Elon Musk ironiza polêmica causada por suposta saudação nazista

Elon Musk reagiu, nesta terça-feira (21/1), com ironia à polêmica causada por sua saudação, descrita como nazista por alguns, em um comício de apoio a Donald Trump, realizado nessa segunda-feira (20/1), após a posse, em Washington D.C.

“Francamente, ataques do tipo ‘todo mundo é Hitler’ estão tão desgastados”, escreveu Musk em mensagem publicada em sua plataforma X. O empresário americano gerou espanto no comício ao fazer duas saudações, descritas como “fascistas” ou “nazistas” por alguns, e “gesto infeliz”, por outros.

Musk fazia um discurso no palco da Capital One Arena, onde apoiadores de Donald Trump se reuniram para um comício do novo presidente americano algumas horas após a posse.

Depois de agradecer a multidão por “permitir” que o magnata voltasse à Casa Branca, ele bateu no peito com a mão direita e estendeu o braço, com a palma aberta. O bilionário repetiu o gesto na direção da multidão que estava atrás dele.

A historiadora Claire Aubin, especialista em nazismo nos Estados Unidos, considerou que o gesto de Elon Musk foi de fato um “sieg heil”, uma expressão que significa “viva a vitória” e que foi muito usada durante o período nazista.

Ruth Ben-Ghiat, historiadora e especialista em fascismo, também escreveu no X que “foi de fato uma saudação nazista, e muito agressiva”.

Alguns jornais estrangeiros, como o Haaretz, de Israel, e o britânico The Guardian, escreveram que o bilionário americano “parecia” ter feito uma saudação “fascista” ou no “estilo fascista”.

De acordo com a revista americana Wired, muitas figuras de extrema-direita nos Estados Unidos qualificaram o gesto de “incrível”.

Nas últimas semanas, Elon Musk multiplicou as declarações de apoio ao partido alemão de extrema-direita AfD, à primeira-ministra italiana de extrema-direita Giorgia Meloni, e ao partido britânico anti-imigração Reform UK.

“Elon Musk sabia exatamente o que estava fazendo com aquela saudação no comício de Trump hoje. Ele demonstra seu endosso, de maneira explícita, a políticas e a partidos de extrema direita”, disse Amy Spitalnick, líder da organização judaica JCPA, em um comunicado.

“Gesto bem-humorado”?

O pastor Brandon Galambos, de 29 anos, que estava presente ao comício, disse que o gesto do empresário foi acima de tudo “bem-humorado”. “Ele é muito engraçado e usa muito sarcasmo”, disse à AFP. “Obviamente, a esquerda vai interpretar isso como um ato nazista ou algo do gênero, mas acho que foi engraçada a maneira como ele fez isso.”

A associação ADL para a luta contra o antissemitismo, que entrou em conflito com o bilionário no passado, questionou a interpretação do gesto. “Parece que Elon Musk fez um gesto estranho em um momento de entusiasmo, não uma saudação nazista”, escreveu a organização no X.

A congressista de esquerda Alexandria Ocasio-Cortez criticou a reação da ADL. “Vocês estão defendendo uma saudação Heil Hitler que sem dúvida foi feita e repetida”, reagiu no X.

Para o historiador Aaron Astor, a saudação do bilionário não deve ser considerada nazista. “Eu critiquei Elon Musk muitas vezes por deixar os neonazistas poluírem esta plataforma”, escreveu no X antes de acrescentar: “Mas esse gesto não é uma saudação nazista. É um sinal de mão socialmente desajeitado de um homem autista, que está dizendo à multidão ‘meu coração está com vocês’”.

Elon Musk anunciou em 2021 que tinha síndrome de Asperger, o que gera dificuldades para se relacionar ou se comunicar com os outros.

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