Vídeos denunciam uso de furadeiras caseiras para cirurgias em hospital

São Paulo — Vídeos gravados por funcionários do Hospital Nossa Senhora do Pari, no Canindé, no centro de São Paulo, denunciam o uso de furadeiras domésticas no centro cirúrgico, que é referência em ortopedia e traumatologia pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, as imagens as quais o Metrópoles teve acesso mostram infiltrações no teto e nas paredes do local.

Assista:

O uso de furadeiras domésticas em cirurgias é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo o órgão, existem diferenças fundamentais entre o equipamento doméstico e cirúrgico que afetam diretamente a segurança do paciente. Os cirúrgicos, por exemplo, são preparados para esterilização e possuem recomendações específicas do fabricante para isso.

Nos vídeos, é possível ver um funcionário limpando a furadeira com detergente. Há três furadeiras do tipo visíveis na bancada.

Em outra gravação (veja abaixo), um dos funcionários expõe que um dos equipamentos está com um fio desencapado. O risco elétrico é outro ponto levantado pela Anvisa em relação ao uso de furadeiras caseiras. As específicas para uso hospitalar possuem mecanismos de segurança que previnem choque elétrico e superaquecimento dos ossos e tecidos, além de controle de rotação.

Um terceiro vídeo expõe infiltrações no centro cirúrgico do hospital. É possível ver baldes e uma roupa hospitalar sendo usados para conter a água de goteiras. No caso mais extremo, no corredor do local, há dois baldes e três lixeiras.

Veja:

O que dizem os envolvidos

Procurado pelo Metrópoles, o Hospital Nossa Senhora do Pari afirmou que está “discutindo o assunto com nosso departamento jurídico”.  “Em breve nos manifestaremos publicamente”, diz a nota.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que o Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do Estado de São Paulo realiza, nesta quinta-feira (6/2), uma inspeção no Hospital Nossa Senhora do Pari, “após as recentes denúncias sobre a unidade”. A fiscalização é conduzida “com o objetivo de apurar e investigar possíveis irregularidades”, de acordo com o comunicado.

A reportagem procurou a Prefeitura de São Paulo, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) para mais informações, e aguarda retorno.

O caso foi inicialmente revelado pela TV Globo, que confirmou com um funcionário do hospital que a unidade usa as furadeiras em todos os procedimentos que exigem perfuração óssea.

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