Existe problema em mudar a forma de utilizar um medicamento?

Existe problema em mudar a forma de utilizar um medicamento?ASSESSORIA DE IMPRENSA

Quando se pensa em medicamentos, as várias formas de administração vêm à nossa cabeça: via oral, sublingual e injetável. Vamos abordar aqui os medicamentos administrados via oral e sublingual, que são as cápsulas, comprimidos e xaropes. Qual a sua eficácia e o que acontece quando é utilizado da forma incorreta? Fernanda Boni, docente e pesquisadora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, explica como isso funciona e sua eficiência. “Todo o medicamento contém um princípio ativo que é responsável por tratar doenças ou aliviar sintomas. A forma como o medicamento é apresentado, ou seja, comprimido, cápsula, xarope, leva em consideração a estabilidade desse princípio ativo, onde, quando e como ele vai atuar no organismo. O mesmo se aplica à maneira que o medicamento é administrado, a escolha da via, com ou sem ingestão de alimentos, e essas decisões são tomadas durante o desenvolvimento do medicamento, antes que ele chegue ao mercado, após anos de estudos e testes para garantir sua eficácia e segurança.”

Medicamentos em cápsula não podem ser abertos e diluídos em água, isso pode comprometer seu efeito. As cápsulas são formuladas para proteger o princípio ativo contido em seu interior, fazendo com que ele seja liberado para agir no tempo e no local correto. “Diluir a cápsula pode resultar em modificações desse processo de liberação, causando perda de efeito e até efeitos adversos; por isso, caso o paciente tenha dificuldade em engolir cápsulas, ele deve buscar alternativas sob a orientação de um profissional de saúde”, avisa a professora e pesquisadora.

Mas como funciona, após a ingestão, a ação dos medicamentos em comprimidos? A especialista destaca que, “de forma geral, após a ingestão, o comprimido chega ao estômago, onde entra em contato com o fluido gástrico e se inicia o processo de desintegração, ou seja, esse comprimido começa a se fragmentar em partes menores, iniciando também a dissolução do princípio ativo. Ao seguir pelo trato gastrointestinal, esses fragmentos chegam ao intestino, onde o processo de dissolução continua até que todo ativo esteja completamente dissolvido no fluido intestinal. A partir daí, esse ativo está disponível para ser absorvido pela mucosa do intestino e finalmente chegar à corrente sanguínea, onde poderá então exercer o seu efeito terapêutico”.

Medicamentos sublinguais

O medicamento sublingual age muito rápido no organismo, mas se o paciente erra e ingere o remédio, sua ação pode ser afetada. Seu efeito pode ser comprometido ou reduzido, dependendo do princípio ativo ali contido. Os medicamentos sublinguais são formulados para que o ativo seja absorvido diretamente pela mucosa da boca, chegando rápido à corrente sanguínea, dessa forma tendo um efeito mais rápido. Se esse tipo de medicamento for ingerido, podem ocorrer problemas como atraso da sua absorção e até redução da eficácia, se o ativo sofrer algum tipo de degradação no trato digestivo ou metabolização.

Já medicamento em forma de xarope tem uma absorção rápida pelo organismo, por esse motivo sua ação é mais ágil e tem um efeito mais rápido do que um comprimido quando ingerido pela via oral. Isso ocorre porque, no xarope, o princípio ativo já está dissolvido ou solubilizado, o que permite que, após a ingestão, seja rapidamente absorvido. Todos os medicamentos têm vantagens e desvantagens. Fernanda explica que “ a eficácia de um medicamento não está relacionada apenas à sua apresentação, mas, sim, em como esse medicamento é projetado para atender às necessidades específicas do tratamento. As cápsulas podem ter uma absorção e um efeito mais rápido, já os comprimidos geralmente são mais estáveis e podem ser formulados para apresentar um efeito prolongado. Portanto, a escolha entre um ou outro depende basicamente da condição do paciente e da doença e sintoma que vão ser tratados.”

Quanto ao corte de medicamentos, há situações em que eles não devem ser divididos, porque seu revestimento tem a função de proteger o princípio ativo da degradação pela acidez do estômago ou garantir que ele seja absorvido apenas numa parte específica do intestino. Ao repartir o comprimido se danifica o revestimento, expondo o princípio ativo, o que pode prejudicar a dose a ser absorvida e até causar irritações do trato digestivo. Toda e qualquer mudança na forma de ingestão ou quantidade do medicamento deve ser feita com a indicação de um profissional de saúde.

Fonte: São Carlos Agora. Leia o artigo original: Existe problema em mudar a forma de utilizar um medicamento?

Adicionar aos favoritos o Link permanente.