Peeling: queimadura após procedimento obriga médica a usar máscara 24h

A médica obstetra Isadora Milhomem, de Palmas (TO), publicou uma série de vídeos nas redes sociais para mostrar as consequências que sofreu ao fazer um peeling de ATA com óleo de Croton e alertar os seguidores.

Isadora teve queimaduras de segundo e terceiro grau no rosto e terá de usar uma máscara especial 24 horas por dia, ao longo de pelo menos seis meses, para proteger a pele. Enquanto isso, ela passará por novos procedimentos para tentar se recuperar das lesões que deixaram buracos em sua pele.

Nos vídeos, a ginecologista conta que conviveu com acne desde a adolescência e acabou desenvolvendo cicatrizes no rosto por consequência delas. Há anos, ela vinha fazendo tratamentos com diferentes procedimentos estéticos, como laser e microagulhamento para reduzir as marcas. Mas recentemente, a proposta dos resultados rápidos do peeling chamou a atenção de Isadora.

“Tenho consciência que esses tratamentos de acne são a longo prazo. Olhando para trás, vi que fui tola e iludida. Talvez, nas mãos de um bom profissional, poderia ter sido melhor, mas acreditei nos resultados que via no instagram”, afirma.

Em 14 de novembro de 2024, Isadora decidiu realizar um peeling de ATA (ácido tricloroacético) combinado com óleo de Croton, em uma clínica de dentista de Goiânia. A promessa era uma pele lisa, sem manchas e livre de cicatrizes.

Queimaduras leves eram esperadas inicialmente, mas o rosto da médica seguiu inflamado semanas após o procedimento. “Depois de aproximadamente 45 dias do peeling, meu rosto começou a encher de cicatrizes. A situação piora a cada dia”, descreve.

Ela relata que procurou a especialista que fez o procedimento para buscar uma solução, mas a profissional da clínica de dentista não soube lidar com as complicações.

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Orientação de usar máscara por tempo integral é para proteger o rosto dela de eventuais novos danos

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Rosto da médica segue com queimaduras progressivas mesmo meses após o procedimento

Reprodução/Instagram/draisadoramilhomem

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Orientação de usar máscara por tempo integral é para proteger o rosto dela de eventuais novos danos

Reprodução/Instagram/draisadoramilhomem

Queimaduras profundas e complicações

Isadora passou por cinco profissionais diferentes, buscando alternativas para o problema. Em um dos atendimentos, recebeu a recomendação de usar uma máscara especial durante 24 horas por dia, por seis meses.

O peeling realizado por Isadora usa ATA, um ácido já utilizado em peelings profundos. Quando combinado com o óleo de Croton, o produto aumenta a penetração da substância, com danos em camadas mais profundas da pele.

A dermatologista Simone Stringhini, do Rio de Janeiro, explica que o uso desse ácido pode resultar em queimaduras de primeiro e segundo grau, com tratamentos longos e difíceis para reduzir os danos causados, raramente revertendo-os completamente.

“Há 20 anos, só existiam peelings como esses. Hoje, há tecnologias mais seguras, como laser e radiofrequência, que oferecem melhores resultados e com muito mais segurança. Todo mundo que fazia peeling de fenol foi para o de ATA como se fosse mais seguro, mas ele é tão danoso quanto o peeling de fenol”, afirma a especialista.

Efeitos das queimaduras de segundo grau

As queimaduras de segundo grau, comuns em peelings profundos, causam danos significativos às camadas mais internas da pele, podendo resultar em bolhas, dor intensa e cicatrizes permanentes.

“É importante que os pacientes estejam cientes dos riscos desses tratamentos, que podem parecer inofensivos, mas exigem cuidados rigorosos e acompanhamento médico adequado”, alerta a enfermeira Andrezza Barreto, da Vuelo Pharma. O uso de ácidos fortes sem a orientação de um dermatologista pode agravar ainda mais os danos à pele.

Além dos peelings, outros tratamentos estéticos, como o uso de luz intensa pulsada (LIP) ou laser, também apresentam riscos se realizados sem a supervisão de profissionais capacitados. A exposição ao sol ainda pode agravar os danos à pele, causando reações adversas graves, como hiperpigmentação. Por isso, a orientação para que Isadora use uma máscara.

Várias pacientes passaram pelo mesmo

Isadora enfatiza que a situação não é isolada. Depois dos problemas vividos, ela foi procurada por outras pessoas que fizeram o mesmo procedimento, com a mesma profissional, e enfrentaram complicações semelhantes ou até mais graves. A viralização de seus vídeos foi o que uniu os relatos.

“Peço que tenham muito cuidado com quem vão fazer os procedimentos e/ou cursos. Isso é muito sério! Não desejo para ninguém o que estou passando. Acabei dando voz para milhares de pacientes que foram atendidas pela mesma profissional. Há um erro nessa técnica que ela está fazendo e como profissionais da saúde temos que avaliar que erramos e parar de fazer”, conclui a médica.

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