“Quatro minutos sendo mordida”, diz mãe de bebê que denunciou creche

São Paulo — A mãe que denunciou a creche onde a filha estuda após a menina ter o rosto machucado disse que a bebê, de seis meses, ficou “quatro minutos sendo mordida”. A escola Associação Beneficente Raios de Sol Brilhante, em Guarulhos, na Grande São Paulo, mostrou à mulher imagens da câmera de segurança, que mostram a criança sendo mordida por outro bebê, durante o momento do descanso.

As duas professoras responsáveis por cuidar dos 12 bebês que dormiam na sala foram “imediatamente demitidas”, informou a creche em nota publicada nas redes sociais.

Mordida por outro bebê

A designer de sobrancelhas Amanda Molina, 27 anos, contou que foi chamada na creche às 13h57 de quarta (5/2), primeiro dia de aula da bebê, com uma mensagem dizendo que “um amiguinho havia mordido o rosto da Lavínia no horário do soninho”.

No Instagram, Amanda Molina compartilhou imagens de como ficou o rosto da pequena Lavínia. Veja:

Ao ver os machucados no rosto da filha, a jovem pediu para ver as imagens do circuito de segurança. Inicialmente, a creche negou, afirmando que o equipamento não estava funcionando por conta das chuvas. Em seguida, Amanda levou a bebê ao médico, que constatou hematomas, escoriações e cinco mordidas.

Após os exames, a mulher registrou um boletim de ocorrência e voltou à creche para ver o que foi captado no circuito de segurança. “Quando eu cheguei lá para ver as imagens da câmera, foi a pior coisa que eu poderia ter visto na minha vida”, disse ao Metrópoles.

Ela conta que as 12 crianças parecem estar dormindo quando um dos bebês engatinha na direção de Lavínia e morde o rosto da menina. “A minha filha fica quatro minutos sendo mordida por essa criança. Nenhuma professora vê”, disse.

Omissão de professoras

Duas professoras estavam na sala quando Lavínia foi mordida, contou a mãe à reportagem. Quando uma das educadoras percebe, ela retira o bebê de cima da menina e dá a ela uma chupeta.

“Ela não pega a minha filha em momento nenhum, não vê que a minha filha está machucada nem nada. A minha filha dorme machucada durante um período de mais ou menos uma hora, minha filha dorme com as bochechas vermelhas machucadas, mordidas”, afirmou.

Segundo Amanda, uma das professoras só percebeu que Lavínia tinha sido mordida após voltar do almoço, depois de mais de uma hora. As imagens do circuito de segurança mostraram à mãe que os machucados ocorreram em torno das 11h42, mas ela só foi avisada às 13h57.

“A minha filha ficou 1h dormindo sem a professora ver se ela estava bem. Minha filha poderia ter engasgado, vomitado, ter sido sufocada por uma criança, e ninguém da escola ia ter visto. Elas só iriam me entregar a minha filha depois de 2h já sem vida”, disse.

Amanda conta que Lavínia está bem, ainda que “um pouco assustada”, e passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) após o registro do boletim de ocorrência. Os machucados teriam arrancado “pedacinhos da pele”, diz a mãe.

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A mãe, Amanda Molina, expôs o caso nas redes sociais.

Amanda levou a filha ao hospital, onde foram constatados hematomas e ao menos cinco mordidas no rosto da menina.
Creche alegou inicialmente que as câmeras de segurança não estavam funcionando, mas desmentiu informação em nota.
Creche Associação Beneficente Raios de Sol Brilhante disse ter demitido duas professoras que seriam responsáveis por cuidar dos bebês durante hora do sono.
Amanda Molina, mãe da criança, registrou boletim de ocorrência.
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Lavínia, de seis meses, foi mordida no rosto durante momento de descanso em creche de Guarulhos.

Reprodução/@_lashmolina

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A mãe, Amanda Molina, expôs o caso nas redes sociais.

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Amanda levou a filha ao hospital, onde foram constatados hematomas e ao menos cinco mordidas no rosto da menina.

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Creche alegou inicialmente que as câmeras de segurança não estavam funcionando, mas desmentiu informação em nota.

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Creche Associação Beneficente Raios de Sol Brilhante disse ter demitido duas professoras que seriam responsáveis por cuidar dos bebês durante hora do sono.

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Amanda Molina, mãe da criança, registrou boletim de ocorrência.

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Creche lamentou o ocorrido e disse prestar apoio à família.

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Responsabilidade da creche

A mãe disse que só teve acesso às imagens que mostram a menina sendo mordida e o momento em que a professora vê os machucados. Ela questiona o que a direção da creche teria feito nesse meio tempo.

“O que a equipe de direção fez que elas não me mostraram? Elas colocaram gelo na minha filha, elas tentaram ocultar, elas tentaram acudir. O que elas fizeram nessa uma hora que elas não poderiam ter me comunicado antes?”, indagou.


Creche se manifestou

  • Na quinta-feira (6/2), a Associação Beneficente Raios de Sol Brilhante afirmou, por meio do Instagram, que demitiu duas professoras envolvidas no caso e que as ações dos colaboradores não condizem “com a prática da educação, zelo e dedicação com todas as crianças de nossa creche”.
  • A instituição lamentou o ocorrido e disse que, no momento em que a gestão tomou conhecimento, prontamente agiu como deveria, comunicando a família e orientando no que fosse preciso.
  • Ainda em nota, a Associação afirmou que as responsáveis pelo caso seriam duas professoras, que estavam na creche há um ano e que “não cumpriram com suas obrigações de educadoras que é zelar, cuidar e proporcionar o bem estar de todos” no momento do ocorrido.
  • Conforme a creche, as profissionais teriam deixado uma sala com 12 crianças dormindo, no momento de descanso, para acompanhar outras turmas. “Queremos salientar que toda uma instituição não pode ser avaliada por duas professoras que não cumpriram com os seus deveres”, afirmou a escola.
  • Segundo a instituição, elas foram demitidas imediatamente. A demissão teria sido comunicada ao Sindicato dos Professores de Guarulhos.
  • Ainda de acordo com a escola, as câmeras da unidade estão em funcionamento, como sempre estiveram, e passam por manutenção periodicamente.

Segunda filha na escola

  • Conforme a Raios de Sol Brilhante afirmou em nota nas redes sociais, esta é a segunda filha de Amanda que estuda na creche.
  • A mais velha, Lívia, passou três anos na instituição sem ocorrer nenhum problema, reforçam as duas partes. Ela só foi transferida porque atingiu a idade limite para a escola.
  • Agora, a designer de sobrancelhas estuda para onde irá transferir a filha caçula.

O Metrópoles procurou o sindicato e a Secretaria Municipal de Educação, responsável pela manutenção da creche, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.

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