Esposa de motorista morto pede justiça: “Acabou com minha família”

“Eu queria pedir justiça, gente. Justiça. Aquele homem destruiu a minha família”. O desabafo é de Elaine de Cassia Ferreira Gomes, 58 anos, esposa do motorista de transporte escolar Adriano de Jesus Gomes, 50 anos, assassinado pelo vizinho dele, Francisco Evaldo de Moura, na quinta-feira última (6/2).

O crime, segundo testemunhas, foi motivado por uma vaga de estacionamento em uma área pública localizada na quadra 408 de Samambaia Norte, no Distrito Federal.


O que aconteceu

  • Na manhã de quinta (6/2), Francisco Evaldo de Moura discutiu com o motorista Adriano de Jesus Gomes e o filho da vítima, Gabriel Ferreira, 20.
  • Francisco teria ido à casa de Adriano e iniciado discussão após ver o carro de Gabriel estacionado em área pública. Moradores da quadra relataram que Francisco acreditava ser dono desse espaço.
  • Câmeras registraram o momento da discussão entre os três envolvidos, bem como o tiroteio. Francisco sacou uma arma da cintura e disparou ao menos quatro vezes contra Adriano e Gabriel.
  • Adriano, conhecido como Tio Adriano por causa do trabalho como motorista de ônibus escolar, foi atingido no pescoço e no tórax. Ele não resistiu. Gabriel não foi ferido.
  • Após matar o vizinho, Francisco fugiu em um Chevrolet Ônix prata.

Emocionada, Elaine não conseguiu conter as lágrimas ao falar do marido. Em entrevista ao Metrópoles, a artesã disse não saber como seguir a vida sem o companheiro.

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"Ele sempre esteve ao meu lado e ao lado dos meus filhos"

"É como se tivesse um buraco dentro de mim. Eu não durmo durante a noite porque eu sinto muito a falta dele [Adriano]"
"Eles [familiares] têm me obrigado [a ingerir algo] para que eu permaneça em pé"
à direita, Gabriel Ferreira Gomes, 20 anos, que também foi alvo dos disparos do empresário, descreveu o pai como seu herói pessoal
O jovem, que não ficou ferido, contou que apesar de toda a tristeza tem se mantido forte para cuidar da família
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“Eu não sei como vou viver sem aquele homem”, lamenta Elaine, esposa de Adriano

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“Ele sempre esteve ao meu lado e ao lado dos meus filhos”

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“É como se tivesse um buraco dentro de mim. Eu não durmo durante a noite porque eu sinto muito a falta dele [Adriano]”

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“Eles [familiares] têm me obrigado [a ingerir algo] para que eu permaneça em pé”

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à direita, Gabriel Ferreira Gomes, 20 anos, que também foi alvo dos disparos do empresário, descreveu o pai como seu herói pessoal

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O jovem, que não ficou ferido, contou que apesar de toda a tristeza tem se mantido forte para cuidar da família

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O o motorista de transporte escolar Adriano de Jesus Gomes, 50 anos

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Adriano foi assassinado pelo vizinho dele, Francisco Evaldo de Moura, na quinta-feira última (6/2)

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Crime foi motivado por uma vaga de estacionamento em uma área pública localizada na quadra 408 de Samambaia Norte

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Emocionada, Elaine não conseguiu conter as lágrimas ao falar do marido

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Família vai lutar por justiça

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“Eu sei que ele [Francisco] terá a justiça de Deus, pois Deus presenciou tudo o que ele fez. Mas eu quero também a justiça dos homens”, diz a esposa de Adriano

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“Eu não sei como vou viver sem aquele homem, que era tudo para mim. Ele sempre esteve ao meu lado e ao lado dos meus filhos. Sempre me ajudou em tudo. Eu sei que ele [Francisco] terá a justiça de Deus, pois Deus presenciou tudo o que ele fez. Mas eu quero também a justiça dos homens, e que ele pague por tudo o que fez com a minha família”, disse a mulher, aos prantos.

“É como se [Francisco] tivesse arrancado um pedaço da gente. É como se tivesse um buraco dentro de mim. Eu não durmo durante a noite porque eu sinto muito a falta dele [Adriano]. Tem dois dias que eu não consigo comer ou dormir. Eles [familiares] têm me obrigado [a ingerir algo] para que eu permaneça em pé”, detalhou.

Abraçado à mãe, Gabriel Ferreira Gomes, 20 anos, que também foi alvo dos disparos do empresário, descreveu o pai como seu herói pessoal. O jovem, que não ficou ferido, contou que apesar de toda a tristeza tem se mantido forte para cuidar da família.

“Estamos com o coração muito apertado. É uma dor que não dá para explicar. Não sabemos como será o futuro, como ficarão as coisas. Meu principal foco agora é ajudar minha mãe”, declarou. “Também tem a questão do medo em si. Nos sentimos acuados, pois familiares dele [Francisco] passam aqui na frente de casa com olhar intimidador para meus familiares. O suspeito a gente já sabe o que foi capaz de fazer, mas não conhecemos a família dele. Estamos assustados com toda a situação”, finalizou.

Segundo Marcos Akaoni, um dos advogados da família — que atua como assistente de acusação no processo movido pelo Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) contra Francisco — o autor passará por audiência de custodia neste domingo (9/2).

“Acreditamos que a prisão [de Francisco] em flagrante será convertida [em preventiva], até para dar uma segurança maior a essa família, que está se sentindo ameaçada e acuada. Todos têm direito a defesa, mas nós vamos lutar para que ele vá ao plenário do Júri e seja condenado a pena máxima por tudo o que fez, com todas as qualificadoras desse crime consumado bárbaro, premeditado e pela tentativa de homicídio do Gabriel”, pontuou.

Brigas constantes

  • Francisco confirmou que havia provocações entre ele e a vítima desde quando se mudou para a casa, há cerca de 15 anos.
  • Pouco antes do crime, o comerciante e o motorista discutiram por causa do local onde Adriano estacionava o ônibus escolar na vizinhança.
  • Questionado sobre o que motivou os disparos, o empresário disse que, na ocasião, foi ameaçado pelo filho da vítima e se sentiu acuado pelos dois.
  • Após os disparos, Francisco voltou para a casa e saiu de carro. “Ele se evadiu do local pela própria segurança”, alegou o advogado Eduardo Vinicius Lopes de Castro.
  • Em uma ocasião anterior, o auto ainda teria brigado com a esposa da vítima enquanto ela lavava a área da própria residência.

Motorista era admirado

Querido por familiares, amigos e vizinhos, o motorista de transporte escolar Adriano de Jesus era admirado pela personalidade que tinha, o “tio” Adriano era estimado pelo talento musical.

Cantor, violinista e guitarrista, o motorista fazia parte da equipe de louvor da Capela Santa Luzia, em Vicente Pires, e da paróquia Imaculada Conceição de Maria, no Setor de Mansões de Taguatinga.

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