Dólar dispara e Bolsa derrete com novas ameaças de tarifas de Trump

O dólar fechou em forte alta nesta sexta-feira (7/2). A moeda americana registrou elevação de 0,51% frente ao real, cotada a R$ 5,79. Isso depois de ter atingido R$ 5,80 na máxima do dia. A Bolsa brasileira (B3), por outro lado, derreteu. Por volta das 17 horas, o Ibovespa, o principal índice da B3, anotava queda de 1,37%, aos 124.499 pontos.

Na avaliação de analistas, boa parte dos dois movimentos (alta do dólar e queda da Bolsa) está relacionada à promessa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de divulgar “tarifas recíprocas” na próxima semana contra diversos países. O anúncio recrudesceu o temor de uma nova escalada da guerra comercial já anunciada pelo republicano.

A nova ameaça de Trump foi feita nesta sexta-feira (7/2), durante coletiva de imprensa, ao lado do primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, que está em Washington. Trump já fixou novas tarifas contra a China, que respondeu com uma taxação adicional contra produtos americanos, além do México e Canadá, que conseguiram postergar a aplicação das medidas.

Além disso, Trump já havia citado outros alvos como o Reino Unido e a União Europeia (UE). Os europeus retrucaram dizendo que, em represália, aumentarão as tarifas contra as gigantes de tecnologia americanas, as “big techs”.

Tarifas recíprocas

Trump alimenta a implementação de tarifas recíprocas desde a campanha presidencial. No caso, ele prometeu aprovar uma legislação que imponha um imposto proporcional – recíproco, portanto – contra os países que taxam produtos americanos.

As investidas de Trump têm priorizado países com os quais os EUA registram déficit comercial elevado. A renegociação das tarifas seria uma forma de conseguir um “acordo justo” para os americanos.

Impacto nas Bolsas

Como resultado da nova manifestação de Trump, no início da tarde o índice Dow Jones recuava 0,53% e o S&P 500, 0,55%. O Nasdaq, que concentra empresas de tecnologia, registrava baixa de 0,94%. No caso do Ibovespa, às 17 horas, a queda era de 1,37%.

Emprego nos EUA

Na avaliação de João Vitor Saccardo, responsável pela mesa de renda variável da corretora Convexa, a Bolsa brasileira também foi negativamente afetada pela divulgação de dados do relatório mensal de empregos nos Estados Unidos, conhecido como payroll, anunciados pelo Departamento do Trabalho americano.

Os números mostraram a abertura de 143 mil postos de trabalho em janeiro, sem contar com o setor agrícola, ante uma previsão de 170 mil feita pelo mercado. Houve, porém, uma revisão para cima do payroll de dezembro, que passou de 256 mil para 307 mil empregos criados.

Juros americanos

“Essa correção de dezembro, foi interpretada como um sinal de que a economia americana continua aquecida”, diz Saccardo. Com isso, observa o analista, sustenta-se a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) possa manter os juros elevados por mais tempo no país.

Com as taxas altas, cresce o interesse dos investidores por títulos da dívida americana, os Treasures, que apresentaram valorização nesta sexta. Em contrapartida, ativos de risco, como as ações negociadas em Bolsas – em especial nos países emergentes –, tornam-se menos atrativos.

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