Estimulação elétrica reduz risco de quedas em pessoas com Parkinson

Conhecida pelos tremores, a doença de Parkinson pode causar outros problemas, como favorecer quedas graves. Para reduzir o risco de acidentes, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista de São Paulo (Unesp) desenvolveram um novo tipo de tratamento envolvendo a estimulação elétrica transcraniana. No estudo, a terapia aplicada em oito sessões gerou resultados duradouros, melhorando a qualidade de vida dos indivíduos. 

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A técnica envolve a aplicação de uma corrente elétrica contínua, de baixa intensidade, para regular a atividade neural do paciente com Parkinson. A estimulação elétrica transcraniana já é adotada para alguns casos de depressão e de acidente vascular cerebral (AVC). No entanto, os protocolos ainda estão em fase de aperfeiçoamento.

O estudo, publicado na revista Gait & Posture, indica um novo caminho terapêutico contra o Parkinson, ainda mais quando se analisam os efeitos práticos. Como a técnica é classificada como não invasiva, isso facilita a potencial adesão ao tratamento. 


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Como é estimulação elétrica transcraniana?

Entre os problemas comuns de pessoas com Parkinson, está a dificuldade em manter o equilíbrio e manter o controle postural em determinados ambientes. Esse conjunto de alterações faz com que o que seria um simples tropeço se torne uma grave queda. Para contornar a limitação, entra o promissor tratamento. 

Novo tratamento com estimulação elétrica transcraniana reduz o risco de quedas em pessoas do mal de Parkinson (Imagem de: Reprodução/Victor Beretta/Unesp)

O método contra o mal de Parkinson consiste em modular o funcionamento dos neurônios através de um aparelho com dois eletrodos, capazes de gerar uma corrente elétrica de baixa intensidade. São aproximadamente 2 miliamperes. E toda a sessão dura cerca de 20 minutos. 

Sendo mais específico, os eletrodos são fixados na cabeça, e a corrente elétrica é direcionada para uma área cerebral conhecida como córtex motor primário. Esta é associada à resposta postural e ao controle do movimento, duas habilidades desreguladas em pacientes com Parkinson (como mencionamos).

Com essa terapia, é aumentada a excitabilidade neuronal e, muito possivelmente, a atividade do córtex motor. De outra forma, “essa modulação permite facilitar a atividade neural para que, quando necessário, o cérebro dispare o que chamamos de potencial de ação [mecanismo necessário para comunicação entre neurônios e para contração muscular], fazendo com que aumente o número de disparos neurais nas áreas corticais e subcorticais envolvidas na recuperação da estabilidade e do equilíbrio postural”, explica Victor Beretta, coordenador do Laboratório de Neurociência e Comportamento Motor (Neurocom-Lab) da Unesp, para Agência Fapesp.

Efeito da terapia para Parkinson

Na pesquisa realizada no campus Presidente Prudente da Unesp, foram recrutadas 22 pessoas com mal de Parkinson. Após as oito sessões de estimulação elétrica, os indivíduos apresentaram melhora no equilíbrio em caso de perturbação externa. Após um mês, os efeitos gerados ainda podiam ser observados.

Em média, os pacientes reagem mais rapidamente às perturbações, o que sugere melhora na automaticidade do movimento. A descoberta é relevante para pacientes com Parkinson, uma vez que a doença afeta a capacidade de realizar atividades automáticas. Oportunamente, a estimulação elétrica deve integrar o tratamento “comum” da condição.

Enquanto novas terapias para melhorar a qualidade de vida da doença sem cura conhecida, outros grupos de pesquisadores trabalham para facilitar o diagnóstico. Inclusive, o uso da Inteligência Artificial (IA) pode rastrear o quadro anos antes da situação se agravar.

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