Dólar abre estável com Copom, Fed, Trump e efeito DeepSeek em destaque

Na véspera das decisões dos bancos centrais de Brasil e Estados Unidos sobre a taxa básica de juros da economia, o dólar operava próximo da estabilidade na manhã desta terça-feira (29/1).

Por volta das 9h50, a moeda dos Estados Unidos registrava um leve recuo de 0,08% e era negociada a R$ 5,908.

Na véspera, o dólar encerrou a sessão vendido a R$ 5,91, em baixa de 0,1%, no sexto recuo consecutivo da moeda frente ao real.

Com o resultado, acumula perdas de 4,33% no primeiro mês de 2025.

Copom e Fed anunciam taxa de juros

As atenções do mercado financeiro estão voltadas nesta semana às decisões de política monetária tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

Na quarta-feira (29/1), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) e o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, o BC americano) vão anunciar a taxa básica de juros – é a chamada “superquarta”.

Entenda

  • “Superquarta” é o termo usado no mercado financeiro para o dia em que coincidem as divulgações das taxas básicas de juros no Brasil e nos EUA.
  • A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. A Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia.
  • A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. A Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia.
  • Ao reduzir a Selic, a tendência é a de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
  • De acordo com as projeções do mercado, o Copom deve manter o aperto monetário e subir mais uma vez a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, dos atuais 12,25% para 13,25% ao ano.

Esta será a primeira reunião do Copom desde a posse de Gabriel Galípolo na presidência do BC, no início deste ano.

Nos EUA, por sua vez, o Fed divulgará sua primeira decisão sobre os juros desde a posse de Trump na Casa Branca.

A expectativa dos investidores é que o BC americano mantenha os juros no intervalo entre 4,25% e 4,5%, contrariando Trump, que defende uma queda na taxa.

Donald Trump

A semana passada foi marcada pela posse do novo presidente dos EUA, que reassumiu o cargo na última segunda-feira (20/1). Desde então, o dólar foi impactado e vem caindo sucessivamente, em um movimento global.

  • Desde a vitória de Trump nas eleições presidenciais americanas, em novembro, os mercados vinham projetando que as tarifas comerciais impostas pelo novo governo na Casa Branca poderiam fazer a inflação subir, levando o Federal Reserve a manter o aperto monetário por mais tempo.
  • Nos últimos dias, no entanto, se consolidou a percepção de que Trump não deve definir as novas tarifas tão rapidamente quanto parte do mercado esperava.
  • Na prática, até agora, Trump se limitou a orientar as agências federais a examinarem com lupa os déficits comerciais dos EUA e as práticas comerciais adotadas por outros países, que supostamente prejudicariam os interesses americanos. Mas não houve nenhum anúncio oficial sobre novas tarifas.
  • Após tomar posse, Trump chegou a dizer que vai impor tarifas de 25% sobre importações do Canadá e do México e 10% para a China – cifra inferior, no caso chinês, à que vinha sendo especulada pelo mercado. O chamado “tarifaço” que muitos esperavam, porém, não veio.

Na quinta-feira (23), Trump fez um pronunciamento no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), no qual reiterou que, em sua avaliação, há forte desequilíbrio na balança comercial dos EUA com vários países com os quais negocia.

Trump reiterou a intenção de impor novas tarifas, mas ainda não especificou de que forma nem quando isso será feito.

Big techs em queda nos EUA

O mercado financeiro também observa com atenção o movimento das ações das grandes empresas de tecnologia nos EUA.

Na segunda-feira, as principais big techs americanas perderam cerca de US$ 1 trilhão em valor de mercado. Elas foram afetadas pela notícia da chegada da concorrência chinesa à área de inteligência artificial, com a DeepSeek.

O que aconteceu

  • A DeepSeek anunciou o lançamento de um assistente gratuito que utiliza chips de baixo custo, que possuem menos dados.
  • Com isso, a empresa desafia uma lógica até então estabelecida nos mercados, de que a IA fomentaria a demanda por uma grande cadeia de suprimentos, de fabricantes de chips a data centers.
  • Em linhas gerais, a percepção inicial é a de que a DeepSeek parece capaz de oferecer um desempenho muito próximo das grandes empresas dos EUA no desenvolvimento de IA, mas por um preço muito mais baixo.
  • Recentemente, os EUA proibiram a exportação de tecnologias avançadas de semicondutores para a China e limitaram vendas de chips de IA da Nvidia como forma de tentar conter o avanço do gigante asiático.
  • Na Bolsa brasileira, as ações da Weg, fabricante de motores elétricos e tintas industriais, chegaram a derreter mais de 8% na segunda-feira – foi o pior desempenho do dia –, após terem engatado seis altas consecutivas nos pregões anteriores.
  • Além da preocupação com o impacto do “efeito DeepSeek” sobre as big techs, há incertezas também em relação a fabricantes de equipamentos como Siemens Energy e Schneider, em função de eventuais gastos necessários com inteligência artificial.

Ibovespa

As negociações do Ibovespa, principal indicador do desempenho das ações na Bolsa de Valores do Brasil, começam às 10 horas.

  • No segunda-feira, o índice fechou o pregão em forte alta de 1,97%, aos 124,8 mil pontos, na contramão dos mercados globais.
  • Com o resultado, o Ibovespa acumula ganhos de 3,67% neste ano.
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