Como funciona o “matador de JBL” usado para bloquear Bluetooth na praia?

No começo do ano, um argentino viralizou nas redes sociais ao mostrar o funcionamento de um dispositivo que bloqueia o sinal Bluetooth de caixas de som. O homem estava de férias no Brasil e usou um jammer para desligar o speaker que estava com som alto na praia.

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A publicação repercutiu no X (antigo Twitter) e dividiu opiniões entre apoiadores e críticos, mas algumas das perguntas que foram levantadas, desde então, são: como este tipo de aparelho funciona? O uso é considerado ilegal?

O Canaltech entrou em contato com especialistas no assunto para te ajudar a entender como esses “matadores de JBL” operam, se o uso pode causar interferência em outros sinais, e se é considerado crime no Brasil. 


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Como um jammer funciona? 

Para entender como é o funcionamento desses aparelhos, conversamos com Vinicius Fulber-Garcia, professor no Departamento de Informática da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo ele, os jammers — como são chamados os “bloqueadores de sinal” — emitem ondas de rádio na mesma frequência do alvo, para gerar uma interferência e causar a “degradação do sinal” ou interrompê-lo por completo. 

Geralmente, estes dispositivos podem ter como alvo qualquer tipo de rede sem fio, que se propaga por ondas no ar. Portanto, aparelhos com Wi-Fi, rede móvel, Bluetooth, GPS, entre outras conexões sem fio, são vítimas potenciais de jammers

No entanto, a conexão Bluetooth é um dos alvos mais comuns pela simplicidade da rede. Por operar em uma faixa única de 2.4 GHz, elas são bem mais fáceis de sofrer interferências e ficam mais vulneráveis a ataques. 

“Uma das características do Bluetooth é que ele opera em uma faixa de frequência só, que é a faixa de frequência de 2.4 GHz. Então, todas as conexões Bluetooth se estabelecem em uma largura de banda entre 2.400 MHz e 2.480 MHz, arredondando. E como ele tem essa faixa de frequência muito bem ‘fechada’ é fácil de interferir nele, diferente de outros protocolos que operam diferentes faixas de frequência”, explica Fulber. 

No caso específico da praia, o alvo era a caixa de som que usava a conexão Bluetooth. Então, o argentino ajustou seu dispositivo para emitir as ondas em uma frequência de 2,4 GHz — a mesma do speaker — e, pela potência e proximidade, conseguiu interromper completamente a conexão entre a caixa e a fonte, provavelmente um celular ou tablet. 

Quais os riscos para “dispositivos terceiros”?

Apesar de o uso parecer ingênuo e muitos enxergarem como “um salvador” contra vizinhos barulhentos ou contra pessoas com som alto na praia, o uso de jammers pode interferir em outros dispositivos “inocentes” e causar problemas. O professor Vinicius destaca que redes Wi-Fi ou móveis também ficam vulneráveis nesses ataques:

“Um jammer Bluetooth pode bloquear algumas redes Wi-Fi, pois elas também compartilham da mesma largura de banda, assim como redes Zigbee, redes móveis 4G e 5G. Mesmo sem querer, pode acabar causando algum problema quando se bloqueia uma rede de celular em uma região ou em um espaço pequeno. Então imagina que alguém está precisando fazer uma chamada de emergência, ligar para um hospital e tem um jammer ligado ali, atuando em um espaço que pode causar algum problema colateral.”

Jammers usam ondas de rádio para interferir no funcionamento Bluetooth e de outras redes (Imagem: Divulgação/The Signal Jammer)

Também não há uma forma de se proteger contra esse tipo de bloqueio. Uma vez que os ataques são feitos em ondas de rádio, não dá para mitigá-los a fim de se proteger contra. 

Qual a o posição da Anatel em relação ao uso destes dispositivos? 

Quando o vídeo viralizou, uma das “conversas” que circularam é que este dispositivo não pode ser comercializado, porém “nada impede a fabricação caseira”. Porém, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) é bem enfática neste assunto:

“A fabricação, comercialização e uso não controlados de Bloqueador de Sinais de Radiocomunicações (BSR) pode trazer graves prejuízos aos usuários de serviços de radiocomunicações.”, destaca o órgão em nota. “O [uso de] BSR pode ser permitido para determinados órgãos e entidades”, continua. 

Segundo a Anatel, os únicos órgãos e entidades com autorização para uso de aparelhos como jammers são: Presidência da República, Gabinete de Segurança Institucional, Ministério da Defesa, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério das Relações Exteriores, Forças Armadas, Agência Brasileira de Inteligência, órgãos de segurança pública e órgãos da administração penitenciária.

Ainda de acordo com a entidade, o uso fora do determinado em lei “é considerado atividade clandestina de telecomunicações e constitui crime, tipificado no art. 183, da Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997, Lei Geral de Telecomunicações (LGT).” No documento, é previsto como pena a “detenção de dois a quatro anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, e multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais)”.

Assim, apesar da crença de que a fabricação caseira não é ilegal, o órgão deixa claro que tanto a comercialização quanto o uso por pessoas não autorizadas é considerado uma infração, que está sujeita a penalização. 

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