Ministério da Saúde adota novo procedimento de vacinação contra HPV

 

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, usou as redes sociais, na noite dessa segunda-feira (1º), para anunciar que a vacina contra o papilomavírus (HPV), eficaz para evitar o câncer do colo de útero, vai passar a ser ofertada em dose única para o público-alvo: as meninas e meninos de 9 a 14 anos. Segundo nota técnica da pasta, a nova estratégia vai substituir as duas aplicações do esquema em vigor até então e teve como base evidências científicas atualizadas de que a população vacinada estará protegida contra o vírus.

Neste ano, a oferta gratuita da vacina pelo Sistema Único de Saúde (SUS) completa dez anos, mas a adesão foi alta apenas no primeiro ano de vacinação por causa de ataques e fake news. No ano passado, foram aplicadas mais de 6,1 milhões de doses da vacina contra o vírus, número que, segundo o ministério, é o maior desde 2018 (5,1 milhões) e representa um aumento de 42% em relação a 2022 (4 milhões).

“Agora, temos mais vacinas para proteger a nossa população contra os riscos causados por esse vírus. Usar apenas uma dose de vacina foi uma decisão baseada em estudos científicos, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS)”, afirmou Nísia.

Estudos realizados nos últimos dez anos na Costa Rica, Índia, Quênia e Tanzânia mostraram que a eficácia com apenas uma dose ficou entre 82,1% e 97,5%.

O ministério informou que 37 países já adotam a dose única e a meta da pasta é aumentar a cobertura vacinal contra a infecção, que também é responsável por tumores de boca, garganta, vagina, pênis e ânus.

Ainda de acordo com a nota técnica, estados e municípios devem fazer a busca ativa para imunizar jovens de até 19 anos que não receberam a vacina dentro da faixa etária preconizada.

“O Brasil aderiu à estratégia mundial para eliminação do câncer de colo de útero e a ideia é, com uma dose, ter um número maior de pessoas vacinadas”, explicou Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Ela alertou, no entanto, que a cobertura vacinal precisa ser alta e outras ações devem ser adotadas para que a medida tenha êxito. “É uma estratégia que não engloba só vacinação. É preciso ter 90% das meninas até 15 anos vacinadas, 70% das mulheres em vigilância por rastreamento mais eficaz, como o teste molecular que foi incorporado no Brasil, e 90% das mulheres diagnosticadas têm de ser devidamente tratadas”.

Novo teste para HPV

No mês passado, um teste mais preciso para detecção do HPV foi incorporado ao SUS. A tecnologia permite o rastreamento do vírus de forma precoce, com até dez anos de antecedência, permitindo que pacientes recebam o acompanhamento e tratamentos adequados para evitar quadros mais graves.

O exame é baseado em DNA e utiliza uma análise de biologia molecular por PCR (reação em cadeia de polimerase) para detectar, de forma automatizada, a infecção pelo vírus, e também aponta o risco de evolução para câncer em pacientes com útero.

HPV e câncer

Causado pela infecção por via sexual por tipos de HPV com potencial de desencadear células tumorais, o câncer do colo de útero, também chamado de câncer cervical, é o terceiro mais comum entre mulheres. Também é o quarto tipo de tumor que mais mata pessoas com útero, principalmente as que vivem em situação de vulnerabilidade social, negras e com baixos níveis de escolaridade. Em pacientes que vivem com o HIV, a possibilidade de desenvolver tumores é até cinco vezes maior.

Em todo o mundo, são registrados cerca de 570 mil novos casos e 311 mil mortes por ano. No Brasil, a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) é de que 17 mil diagnósticos são feitos todos os anos e são contabilizadas aproximadamente 7 mil mortes.

Vacinação contra HPV

Além dos exames periódicos, a principal forma de prevenir as infecções pelo vírus é por meio da vacinação. No SUS, as doses estão disponíveis gratuitamente para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos de idade, pacientes oncológicos, vítimas de violência sexual de 9 a 45 anos de idade e pessoas imunossuprimidas, como quem vive com HIV ou Aids, e transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea.

A vacina quadrivalente oferecida na rede pública protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18, relacionados com episódios de verrugas genitais e lesões malignas. Na rede privada, uma versão nonavalente está disponível em clínicas brasileiras desde o ano passado.

Fonte: VEJA

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