Trump diz que anunciará tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio

 

O presidente americano Donald Trump afirmou que vai anunciar formalmente, nesta segunda-feira (10), a aplicação de tarifas de 25% sobre todo aço e alumínio importado pelos Estados Unidos.

O republicano falou com jornalistas a bordo da aeronave presidencial Air Force One, durante viagem à Nova Orleans, segundo informou a Bloomberg. Trump viaja ao sul dos EUA para assistir ao Super Bowl, que acontece na noite deste domingo.

Segundo Trump, as tarifas serão aplicadas às importações de metal de todos os países. Ele não especificou, no entanto, quando as taxas entrariam em vigor.

O Brasil está entre os maiores fornecedores de aço para os EUA, junto com México, Canada e Coreia do Sul. Em 2024, o país exportou um total de 4,08 milhões de toneladas de aço para os EUA, sendo o segundo maior fornecedor, atrás apenas do Canadá, que liderou com 5,95 milhões de toneladas.

O México aparece na sequência (3,19 milhões de toneladas), seguido por Coreia do Sul (1,23 milhão de toneladas) e Japão (1,07 milhão de toneladas), segundo dados do Departamento de Comércio dos Estados Unidos.

O presidente também declarou que anunciará, ainda nesta semana, tarifas em resposta a países que taxam importações dos EUA. Ele afirmou que o anúncio pode ocorrer na terça ou quarta-feira, mas as tarifas não entrarão em vigor no mesmo dia.

As medidas fazem parte de uma série de taxas que vem sendo prometidas por Trump contra países e setores específicos.

A dimensão total dos planos tarifários de Trump ainda não está clara. Ele também mencionou a possibilidade de impor tarifas sobre outros itens, incluindo produtos farmacêuticos, petróleo e semicondutores, e afirmou que está considerando quais taxas irá aplicar para importações da União Europeia.

Na semana passada, Trump impôs uma tarifa de 10% sobre produtos chineses. Pequim, por sua vez, anunciou medidas retaliatórias que entrarão em vigor ainda este mês, mas de forma mais calibrada, atingindo apenas produtos importados dos EUA no valor de US$ 14 bilhões em 2024. Essa abordagem mais cautelosa da China contrasta com o primeiro mandato de Trump, quando as duas maiores economias do mundo protagonizaram um “tarifaço” por anos.

Os mercados estarão atentos para ver se os dois países conseguem chegar a um acordo antes que as tarifas chinesas sobre os EUA entrem em vigor, em 10 de fevereiro. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse a repórteres na semana passada que está negociando uma ligação entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping “muito em breve”.

Recuo na semana passada

Trump tem alternado entre uma postura dura contra Pequim e sinais de que deseja colaborar com Xi Jinping para buscar um comércio mais equilibrado. O presidente dos EUA ordenou a reavaliação do acordo assinado em 2020, conhecido como Fase Um, o que sugere que as negociações tarifárias com a China podem se arrastar.

Além disso, o presidente americano busca a ajuda de Xi para interromper a guerra da Rússia na Ucrânia, e pressiona a China no caso do aplicativo de vídeos TikTok. O objetivo de Trump é que a operação do app nos EUA passe a ser compartilhada com uma empresa americana.

Na últimas semanas, Trump havia prometido impor tarifas contra China, Canadá e México, acusando os países de não fazerem o suficiente para conter o fluxo de drogas ilegais e imigrantes indocumentados nas fronteiras dos EUA.

No entanto, na semana passada, o republicano suspendeu os planos de tarifas de 25% para os dois países da América do Norte — mantendo uma tarifa de 10% sobre a energia do Canadá. A decisão aconteceu após os dois governos assumirem compromissos para atender às preocupações sobre a fronteira. Com isso, as tarifas sobre Canadá e México foram adiadas até 4 de março.

Embora Trump possa reverter essa decisão e impor tarifas no futuro, a suspensão reforça a percepção de que ele prefere usar essas ameaças como ferramenta de negociação, em vez de implementá-las de fato.

Trump tem adotado as tarifas como peça central de sua estratégia para reformular a economia dos EUA, reduzir déficits comerciais e encontrar novas fontes de receita para sua agenda tributária. No entanto, economistas alertam que as medidas podem causar estragos no país, elevando os custos para fabricantes americanos que importam insumos, aumentando preços para consumidores já afetados pela inflação, reduzindo o fluxo de comércio e segurando a geração de receita.

Aço e alumínio foram alvo no 1º governo

O governo Trump e seus aliados exaltaram as concessões feitas por México e Canadá na questão da fronteira como uma vitória da abordagem do presidente.

“Vimos muita indignação quando isso foi anunciado, mas também vimos resultados imediatos de México e Canadá”, disse Peter Navarro, um dos assessores comerciais de Trump, em um evento organizado pelo Politico na semana passada.

O anúncio das taxas para aço e alumínio ocorre em um momento em que a indústria siderúrgica dos EUA busca se recuperar do pior ano desde o primeiro mandato de Trump. Os produtores nacionais de aço reclamam que o aumento das importações tem prejudicado seus lucros e níveis de produção.

Aço e alumínio foram alvo das primeiras tarifas impostas por Trump em seu primeiro mandato, com uma taxa de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio em 2018, justificadas por razões de segurança nacional.

As tarifas sobre o aço também ocorrem em meio à paralisação da aquisição da US Steel Corp. pela japonesa Nippon Steel Corp., em um negócio avaliado em US$ 14,1 bilhões. A transação foi bloqueada pelo ex-presidente Joe Biden e também é contestada por Trump.

Na sexta-feira (7), após uma reunião com o primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba, Trump afirmou que a Nippon Steel agora considera investir na US Steel em vez de adquirir a empresa completamente. No domingo, Trump disse a repórteres que a Nippon Steel não pode ter participação majoritária na empresa americana.

As duas companhias estão contestando o bloqueio da negociação na Justiça.

Fonte: O Globo

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