Deportados por Trump relatam emoção e alívio ao desembarcarem em BH

De joelhos e com lágrimas nos olhos, o corretor César Diego beijou o chão assim que deixou o posto de acolhimento provisório montado no Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte, na noite desta sexta-feira (7/2).

Natural de Goiás, ele se entregou às autoridades norte-americanas assim que chegou aos Estados Unidos, em 1° de outubro de 2024. Agora, diz que pretende recomeçar a vida no Brasil. “Estou muito emocionado. Eu não saio do Brasil mais (…). Não aconselho ninguém mais a fazer isso”, afirmou.

Segundo César, ele e outros 110 deportados ficaram mais de 24 horas acorrentados e algemados, sem comida e sem água até chegar em Fortaleza. Lá, foram recebidos pelas autoridades brasileiras como repatriados, segundo a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo.

“Nenhuma mulher, nenhuma criança veio algemada neste voo. Isso já é um avanço nas nossas negociações”, disse a ministra.

Assim que desembarcaram, os deportados receberam lanche e kit de higiene pessoal. “Fizemos questão de trazer esta broa, o pão de queijo, porque quando a gente fala de Minas, a gente lembra do biscoito de queijo, do pão de queijo, da broa. Então, é um abraço, é um carinho”, afirmou Dinorá Carla, vice-presidente do Serviço Social Autônomo de MG.

Pai de trigêmeos, o mecânico Maicon Moura Santos, natural de Rondônia, foi para os Estados Unidos depois que os filhos, hoje de três anos, nasceram prematuros, e ele acabou se endividando para cuidar das crianças. “É o que faz a maioria de nós, brasileiros. Sair do Brasil é o atrativo de U$S 20, U$S 30 por hora. Em um dia, você pode ganhar um mês. É o que motiva todo brasileiro a sair do Brasil”, afirmou.

Aliviado, o mecânico, que ficou três meses preso nos EUA, não sabe como vai voltar para a casa, mas está cheio de expectativas para reencontrar a família. “Meus filhos estão loucos pra me ver”. Por enquanto, a estadia de Maicon e de outros brasileiros que não são de Belo Horizonte será em um hotel, na região de Venda Nova (MG), paga pelo governo de Minas e pelo Sesc-MG.

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