Plano para Jd. Pantanal tem vaivém da prefeitura em meio a drama local

São Paulo — O Jardim Pantanal completa, nesta quarta-feira (5/2), cinco dias com as ruas alagadas. Desde a última sexta-feira (31/1), quando uma forte chuva atingiu o bairro, na zona leste da cidade, os moradores acumulam prejuízos e têm improvisado barcos para se locomover de um ponto a outro da região.

Em meio ao caos, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) apresentou pelo menos três versões sobre como pretende solucionar o problema das enchentes no bairro de forma definitiva, e caiu em contradição ao divulgar estudos preliminares sobre a área.

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Moradores do Jd. Pantanal se ajudando

Moradores distribuem água e colchões para vítimas mais afetadas pela chuva
Água, roupas, itens de higiene entre outros são pedidos para doação
Moradores relatam terem perdido casas e objetos nos alagamentos
Moradores da região ajudam vítimas mais afetadas pelas enchentes
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Homem afunda em córrego ao tentar atravessar ponte encoberta pela água nas proximidades da Rua Beira-Rio, no Jardim Pantanal, zona leste de São Paulo

William Cardoso / Metrópoles

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Moradores do Jd. Pantanal se ajudando

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Moradores distribuem água e colchões para vítimas mais afetadas pela chuva

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Água, roupas, itens de higiene entre outros são pedidos para doação

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Moradores relatam terem perdido casas e objetos nos alagamentos

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Moradores da região ajudam vítimas mais afetadas pelas enchentes

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Moradores do Jd. Pantanal se ajudam

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Jardim Pantanal é atingido por fortes chuvas há três dias

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Moradores relatam a presença de cobras e ratos em enchete no Jd. Pantanal

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Moradores do bairro se ajudam em situação de alagamentos

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Jardim Pantanal na zona leste de SP sofre com alagamentos

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Moradores relatam presença de cobras e ratos em meio a enchete no Jd. Pantanal

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Moradores estão disponibilizando colchões para afetados pelos alagamentos

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No sábado, primeiro dia de alagamento, a prefeitura divulgou uma nota dizendo que estava finalizando a construção de um pôlder na região, prometido para 2023, e ressaltou um projeto para regularizar os imóveis de 4 mil famílias no bairro. “Destas, 900 recebem o título de regularização ainda neste ano”, dizia a nota.

No mesmo dia, no entanto, Nunes visitou o Pantanal e fez um discurso mais duro sobre o enfrentamento da enchente, defendendo a remoção das famílias da região.

“Tem uma obra que a gente estava orçando, para a gente fazer um dique, mas fica mais de R$ 1 bilhão. Veja, uma obra que vai custar R$ 1 bilhão não vale a pena. Não vale a pena. Vai ficar muito caro. Se você pegar o número de casas que tem lá e dividir por um R$ 1 bilhão, acho que é mais fácil tirar as pessoas. Aquelas pessoas vão ter que sair dali, não tem jeito. Vai ser isso. Está abaixo do nível do rio. É muito complicado”, afirmou o prefeito.

A mudança no discurso gerou críticas da população do local, que cobrou o emedebista.

“Prefeito, não queremos remoção, queremos solução. Minha filha trabalha há 12 anos no Brás, vendendo café, lanches e sucos. Foi com o dinheiro suado das vendas que ela comprou uma casa e o senhor quer nos remover. Nunca”, disse a ambulante Netinha Batista, ao Metrópoles.

Nessa segunda (3/2), Nunes falou que estudava oferecer ajuda financeira de até R$ 50 mil para que famílias deixem a região.

“A princípio, pela dimensão e a localização, são 30 anos de problemas, não vejo outra situação a não ser tentar convencer as pessoas a sair de lá. Porque toda vez que chover, vai acontecer isso. Estamos pensando em outras ideias, ainda não está fechado, de repente fazer uma ajuda financeira de R$ 20 mil a R$ 50 mil, dependendo da casa, para a pessoa sair de lá”, afirmou durante uma agenda na zona sul da cidade.

No dia seguinte, cobrada pela imprensa sobre qual seria o valor total para retirar as famílias do bairro, a prefeitura divulgou uma estimativa do orçamento do projeto. O valor, no entanto, custaria quase o dobro da obra do dique mencionada por Nunes: R$ 1,9 bilhão.

No comunicado, a gestão disse que outras duas alternativas para o local são estudadas. As opções, envolvendo obras de macrodrenagem, com remoção de algumas famílias, custariam aproximadamente R$ 1 bilhão cada.

Em entrevista a jornalistas, nessa terça (4/2), o prefeito disse que nenhuma ação estava decidida ainda. “A gente vai ter que entender o que efetivamente está acontecendo. Não vamos conseguir fazer nenhuma ação efetiva até março. Nenhuma decisão hoje vai ser possível de resolver o problema. O foco hoje é nas pessoas”, afirmou o emedebista.

Ao lado de Nunes, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) também evitou dar prazos para resolver os problemas na área. “Existe uma complexidade, vamos tentar construir a melhor solução de engenharia com todo senso de urgência que é necessário (…). Qual é o prazo? Eu não sei”, disse Tarcísio.

Enquanto a solução para o tema não chega, moradores da região seguem improvisando alternativas para enfrentar os alagamentos no bairro.

Nessa segunda-feira, a reportagem do Metrópoles encontrou pessoas carregando doações de água e comida em colchões infláveis, enquanto enfrentavam a água suja nas ruas do bairro. Em vários pontos a população caminhava com a água acima dos joelhos, se arriscando em trechos onde não era possível entender onde terminava o rio e começava a rua.

Em determinado momento, o Metrópoles viu uma pessoa escorregando de uma ponte, já completamente encoberta pela água, e caindo em um córrego. O rapaz precisou sair do local nadando e ficou bem.

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