Coronel dono de arsenal em apartamento é encontrado ferido em praça

São Paulo — O coronel da reserva do Exército Virgílio Parra Dias, de 69 anos, dono do apartamento com mais de 100 armas que pegou fogo em Campinas, interior de São Paulo, foi encontrado ferido com um canivete em uma praça da cidade na madrugada desta terça-feira (27/2), após uma suposta tentativa de suicídio.

Segundo a Polícia Civil, o militar foi encontrado em uma praça do Jardim Chapadão, após ter se ferido com o canivete. Parra Dias foi levado ao pronto-socorro do Hospital Santa Tereza e depois transferido para o Hospital Municipal Dr. Mario Gatti. Não há informações sobre o estado clínico do coronel.


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Um apartamento que pertence a Parra Dias, em que estavam armazenadas mais de 100 armas e pelo menos duas granadas, pegou fogo na noite de sábado (24/2). O prédio foi interditado pela Defesa Civil.

Segundo a polícia, o incêndio provocou explosões em série, inclusive com a detonação de uma das granadas. No total, 44 pessoas tiveram de ser resgatadas, 11 delas por rapel. Trinta e quatro moradores foram encaminhados ao hospital após terem inalado muita fumaça.

O coronel Parra Dias chegou a ser filmado acompanhando parte dos trabalhos dos bombeiros, mas depois não foi mais visto. Em um vídeo, ele aparece falando aos bombeiros que não havia granadas no local (veja abaixo). O carro dele ficou estacionado na rua do prédio, no bairro Botafogo.

Em nota ao Metrópoles, o Comando Militar do Sudeste (CMSE) informou que Parra Dias possui certificado de registro válido como atirador, caçador e colecionador (CAC) e que foi aberto processo administrativo para averiguar possíveis irregularidades quanto à situação cadastral do acervo.

O Comando do Sudeste acrescentou que, pela legislação vigente, o militar poderia armazenar as armas em casa justamente por ser CAC. A quantidade de armamento estaria em conformidade com as regras anteriores ao decreto de 2023 — que limita o número de armas a 16.

Fuzis, espingardas e rifles

De acordo com as informações preliminares, mais de 100 armas estavam no imóvel, incluindo fuzis, espingardas e rifles. Pelo menos 98 delas foram destruídas — algumas teriam até derretido. Outras 13 teriam sido localizadas em outro cômodo fora do ponto principal das explosões.

Metrópoles questionou a Secretaria da Segurança Pública (SSP) se o militar da reserva tinha autorização para ter um volume tão grande de armas em casa, mesmo sendo CAC, mas a pasta não respondeu. Informou, apenas, que além das 111 armas de fogo foram apreendidos 15 carregadores de munição, 25 embalagens contendo pólvora e 39 embalagens com espoletas.

Duas granadas foram retiradas do local pelo Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), da Polícia Militar. A SSP acrescentou que o caso está sendo investigado por meio de inquérito policial instaurado pelo 1º DP de Campinas.

Em relação aos ferimentos no coronel Parra Dias, a SSP informou, nesta terça-feira, que a ocorrência de tentativa de suicídio foi registrada no plantão do 1º DP de Campinas. O canivete usado pela vítima foi apreendido.

Busque ajuda

Metrópoles tem a política de publicar informações sobre casos de suicídio ou tentativas que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social. Isso porque é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral. O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem.

Depressão, esquizofrenia e o uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida. Problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.

Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode te ajudar. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype 24 horas todos os dias.

O Núcleo de Saúde Mental (Nusam) do Samu também é responsável por atender demandas relacionadas a transtornos psicológicos. O Núcleo atua tanto de forma presencial, atendendo em ambulância, como a distância, por telefone, na Central de Regulação Médica 192.

Disque 188

A cada mês, em média, mil pessoas procuram ajuda no Centro de Valorização da Vida (CVV). São 33 casos por dia, ou mais de um por hora. Se não for tratada, a depressão pode levar a atitudes extremas.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada dia, 32 pessoas cometem suicídio no Brasil. Hoje, o CVV é um dos poucos serviços em Brasília em que se pode encontrar ajuda de graça. Cerca de 50 voluntários atendem 24 horas por dia a quem precisa.

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