Pesquisa relaciona o uso de plantas medicinais com a saúde das pessoas com sobrepeso e obesidade

Pesquisa relaciona o uso de plantas medicinais com a saúde das pessoas com sobrepeso e obesidadeAssessoria de Imprensa/USP

Estudo recente na Faculdade de Medicina da USP revelou os benefícios dos fitoterápicos para a saúde de pessoas com sobrepeso e obesidade. A pesquisa, conduzida por Ana Flávia Marçal Pessoa, responsável pelo Laboratório de Plantas Medicinais, Nanocarreadores e Nutrição, revelou redução da circunferência abdominal e melhoras significativas na composição da microbiota intestinal e na qualidade do sono entre os participantes.

De acordo  Ana Flávia, o uso de plantas medicinais para tratamento e prevenção já é uma prática milenar. “É importante lembrar que 80% dos medicamentos sintéticos são derivados de substâncias vegetais, que possuem compostos fitoquímicos com funções terapêuticas.” Entre as substâncias estudadas, destaca-se a silimarina, extraída do cardo mariano, que demonstrou a capacidade de ativar proteínas essenciais para a quebra de gordura no fígado.

Metodologia da pesquisa

Segundo Ana Flávia, formulações nutracêuticas são “substâncias que têm efeitos em vias metabólicas do nosso organismo, ou seja, vai atuar no nosso organismo”. A pesquisa foi conduzida em um estudo de fase 1, envolvendo voluntários entre 44 e 64 anos, que não puderam fazer alterações em suas dietas ou se envolver em exercícios extenuantes durante o estudo. Isso permitiu uma análise mais precisa dos efeitos da suplementação nos participantes.

Foi utilizado um método de controle rigoroso, no qual os voluntários foram divididos em grupos e receberam suplementos contendo ingredientes ativos, como probióticos e minerais. A experiência visou a compreender melhor como esses componentes impactam a saúde, especificamente no contexto de obesidade. “O estudo foi executado em um modelo duplo-cego, o que é muito importante. Isso significa que nossa equipe não sabia quem estava tomando a suplementação completa com todos esses elementos e uma suplementação sem a silimarina. Qual era a intenção? Sendo a silimarina uma planta fitoterápica, nós queríamos atestar se a mesma tinha uma diferença relevante na composição do tratamento para os humanos”, ressalta.

Resultados e implicações

Os resultados indicam que as formulações utilizadas no estudo contribuem para melhorias na microbiota intestinal, com reflexos diretos na qualidade de vida dos pacientes. “Aquele resultado de diminuição da circunferência abdominal, que é muito importante, redução da circunferência do pescoço. Mas como você pode traduzir isso para a saúde? A questão cardiológica, por exemplo.” Ela explica que o foco do estudo é desenvolver meios de modular o intestino para o cultivo da microbiota probiótica, gerando uma melhora no funcionamento geral do organismo. “Esses fitoterápicos não substituem tratamentos tradicionais, mas atuam como coadjuvantes, oferecendo um suporte valioso em conjunto com a terapia convencional”, enfatiza Ana Flávia.

O laboratório da faculdade continuará a explorar as aplicações de plantas medicinais, investigando suas propriedades e buscando validar os benefícios que podem trazer à saúde. O foco estará na metabolômica, uma área que estuda os metabólitos produzidos pela digestão das plantas e pela interação com a microbiota, oferecendo uma base mais robusta para a prescrição desse tipo de tratamento. “São os metabólitos que são produzidos por essa digestão, digamos assim, dessas plantas, pela microbiota e os seus efeitos benéficos. Estamos indo pelos mecanismos, até para dar validade e dar mais confiança ainda aos profissionais da saúde para prescrever e para indicar essas plantas, aqui, no caso, com ação antiobesogênica”, finaliza.

Fonte: São Carlos Agora. Leia o artigo original: Pesquisa relaciona o uso de plantas medicinais com a saúde das pessoas com sobrepeso e obesidade

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