Traficantes milionários de GO aumentavam lucro de farmácias em 1.000%

A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quinta-feira (13/2), a Operação Arthron, com o objetivo de desarticular um grupo criminoso envolvido no tráfico de drogas e em fraudes milionárias contra o Programa Farmácia Popular do Governo Federal. Segundo as investigações, os traficantes utilizavam farmácias como fachada para lavar dinheiro proveniente da venda de entorpecentes.

Enquanto farmácias legítimas recebiam, em média, R$ 5 mil por mês, as farmácias controladas pelo esquema criminoso passaram a faturar entre R$ 60 mil e R$ 90 mil mensais, um aumento de mais de R$ 1000%. As investigações também indicam que as empresas utilizadas no golpe muitas vezes não possuíam existência física e estavam registradas em locais distintos do domicílio dos sócios declarados.

A operação, conduzida pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF, mobilizou 120 agentes para o cumprimento de 106 ordens judiciais expedidas pela Justiça Federal em Goiás.

Foram cumpridos seis mandados de prisão, 26 de busca e apreensão, além de 28 medidas restritivas de direitos. Também foi determinado o bloqueio de mais de R$ 39 milhões e o sequestro de bens móveis e imóveis pertencentes aos investigados. As ações ocorreram no Distrito Federal e nos estados de Goiás, Paraíba, Mato Grosso, Acre e Minas Gerais.

Investigação
As investigações tiveram início em 2022, após a prisão de dois indivíduos transportando uma grande quantidade de cocaína para Luziânia (GO). O entorpecente seria entregue a um grande traficante da região, que chegou a concorrer ao cargo de vereador nas eleições municipais de 2024. Conforme a coluna revelou, ele foi identificado como Fernando Batista da Silva, conhecido como Fernando da Serrinha. O candidato foi preso durante as acoes desta quinta.

O esquema envolvia a importação de grandes quantidades de drogas de países como Bolívia, Colômbia e Peru, sendo posteriormente distribuídas a traficantes com vínculos a facções criminosas nacionais.

Além do tráfico de drogas, o grupo atuava em fraudes contra o Programa Farmácia Popular. As investigações apontam que os criminosos adquiriram empresas licitamente cadastradas no programa, mas que haviam encerrado suas atividades. Após alterações societárias fraudulentas, os criminosos aumentavam substancialmente o volume de vendas registradas no programa, incluindo a comercialização fictícia de medicamentos.

As fraudes funcionavam da seguinte maneira:
1. Compra de farmácias desativadas cadastradas no Programa Farmácia Popular;
2. Alterações societárias para incluir laranjas como proprietários;
3. Uso de intermediários para facilitar ajustes junto aos órgãos reguladores;
4. Simulação de vendas de medicamentos, incluindo o uso indevido de dados de consumidores;
5. Recebimento fraudulento de pagamentos do governo federal.

Os crimes investigados incluem tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, organização criminosa e estelionato contra a União, cujas penas, somadas, podem chegar a 35 anos de prisão. A Polícia Federal segue com as investigações para identificar outros envolvidos e recuperar os valores desviados.

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