Veja a importância do acesso ao SUS e à educação para comunidade trans

O Dia da Visibilidade Travesti e Transexual é comemorado nesta quarta-feira (29/1). A data, que existe há 21 anos, tem como pautas, desde a sua criação, o reconhecimento e respeito a essa comunidade. A luta por igualdade e dignidade continua longe do fim, uma vez que o Brasil segue, há 17 anos, como o país que mais mata pessoas trans em todo o mundo.

Para a psicóloga psicodramatista e mulher trans travesti Franchesca Aurora Weiss, um dos motivos importantes para existir uma data como essa é lembrarmos que pessoas trans existem e merecem respeito.

“A impressão que dá é que muito se fala sobre pessoas trans, mas de forma velada, com medo, de forma sigilosa. Porém, precisamos ultrapassar essa impressão, pois estamos aqui, sempre estivemos, e continuaremos a existir”, aponta.

Outra forma de se colocar a favor da comunidade é assegurar uma agenda que batalhe por vidas dignas e existências plenas. Para isso, o acesso à saúde e à educação são pilares fundamentais.

A deputada federal Erika Hilton (PSol-SP), primeira mulher trans a ser eleita deputada federal por São Paulo, afirma que, com essa efeméride, a missão é trazer luz a essas questões na esfera pública.

“É sobre termos o direito de existir em nossos próprios termos e no pleno exercício dos nossos direitos. Queremos que cada pessoa trans desse país tenha as mesmas oportunidades que qualquer outra, que a nossa vida não valha menos ou mais do que a de ninguém, que possamos viver, amar, envelhecer e sermos quem somos, sem sofrermos ataques, discriminação ou qualquer forma de violência por isso”, destaca.

A deputada federal Erika Hilton, do PSol de São Paulo, no plenário da Câmara
A deputada federal Erika Hilton, do PSol de São Paulo, no plenário da Câmara.  Ela foi a primeira mulher trans a ser eleita deputada federal por SP

SUS é direito básico

Uma das metas da parlamentar é assegurar que o SUS esteja presente e ativo para pessoas que desejam fazer a transição de gênero. “O SUS já teve alguns avanços, ainda que insuficientes e geograficamente desiguais, para abarcar as nossas existências por meio de unidades de referência, protocolos de atendimento, tecnologias e procedimentos necessários para podermos viver como somos”, diz.

Ainda assim, a deputada destaca que é preciso avançar mais, nos mais diversos sentidos e direções, tomando como exemplo o que vem dando certo, bem como as necessidades reais da população.

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A data é voltada para a conscientização

Uma das maiores pautas ainda são questões básicas que pessoas cisgêneras não debatem
Ser transexual ou travesti em território brasileiro é sobreviver em meio à incerteza de conseguir voltar para casa
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O Dia da Visibilidade Travesti e Transexual é comemorado nesta quarta-feira (29/1)

Joel Rodrigues/Agência Brasília

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A data é voltada para a conscientização

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Uma das maiores pautas ainda são questões básicas que pessoas cisgêneras não debatem

Reprodução/Sinpsi-SP

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Ser transexual ou travesti em território brasileiro é sobreviver em meio à incerteza de conseguir voltar para casa

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Educação é outra esfera fundamental

De acordo com a Transmídia, atualmente 19 universidades públicas oferecem cotas trans. Para Erika, apesar de hoje haver um movimento antiacadêmico no Brasil, que prega que o diploma universitário já não é garantia de estabilidade financeira e qualidade de vida, as estatísticas provam que o acesso à universidade é essencial para a mobilidade social.

“Para uma pessoa trans, ele pode significar um trabalho especializado e a oportunidade de expandir seus rumos e futuros para além da marginalidade, da prostituição ou do subemprego”, destaca.

A deputada enfatiza que as consequências disso seriam da redução de desigualdades até o aumento da expectativa de vida da população trans.

Na visão da psicóloga Franchesca Aurora Weiss, uma das maiores pautas ainda são questões básicas que pessoas cisgêneras não necessitam debater, “como educação acolhedora e adequada, pois escolas, faculdades e ambientes de ensino, no geral, são extremamente transfóbicos e violentos”, exemplifica.

Franchesca destaca, ainda, que grande parte das pessoas não busca e não quer se preparar e se educar para respeitar pessoas trans. “Sem falar das oportunidades de emprego formal para nós, pessoas trans, que ainda somos empurradas para a prostituição e o tráfico, reforçando ainda mais estigmas sobre nossas existências”, reforça.

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