Relatos de sobreviventes do nazismo marcam 80 anos de Auschwitz

Os sobreviventes das atrocidades do nazismo devem ser o foco principal das homenagens desta segunda-feira (27/1), quando se completam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.

A cerimônia principal ocorre no local onde ficava o campo, no sul da Polônia, onde a Alemanha nazista assassinou mais de 1 milhão de pessoas. Representantes de cerca de 40 países confirmaram presença. No evento, as autoridades deverão ficar em silêncio, para ouvir os discursos dos últimos ex-prisioneiros ainda vivos.

A cerimônia para lembrar a libertação do campo de concentração de Auschwitz é focada, segundo os organizadores, nos sobreviventes do horror promovido pela Alemanha nazista. A abertura da cerimônia principal fica a cargo do presidente polonês, Andrzej Duda, mas não foram previstas outras falas de políticos.

No ato, os sobreviventes devem ser o centro das atenções. A administração do local, que abriga hoje o Museu Estatal de Auschwitz-Birkenau, informou que cerca de 50 ex-prisioneiros de Auschwitz e de outros campos participarão dos eventos.

Nas palavras dos organizadores, durante o ato, os poderosos se sentam e ouvem as vozes dos ex-prisioneiros, enquanto ainda há tempo para ouvi-los.

Representantes de cerca de 40 países confirmaram presença, incluindo os presidentes francês, Emmanuel Macron, e alemão, Frank-Walter Steinmeier, assim como o chanceler alemão, Olaf Scholz, além dos monarcas de Espanha, Bélgica, Dinamarca e Holanda e Reino Unido, entre outros.

Ausências de Putin e Netanyahu

Não só as presenças, como as ausências chamam a atenção nesse dia. O presidente russo, Vladimir Putin, e o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, não vão à Polônia.

O chefe do Kremlin foi um convidado de honra no aniversário de 60 anos da libertação de Auschwitz, em 2005, devido ao papel das tropas soviéticas. O Exército Vermelho é que libertou o campo de concentração. Mas Putin não é mais bem-vindo devido à agressão russa na Ucrânia.

Este é o terceiro ano consecutivo sem nenhum representante de Moscou, depois que a Rússia invadiu a Ucrânia em grande escala em fevereiro de 2022.

Já a guerra entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza, também criou uma polêmica na Polônia em torno da questão sobre se o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deveria comparecer ou não.

O Tribunal Penal Internacional, o principal tribunal de crimes de guerra do mundo, emitiu um mandado de prisão contra Netanyahu em novembro, acusando-o de crimes contra a humanidade pelas ações israelenses em Gaza. E a Polônia, como signatária, teria a obrigação de prendê-lo.

No final, o governo polonês adotou uma resolução prometendo garantir um salvo-conduto para Netanyahu e a participação segura dos mais altos representantes de Israel. A decisão gerou polêmica e muitos protestos no país. Mas Israel decidiu só enviar seu ministro da Educação, Yoav Kisch.

Símbolo do Holocausto

Fábrica de mortes em série, Auschwitz simboliza o assassinato de 6 milhões de judeus e de milhares de membros de outras minorias. Entre 1940 e 1945, a Alemanha nazista assassinou mais de 1 milhão de pessoas nesse complexo de campos de concentração construído na Polônia ocupada. Noventa por cento delas eram judeus, mas também mais de 100 mil não judeus, como poloneses, ciganos, homossexuais e prisioneiros soviéticos, entre outros.

O Exército Vermelho soviético chegou a Auschwitz na tarde de 27 de janeiro de 1945. Em 2005, 60 anos depois, a Assembleia Geral da ONU definiu a data como Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

Atualmente, o local é um museu e memorial administrado pelo Estado polonês, sendo um dos pontos mais visitados da Polônia. A instituição tem como missão preservar os objetos e a memória do que aconteceu, promovendo também pesquisa histórica. Em 2024, mais de 1,8 milhão de pessoas visitaram o local.

Nesta segunda-feira (27/1) também abrirá as portas pela primeira vez a antiga casa, situada ao lado do campo de concentração, em que morou Rudolf Höss, o comandante do campo de Auschwitz, morou com sua família durante a Segunda Guerra Mundial. O prédio foi comprado para se tornar um centro de combate ao antissemitismo e ao radicalismo.

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