Suspeitos de atentado fake em Taboão receberiam R$ 500 mil por ação

São Paulo — Os suspeitos de forjar um atentado contra José Aprígio (Podemos), ex-prefeito de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, teriam recebido R$ 500 mil cada para executar o plano, no dia 18 de outubro do ano passado, segundo o delegado da Polícia Civil responsável pelo investigação, Hélio Bressan, em entrevista coletiva realizada na tarde desta segunda-feira (17/2), em conjunto com o promotor do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), Juliano Carvalho Atoji.

À imprensa, as autoridades afirmaram que informações foram passadas por um preso, suspeito de ser um dos atiradores, por meio de uma “colaboração premiada”, e confirmadas em diligências feitas pelos investigadores. A polícia acredita que o ataque foi forjado e organizado por pessoas próximas a José Aprígio, candidato à reeleição à época.

Na operação também foram alvos de mandados de busca e apreensão três secretários da ex-gestão de Aprígio, sendo eles: José Vanderlei, Ricardo Rezende e Valdemar Aprígio, este último irmão de José Aprígio, alvo do ataque, e preso em flagrante por porte ilegal de armas. Todos eles são investigados por ter relações com o mando do atentado fake.

“O que nós estamos vendo dos secretários num primeiro momento, é a ligação que eles tinham com executores. Em algum momento, alguém teria que ter contratado quem foi fazer esse serviço. Esse alguém, quem é? Nós temos que ter certeza. Para isso, nós fizemos um mandado de busca hoje”, afirmou o delegado responsável pela investigação, Hélio Bressan, da Seccional de Taboão.

Nas buscas foram apreendidos computadores, celulares, armas, munições. A casa do ex-prefeito também foi alvo de mandados e no local foram recolhidos R$ 320 mil em espécie.

 

Por meio dos materiais apreendidos, as autoridades esperam ter mais convicção quanto ao mando do atentado forjado.

Além dos ex-secretários, são investigadas as quatro testemunhas que estavam dentro do veículo de Aprígio — quando o político foi baleado no ombro por um projétil de AK-47 — e dois suspeitos de atuarem como interlocutores entre os mandantes e os executores.

Um dos investigados é Christian Lima Silva, sobrinho-neto de Aprígio. Segundo as investigações, ele já tem histórico comprovado de participar de uma armação parecida na eleição do próprio pai, no interior de Alagoas.

No caso Aprígio, Christian teria contratado uma das quatro pessoas que estavam presentes no carro com o prefeito na época do atentado, dois dias antes da ação.

Até o momento desta publicação, as autoridades não têm indícios que liguem o ex-prefeito ao atentado. Em nota enviada ao Metrópoles, o advogado do ex-prefeito afirmou que foi surpreendido com o desdobramento das investigações.

Segundo Allan Mohamed Melo Hassan, Aprígio é a vítima ao levar um tiro “com armamento pesado, em outubro de 2024, que, por sorte, não ceifou a sua vida”.

Sobre o dinheiro apreendido na residência, o advogado disse que a quantia foi devidamente declarada em seu imposto de renda e por isso seria de origem legal.


Ataque forjado

  • Ainda de acordo com o delegado Bressan ao longo das investigações indícios apontaram que o ataque ao ex-prefeito foi forjado.
  • Segundo ele, Aprígio esteve em condições muito mais vulneráveis ao longo do dia, onde um possível assassinato seria de mais fácil execução.
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Carro de Aprígio, prefeito de Taboão da Serra, foi baleado

Imagem mostra carro de Aprígio, prefeito de Taboão da Serra (SP), após ter sido baleado
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Prefeito de Taboão da Serra (SP), Aprígio da Silva

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Carro de Aprígio, prefeito de Taboão da Serra, foi baleado

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  • Além disso, frequentes conversas dos executores sobre a blindagem do carro levantaram alerta das investigações.
  • Uma operação da polícia e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco) cumpriu 10 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão temporária.

O atentado

Um vídeo (veja abaixo) mostra o político baleado dentro de um carro e, depois, sendo socorrido em uma cadeira de rodas. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), um veículo passou na Rodovia Régis Bittencourt e disparou contra o carro oficial da prefeitura.

Após o ocorrido, o prefeito foi encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Akira Tada, em Taboão da Serra, onde recebeu os primeiros socorros.

Depois, o político foi transferido para o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde permaneceu sob cuidados médicos. Ele teve alta na véspera da eleição, em 26 de outubro.

Aprígio tentava a reeleição, mas foi derrotado no segundo turno na disputa pela Prefeitura de Taboão da Serra por Daniel Bugalho (União Brasil).

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