Chip da Neuralink funciona há 1 ano no cérebro humano; confira próximas etapas

Há um ano, o paciente Noland Arbaugh usa diariamente o chip cerebral da Neuralink, empresa de neurotecnologia fundada pelo bilionário Elon Musk. De lá para cá, a vida do primeiro voluntário mudou radicalmente com as pouco mais de 6h de uso diário da interface cérebro-computador. Como tetraplégico, ele tinha quase nenhuma autonomia antes do experimento e, neste ano, as suas habilidades podem se transformar ainda mais, no que depender dos cientistas envolvidos. A ideia é viabilizar o uso de braços robóticos e criar uma voz do zero, dependendo da limitação do usuário.   

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Os próximos passos da Neuralink devem transformar como a tecnologia envolvendo o chip cerebral e o controle de um cursor de mouse com o “poder da mente” são encarados, apesar da comunidade científica ainda ter críticas sobre o quão invasiva é a cirurgia do implante cerebral. Inclusive, um dos aparelhos chegou a dar problema, mas foi corrigido.  

 

Outras inúmeras questões burocráticas podem comprometer o desenvolvimento da tecnologia de Elon Musk, mas, em um ano de testes com humanos (ou seja, os testes clínicos), três pessoas já convivem aparentemente muito bem com o dispositivo. A ideia desta etapa de pesquisa é justamente demonstrar que viver com a tecnologia é algo seguro.


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Pacientes que vivem com chip de Musk

Para entender este primeiro ano em que o chip cerebral foi usado na prática, vale recordar quais voluntários foram recrutados para a pesquisa:

  • Noland e Alex: ambos sofreram um acidente, lesionaram gravemente a medula espinhal e, por isso, não conseguem controlar os membro;
  • Brad: o terceiro paciente da Neuralink foi selecionado por enfrentar esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença degenerativa que compromete o sistema nervoso. Ele é incapaz de falar ou mover voluntariamente qualquer parte do corpo.

Juntos, os três pacientes com um chip de Musk convivem com a tecnologia há mais de 670 dias e usaram o “poder da mente” por aproximadamente 4,9 mil horas (mais de 290 mil minutos). O tempo total envolve tanto as sessões de pesquisa quanto o período que usam o implante cerebral em períodos de lazer, como jogar videogame.

Como a vida mudou com a Neuralink

“[O chip cerebral] ajudou a me reconectar com o mundo, meus amigos e minha família”, conta o primeiro paciente, Noland, em post no blog da Neuralink. “[A tecnologia] me deu a habilidade de fazer as coisas por conta própria novamente, sem precisar da minha família em todas as horas do dia e da noite”, acrescenta.

Chip cerebral desenvolvido pela Neuralink, usado em pacientes com problemas de mobilidade
Primeiro paciente já vive há um ano com chip cerebral da Neuralink, empresa que desenvolve implantes para o cérebro do bilionário Elon Musk (Imagem de: Divulgação/Neuralink)

Aqui, vale destacar que, por causa do acidente que causou a tetraplegia, Noland não conseguiu concluir os estudos na faculdade e precisou voltar a morar na casa dos pais, onde demandava auxílio em todos os momentos do dia. Para se distrair, usava um tablet e o controlava com uma caneta “presa” na boca, como se fosse um bastão.

Após um ano do início da pesquisa com o dispositivo, “estou tentando voltar para os estudos. Também estou pensando em tentar encontrar trabalho”, comenta o paciente.

Dá para controlar braço robótico?

Para cada voluntário, os cientistas da Neuralink tentam desenvolver tecnologias e melhorias específicas, explorando todas as potencialidades do chip cerebral. No caso do paciente Alex, ele vai integrar um segundo estudo clínico, no qual irá descobrir se consegue controlar um braço robótico (totalmente externo) com o “poder da mente”. Se funcionar, um robô-suporte poderia ajudar ele a se vestir, por exemplo.

Na verdade, se for viável controlar o equipamento, Alex poderá comandar qualquer outro dispositivo com a mente, facilitando a hora das refeições e aumentando o seu nível de interação com o mundo. No futuro, poderá até controlar um exoesqueleto ou um robô humanoide da Tesla. Os limites da tecnologia serão observados no estudo apelidado de CONVOY.

Voz com chip do Elon Musk?

Nas circunstâncias de Brad, os limites do chip cerebral serão testados em outra direção. Por causa da esclerose, ele perdeu a voz e se comunica quando digita, com a mente, no teclado de seu computador pessoal. Para entender, a condição é a mesma que o físico britânico e pensador Stephen Hawking enfrentou durante a sua vida. 

Para facilitar a comunicação de Brad, os cientistas da Neuralink desenvolvem um novo sistema de comunicação do zero, combinando modelos de linguagem e novas estratégias de decodificação neural. “Nosso objetivo é permitir que ele se envolva em conversas em um ritmo de fala mais natural“, afirma o comunicado.

Mais testes com interface cérebro-computador

Os planos da empresa de Elon Musk são mais do que ambiciosos para o ano de 2025, já que envolve experimentos com braços robóticos e formas de devolver a voz para os pacientes. Em paralelo a isso, a empresa continuará a recrutar mais pacientes para testar o chip cerebral, que não tem previsão de quando chegará ao mercado. Apesar dos desafios, a equipe segue confiante na tecnologia e aposta que, em alguns anos, milhões de pessoas estarão usando o dispositivo.

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