Múcio revela conversa com Bolsonaro e diz que militares evitaram golpe

O ministro da Defesa do governo Lula, José Múcio Monteiro, revelou que pediu ajuda ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para ser recebido pelos comandantes das Forças Armadas durante a transição de governo, no final de 2022.

A revelação foi feita por Múcio em entrevista ao programa Roda Viva, na noite de segunda-feira (10/2). Na entrevista, o ministro explicou que procurou Bolsonaro porque os chefes militares resistiram a recebe-lo para conversar.

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O ministro da Defesa, José Múcio, dá entrevista na porta da casa de Lula em São Paulo

Ministro José Múcio apresenta o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, novo comandante do Exército
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O presidente Lula ao lado do ministro da Defesa, José Múcio

Hugo Barreto/Metrópoles

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O ministro da Defesa, José Múcio, dá entrevista na porta da casa de Lula em São Paulo

Valentina Moreira/Metrópóles

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Ministro José Múcio apresenta o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, novo comandante do Exército

Vinícius Schmidt/Metrópoles

“Começou a primeira dificuldade: ser recebido pelos comandantes. Foi quando eu recorri ao presidente Bolsonaro. Foi meu colega por muitos anos, foi meu liderado quando fui líder do governo no Congresso. Sempre tivemos uma relação muito boa. E eu fui falar com ele: ‘Sou o novo ministro da Defesa, queria que você me ajudasse a fazer uma transição tranquila. Vai ser bom para o novo governo, vai ser bom para o seu governo que está terminando. Você conhece, eu não sou de conflito, de criar problema’”, contou Múcio.

De acordo com o relato do ministro da Defesa de Lula, Bolsonaro atendeu seu pedido e telefonou para os comandantes das Forças Armadas. O único que se recusou a receber Múcio foi o então chefe da Marinha, almirante Almir Garnier.

Segundo relatos dos outros comandantes à época para a Polícia Federal, Garnier foi o único comandante que colocou suas tropas à disposição de Bolsonaro caso o então presidente tentasse impedir, por meios jurídicos, a posse de Lula.

Agradecimento de Múcio

Além de citar o ex-presidente Bolsonaro como responsável por ajudar na transição, Múcio também fez um “agradecimento” aos militares pela atuação no dia 8 de janeiro, durante as invasões golpistas às sedes dos Três Poderes.

Na avaliação de Múcio, o Brasil “deve” aos militares o fato de a tentativa golpista não ter se concretizado.

“Do dia 8 até abril, eu me senti órfão. Porque a direita estava zangadíssima, pois os militares não aderiram ao golpe, e a esquerda, muito zangada, achava que os militares tinham criado aquele golpe. Na realidade, nós devemos a eles o fato de o golpe não ter acontecido no dia 8”, disse.

Em alas do governo, a primeira-dama Janja costuma receber comumente o crédito por supostamente ter evitado o golpe, ao atuar para que Lula não decretasse a  Garantia de Lei e Ordem (GLO), que daria às Forças Armadas o controle da segurança na Esplanada.

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