Mèxico: presidente Cláudia Sheinbaum reage a Trump: “País é soberano”

A presidente do México, Cláudia Sheinbaum, reagiu às medidas assinadas pelo presidente dos Estados Unidos, que afetam diretamente as relações com seu país, entre elas, a volta do Protocolo de Proteção ao Migrante, mais conhecido como “Permaneça no México”, e a declaração do estado de emergência na fronteira entre os dois países. Além disso, a partir de agora, os cartéis de narcotráfico passam a ser considerados organizações terroristas pelo governo de Donald Trump.

Sheinbaum aproveitou uma conferência de imprensa dessa terça-feira (21/1) para comentar os decretos assinados nas primeiras horas do segundo mandato do recém-empossado presidente dos Estados Unidos.

  • Presidente do México, Cláudia Sheinbaum, se posicionou em respostas às medidas ordenadas pelo recém-empossado presidente dos EUA, Donald Trump;
  • Entre as determinações está a volta do Protocoloca de Proteção do Migrante, conhecido como “Permaneça no México” e a prisão de imigrantes inclusive em escolas e igrejas;
  • Segundo Sheinbaum, o México é soberano e independente.

A presidente iniciou a conferência afirmando que o México é um país soberano e independente e que vai trabalhar em cooperação com os Estados Unidos para enfrentar os problemas inerentes aos dois países.

“Em primeiro lugar eu gostaria de dizer que o povo do México pode ter certeza de que nós sempre vamos defender a nossa soberania e a nossa independência. Em segundo lugar, nós sempre vamos apoiar os mexicanos e mexicanas que estão nos Estados Unidos. Esses são princípios fundamentais. E, em terceiro lugar, nós atuamos de acordo com os nossos princípios e com as nossas leis.”, afirmou.

Ao falar sobre a declaração de Estado de Emergência na fronteira entre os dois países, Sheinbaum disse que o decreto é muito semelhante ao que Trump assinou no seu primeiro mandato, em 2019, e que foi suspenso pelo ex-presidente Joe Biden.

“Precisamos agir com a cabeça fria e analisar os contextos. Se vocês compararem os dois decretos vocês verão que há pouca diferença entre eles. Isso foi em fevereiro de 2019. Naquela época, houve um trabalho de cooperação entre Trump e o presidente López Obrador. Ou seja, não é uma novidade”, informou a presidente.

“Permaneça no México”

Mais conhecido como “Permaneça no México”, o Protocolo de Proteção ao Migrante também não é novidade para os mexicanos. Ele foi instaurado por Trump em dezembro de 2018 e previa que os imigrantes, que entrassem nos Estados Unidos de maneira irregular, fossem enviados ao México, para esperar o andamento dos processos de pedido de asilo, por um período máximo de 180 dias.

“Nós temos a nossa própria política migratória, mas também somos um governo humanitário. Então, buscamos que os imigrantes que estejam na fronteira sejam repatriados aos seus países de origem.”, disse Sheinbaum.

Em um tom irônico, a presidente mexicana também comentou a mudança do nome de Golfo do México para Golfo da América, uma área fundamental para o comércio internacional. “Isso só vai acontecer para eles. Para nós continua sendo Golfo do México e para o mundo inteiro continua sendo Golfo do México”, comentou.

Mexicanos deportados

Ao lado do secretário de Relações Exteriores, Juan Ramón de la Fuente, a presidente do México apresentou um novo plano de apoio jurídico aos mexicanos que vivem nos Estados Unidos de maneira irregular e que correm o risco de deportação.

De acordo com o secretário, o México possui 58 consulados em território americano para prestar assessoria legal e jurídica, além de um sistema de informação e assistência aos mexicanos que vivem nos Estados Unidos e no Canadá que, segundo o governo, funciona 24 horas por dia.

“Vocês não estão sozinhos e não estarão sozinhos. Nós estamos permanentemente em contato com vocês através da nossa rede consular e trabalharemos para ajudar vocês o mais rápido possível de acordo com as circunstâncias”, disse o secretário em uma mensagem direta aos mexicanos que vivem no exterior.

Já a secretária de Governo, Rosa Icela Rodríguez, apresentou um programa de repatriação chamado de “México te abraça”. De acordo com ela, o objetivo é receber os mexicanos de maneira digna e humanitária, trabalhando em cooperação com os governos estaduais e municipais, além de organizações internacionais de apoio aos migrantes, para garantir o cumprimento das leis humanitárias internacionais.

Ainda segundo a secretária, os seis estados que fazem fronteira com os Estados Unidos terão centros de atendimento aos imigrantes mexicanos deportados. Além disso, de acordo com ela, os mexicanos repatriados poderão ser incorporados aos programas sociais de emprego e de bem-estar.

Cooperação para combater o crime organizado

Ao mencionar o decreto que classifica os cartéis de narcotráfico como grupos de terrorismo internacional, Claudia Sheinbaum lembrou que dentro dos Estados Unidos também atuam organizações criminosas, e que o México vai trabalhar em coordenação com o governo americano na área da Segurança Pública e no combate ao tráfico de drogas.

“Dentro do seu território eles podem atuar como quiserem. Nós sempre vamos buscar o diálogo, a cooperação, mas sem subordinação”, enfatizou a presidente mexicana.

T-MEC e novas tarifas alfandegárias

As ameaças de Trump de impor tarifas de 25% nas relações comerciais entre México e Estados Unidos, caso o governo mexicano não realize ações para combater a imigração irregular e o narcotráfico, além da crescente entrada de empresas chinesas no mercado mexicano, também foram minimizadas pela presidente mexicana.

Ao ler o decreto assinado pelo governo dos Estados Unidos, Claudia Sheinbaum afirmou que o Tratado de Livre Comércio entre México, Estados Unidos e Canadá, passará por uma revisão, que já está prevista para o ano de 2026.

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