superfície. Descobriu-se, especialmente, que a estrutura é pressionada contra uma enorme “almofada” de gordura no interior da laringe — quando o ar é expulso para além dessa parte macia, uma vibração se inicia, gerando sons de baixa frequência debaixo d’água.

Quando baleias encalham e falecem, é gerada uma oportunidade única de estudo, mas sua fisiologia ainda é difícil de se avaliar, já que o tecido apodrece muito rápido. Além disso, baleias costumam explodir por conta dos gases da putrefação. Graças a instituições dinamarquesas e escocesas que registram encalhamentos, foi possível extrair rapidamente a laringe de uma baleia-sei, uma baleia-de-minke e uma baleia-jubarte para estudo laboratorial.
Interferência humana
Um modelo computacional de uma laringe de baleia foi construído, o que permitiu entender o funcionamento dos músculos e cartilagens em 3D, simulando o controle da frequência a partir de movimentos musculares. Agora, sabemos como a anatomia das baleias faz com que consigam se comunicar no ambiente submarino.
Os cientistas também descobriram o limite fisiológico de muitas baleias-de-barbatana, indicando que elas não conseguem escapar da interferência acústica humana — seus sons são abafados pelos navios com hélices, perfurações submarinas e armas sísmicas, e elas não conseguem “cantar” em outras frequências.
Sua voz acaba tendo um alcance bastante limitado, já que converge totalmente com os sons humanos em seu limite de profundidade para comunicação — 100 m. O estudo é finalizado com um pedido de regulação dos sons submarinos produzidos por nós, cada vez mais presentes nos oceanos. Estamos atrapalhando muito a vida das baleias, e isso pode acabar acelerando a extinção de diversas espécies.
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