Fiéis eram convencidos por pastores a pagar para ter bênçãos liberadas

A Operação Falso Profeta, deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) na manhã desta quinta-feira (30/1), revelou um esquema milionário de estelionato que explorava a fé de milhares de fiéis evangélicos. O grupo criminoso, composto por pastores, influenciadores e supostos investidores, convencia seguidores a pagar para receber bênçãos financeiras e falsas fortunas.

O golpe utilizava um discurso religioso para manipular vítimas, prometendo que a prosperidade viria apenas para aqueles que “plantassem uma semente”, ou seja, fizessem depósitos em dinheiro. A investigação já identificou mais de 50 mil vítimas e um montante de R$ 160 milhões movimentados desde 2019.

Líderes religiosos envolvidos na fraude pregavam que Deus havia escolhido algumas pessoas para receber fortunas, mas para isso era necessário demonstrar fé por meio de doações. O dinheiro seria, supostamente, um “investimento espiritual”, garantindo a liberação de valores astronômicos no futuro.

Exemplos de promessas feitas aos fiéis:

  • Depósito de R$ 100 para receber 500 centilhões de euros
  • Doação de R$ 5 mil para garantir 250 milhões de centilhões de euros

A promessa era sustentada por um discurso baseado na teoria conspiratória “Nesara Gesara”, que prega uma futura redistribuição de riquezas. Os criminosos se apresentavam como escolhidos para intermediar essa bênção.

Estrutura religiosa para enganar fiéis

As investigações apontam que diversos pastores e líderes religiosos faziam parte do esquema, pregando dentro das igrejas e em transmissões ao vivo que os depósitos financeiros seriam uma prova de fé. Entre os nomes citados está Beatriz Abdalla, autointitulada pastora e também conhecida como “Miss DF”, que teria movimentado R$ 5 milhões apenas entre 2022 e 2024 vendendo esses “investimentos espirituais”.

A Operação Falso Profeta identificou 800 contas bancárias suspeitas e 40 empresas fantasmas, usadas para lavar o dinheiro arrecadado. Já foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de redes sociais e contas bancárias dos investigados.

Até agora, quatro pessoas foram presas e condenadas por estelionato, mas o grupo continuava aplicando os golpes. Os suspeitos poderão responder por estelionato, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

 

Adicionar aos favoritos o Link permanente.