Inserção de tecnologias e postura de alunos traz novos desafios para professores

 

A atuação cada vez mais qualificada dos professores ainda é o ponto crucial para a evolução do aprendizado dos alunos e da educação em si, mesmo com a introdução de tecnologias cada vez mais avançadas em sala de aula. Esta é uma das principais reflexões feitas ao longo da Jornada Pedagógica da Universidade Tiradentes (Unit) que se estenderá até a próxima sexta-feira (31), no Campus Farolândia, em Aracaju. O evento acontece a cada seis meses e reúne todos os professores das unidades mantidas pelo Grupo Tiradentes, que realizam o planejamento acadêmico do período e participam de atividades de formação, capacitação e atualização de informações.

O tema da valorização e qualificação do professor no ambiente universitário foi tratado por Maria José Batista Pinto Flores, professora da Faculdade de Educação e pró-reitora adjunta de Graduação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela falou aos professores da Unit sobre o tema “Competências docentes: saberes e práticas para a transformação no ensino superior”. Entre outros pontos, ela destacou que um dos principais desafios a serem encarados pelos professores é manter uma relação mais próxima e humanizada com os alunos e os colegas, mantendo o foco na aprendizagem e sem a lógica apressada imposta pelas tecnologias.

“Os nossos estudantes, às vezes, não vão pra sala de aula e ficam assistindo a tutoriais sobre aquele conteúdo ou disciplina. Eles fazem e vão fazendo, e muitas vezes assistem um vídeo na velocidade 2 ou mais. Estamos convivendo com estudantes com muito reflexo e pouca reflexão, induzidos muito pelas tecnologias. Os alunos têm muitas vezes uma ansiedade para responder ou deixar pronta uma tarefa, de fazer as coisas sem se importar com o pensamento e com o porquê daquilo. Esse é um dos maiores desafios nossos: como integrar a tecnologia no processo de ensino-aprendizagem, mas sem perder o estudante”, reflete Maria José.

Este aspecto também é destacado pela professora Ana Cláudia de Ataide Almeida, integrante do Núcleo de Desenvolvimento Docente da Unit (NDD). Para ela, as tecnologias digitais são fundamentais e fazem parte do processo de aprendizagem, mas podem prejudicar os estudantes em sala de aula se forem utilizadas de modo exacerbado. “Porque algo fundamental para a aprendizagem é o foco, é a atenção. E a gente sabe que o excesso de informações, esse hiperestímulo que o aluno vem vivenciando, tira o foco dele do propósito da aprendizagem. O professor saber mediar esse processo é algo fundamental”, observa.

Saber o que está fazendo

A pró-reitora da UFMG chamou a atenção para a necessidade de formar profissionais que tenham total consciência sobre o papel que ele exerce na sociedade, valorizando a vida das pessoas. “Qual o profissional que estamos formando? É o competente que fica só repetindo os reflexos ou o que pensa sobre o que faz? Porque senão, ele não fica no mercado. Ele chega e executa muito bem, mas qual a capacidade dele de pensar sobre o que ele está fazendo, tanto do ponto de vista pessoal quanto do coletivo?”, questiona, acrescentando que os professores são chamados a desenvolverem suas competências docentes, agregando-as à formação técnica de outras profissões ou áreas do conhecimento – como é comum nas faculdades e universidades.

“Todas as profissões são importantes para o desenvolvimento humano. Não há como pensar as competências dos estudantes sem pensar nas nossas, nessa comunhão com eles. Pensar a relação pedagógica nesse contexto. Eles são jovens, independente da idade, e estão buscando se inserir no mercado de trabalho. Faz parte da nossa responsabilidade ter claro isso no nosso projeto pedagógico: não só quem ensina ensina alguma coisa a alguém, mas ter claro por quê e para quê ensinar”, exorta Maria José.

Ana Cláudia acrescenta que os profissionais técnicos que ingressam no ensino superior devem ter uma uma visão mais aprofundada do ofício, a partir de algumas bases necessárias. “É pensar os conceitos de aprendizagem, de competências e entender, sobretudo, como é que os estudantes aprendem, como é que o cérebro aprende, quais são as melhores metodologias e estratégias para que a gente alcance essa aprendizagem. Ela é alcançada a partir do momento que se pensa, quando a gente faz o aluno pensar, aí sim, de certo modo o nosso objetivo foi alcançado.

Para o pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da Unit, Ronaldo Linhares, a formação continuada de professores é uma das principais ferramentas para o enfrentamento dos atuais desafios da educação na sociedade contemporânea. “A gente precisa preparar cada vez melhor os nossos professores para essas novas angústias que a sociedade contemporânea tem nos trazido. Até porque continuamos achando que o papel e o profissional são fundamentais, mas sem o professor, a gente não avança. Nem a universidade, nem a escola e nem a educação avançam, e por isso precisamos ter o professor cada vez mais preparado”, afirma.

Fonte: Asscom Unit

 

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