Após crises do pix e da validade, comida torna Lula alvo da oposição

O governo federal tem se esforçado para reverter o crescimento da rejeição à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entre outras medidas, a estratégia coordenada pelo ministro Sidônio Palmeira, da Secretaria de Comunicação, aposta em um maior número de entrevistas e discursos do chefe do Executivo. Falas recentes de Lula, entretanto, estão rendendo críticas e criando novas crises que podem respingar na popularidade do governo.

Em entrevista na manhã dessa quinta-feira (6/2), o chefe do Planalto deu uma declaração que repercutiu mal e foi interpretada como mais uma “bola fora”. Ao tratar da alta dos preços dos alimentos, Lula sugeriu que os brasileiros não comprem itens caros. O objetivo, segundo ele, seria forçar que os preços baixassem.


Comida mais cara

  • A inflação tem castigado os brasileiros ao elevar os preços dos alimentos que chegam às mesas. A principal explicação, segundo o governo, está nos fenômenos climáticos extremos.
  • A principal aposta do governo para reverter a situação é a “supersafra” agrícola prevista para este ano. O Executivo tem descartado medidas consideradas heterodoxas, como o tabelamento de preços.
  • A alta no preço dos alimentos preocupa o governo federal. A cúpula do Executivo vê reflexos na popularidade.

“Se você vai ao supermercado e você desconfia que tal produto está caro, você não compra. Olha, se todo mundo tiver essa consciência e não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai ter que abaixar [o preço] para vender, porque senão vai estragar”, afirmou o presidente em entrevista às rádios Metrópole e Sociedade, da Bahia.

A fala está rendendo críticas da oposição. O senador Ciro Nogueira (PP-PI), por exemplo, rebateu Lula e criticou a falta de cortes de “gastos nos ministérios, colocar gente competente nas estatais ou gerir melhor a economia”. “Para o governo, basta que os brasileiros parem de comer, beber e se deslocar que os preços caem”, ironizou o senador nas redes sociais.

O vídeo da declaração de Lula ainda foi compartilhado e ironizado nas redes sociais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A deputada federal Carol De Toni (PL-SC) também criticou Lula e afirmou que ele “resolveu jogar a culpa da inflação no próprio povo”.

O caso se soma a outras crises que envolvem enxurradas de críticas nas redes sociais por ações ligadas ao governo federal. Recentemente, a repercussão negativa de uma norma da Receita Federal que atualizava as regras sobre o monitoramento de transações financeiras — o que incluia as movimentações via Pix — levou o governo a revogar a medida. O saldo para a oposição, entretanto, foi positivo.

Outra onda de críticas se deveu à ideia de mudar o formato da data de validade de alimentos. A sugestão, contudo, nem partiu propriamente do governo, mas sim do setor de supermercados. De qualquer forma, o assunto foi amplamente explorado pela oposição, que vem ganhando a batalha nas redes.

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Sidônio Palmeira

Governo Lula tenta medidas para baratear alimentos
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Lula dando entrevista

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Mais exposição

No cargo há menos de um mês, o ministro Sidônio Palmeira tem buscado estratégias para reverter a tendência de queda na aprovação de Lula.

Recentemente, pesquisa Quaest mostrou que, pela primeira vez, a reprovação superou, numericamente, a aprovação do atual mandato de Lula. O levantamento aponta que 49% dos eleitores reprovam o trabalho do presidente, enquanto outros 47% aprovam.

Lula retomou as viagens nessa quinta-feira (6/2), ao comparecer ao evento de reabertura da emergência do Hospital Federal de Bonsucesso. O presidente estava afastado desse tipo de compromisso desde que sofreu um acidente doméstico no Palácio da Alvorada. Em dezembro do ano passado, Lula precisou passar por cirurgia na cabeça para conter um sangramento no cérebro.

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