É virose ou dengue? Saiba identificar e tratar doenças nesse calorão

Com o calorão dos meses mais quentes do ano e a confusão da temporada de férias, as doenças surgem e nem sempre conseguimos identificar o que é, com base nos primeiros sintomas. Aí, vem aquela clássica pergunta: é virose respiratória ou dengue? 

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Tanto a virose quanto a dengue causam febre, fraqueza e mal-estar, o que dificulta o diagnóstico. Como se não bastasse, o excesso de calor pode tornar a experiência toda ainda mais incômoda. Outro agravante é a desidratação, que piora com o sol, a sensação de “forno” e a temperatura febril. 

Diferentes fatores ajudam na transmissão dessas doenças. No caso da dengue, a combinação de calor e chuva é explosiva para o aumento de mosquitos (Aedes aegypti). As viagens de avião, carro e ônibus, além da falta de manutenção do ar-condicionado, também ampliam a transmissão das doenças respiratórias. Isso sem contar na água “suja” e nos alimentos potencialmente contaminados.


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Para entender como identificar e tratar as doenças mais comuns em pleno verão, o Canaltech conversou com a especialista Janaína Teixeira, médica infectologista e professora da UNIPTAN | Afya.

Sintomas de virose respiratória

Antes de seguirmos, a infectologista Teixeira explica que “o nome virose é sempre utilizado quando é uma doença causada por vírus”. Assim, qualquer infecção viral pode, teoricamente, receber este nome, mas, aqui, vamos focar nas viroses respiratórias

Entre os vírus que mais afetam as vias superiores nos meses mais quentes do ano, estão: os adenovírus e os rinovírus (ligados aos resfriados) e o influenza (causador da gripe). Em alguns casos, aquele mal-estar pode ter ainda ligação com o SARS-CoV-2 (responsável pela covid-19).

Alguns sintomas das viroses respiratórias podem ser confundidos com os da dengue, o que gera confusão na hora do diagnóstico (Imagem: Towfiqu barbhuiya/Unsplash)

Considerando as viroses, como resfriados e gripe, os sintomas mais comuns são: 

  • Coriza (nariz escorrendo);
  • Obstrução nasal;
  • Dores de garganta;
  • Tosse seca;
  • Febre, geralmente baixa;
  • Mal-estar.

Outra ameaça pouco conhecida é o vírus respiratório chamado de metapneumovírus humano (HMPV), que afeta principalmente crianças pequenas, como é possível observar no surto em andamento no estado de Pernambuco.

E a virose gastrointestinal? 

Além das viroses respiratórias, as viroses gastrointestinais também se proliferam bastante no verão. Entre os principais patógenos, estão: os rotavírus e os norovírus. Transmitidos por água contaminada ou a partir do contato com fezes, eles podem causar diarreia, vômitos, dor abdominal, febre e muita desidratação. A vantagem é que são mais facilmente identificáveis e, em pacientes saudáveis, o risco de complicações é baixo.

Sintomas da dengue

Pela definição clássica, a dengue poderia ser classificada como uma virose, já que é causada por um dos quatro sorotipos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) do vírus da dengue. No entanto, o mecanismo de infecção (transmitida pela picada de um mosquito) e os desdobramentos são diferentes do que é normalmente observado no grupo de viroses respiratórias.

Entre os principais sintomas da dengue, estão: 

  • Dor de cabeça;
  • Dor atrás dos olhos;
  • Diarreia;
  • Febre;
  • Náuseas e vômito;
  • Mialgia (dor no corpo);
  • Prostração (fraqueza);
  • Artralgia (dores nas “juntas”);
  • Manchas ou lesões avermelhadas na pele.

Em relação ao último sintoma da lista da dengue, cabe explicar que essas manchas são conhecidas como rush cutâneo. Ele tende a começar pelo tronco e se espalha em direção aos membros (braços e pernas) do paciente. Não é comum nas mãos, por exemplo.

Diferença entre virose e dengue

Em relação às viroses respiratórias, “é difícil distinguir” qual é qual, comenta a infectologista. Isso porque os sintomas são inespecíficos, e o mais indicado seria um exame para detecção de influenza no caso de gripe, por exemplo.

Médica infectologista ensina como diferenciar os sintomas da dengue dos sintomas das viroses (Imagem: Institute of Allergy and Infectious Diseases/Unsplash)

Agora, pensando em distinguir a dengue das viroses respiratórias, existem alguns caminhos a serem pensados. “Na dengue, é muito característica a questão da dor de cabeça e a dor no corpo”, destaca Teixeira. Por outro lado, o desconforto respiratório (como nariz escorrendo e tosse) não é comum.

Outro ponto de diferença entre virose e dengue pode ser as manchas vermelhas pelo corpo. Elas surgem entre o terceiro e o quinto dia após o início dos sintomas, mas não são todos os pacientes que apresentam este sintoma na pele. Então, não vale como forma de descartar o possível diagnóstico. A confirmação pode chegar com o resultado de um exame específico, como o teste de antígeno NS1.

Melhor tratamento 

“Se for um quadro sugestivo de dengue, já tem que começar a hidratar. Isso é o mais importante, porque não tem um remédio antiviral específico”, conta a médica, além do descanso e da boa alimentação. No futuro, isso deve mundar com as inúmeras pesquisas em andamento, como uma da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 

É importante destacar que os antibióticos são prescritos apenas para o tratamento de infecções causadas por bactérias e não funcionam em casos de viroses e nem da dengue. 

Assim, o principal tratamento para pacientes com dengue é pensado para aliviar os sintomas, como dor no corpo, dor de cabeça, febre ou náuseas. Nestes casos, o médico pode prescrever analgésicos e antitérmicos, por exemplo. 

Manter o corpo hidratado, bebendo água, é uma das melhores formas de tratar a virose e a dengue em casa (Imagem: Congerdesign/Pixabay)

Teixeira faz questão de reforçar a importância da hidratação. “Muita reposição hídrica”, destaca. “A hidratação [recomendada] na dengue é muito elevada, chega a 60 ml/kg”, explica. Então, “tem que ingerir de quatro a cinco litros de líquidos por dia [dependendo do peso do paciente e da indicação do médico]”, complementa. Para atingir isso, pode incluir na dieta: água, chá, água de coco e isotônicos.

Além da recomendação geral de tratamento em casa, é preciso saber a hora de buscar novamente ajuda médica. Entre os sinais de alerta para o agravamento da infecção, estão:

  • Febre prolongada, que dura mais de 5 dias;
  • Vômitos excessivos;
  • Dificuldade em ingerir líquidos;
  • Queda de pressão súbita ou quase desmaio;
  • Alteração na frequência da urina (menos que o normal);
  • Prostração (mal-estar), ainda mais em pacientes idosos;
  • Dor abdominal que não melhora.

“A gente tem que ficar muito atento com esses sinais sutis, porque são importantes para [definir a hora de] procurar atendimento médico”, pontua a infectologista. Em caso de dúvidas, a orientação também é buscar por um especialista.

E o tratamento das viroses?

No caso das viroses respiratórias, quando não há nenhum agravamento, o quadro deve passar em até uma semana. Como faltam remédios específicos, o tratamento também é voltado para o alívio dos sintomas, como febre e congestão nasal. É igualmente importante beber muita água, descansar e se alimentar bem.

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