Veja vídeo da resposta de Cid à PF sobre relação de Bolsonaro e Aras

Vídeos do depoimento do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) mostram o momento em que o delegado da Polícia Federal (PF) Fábio Shor questiona Mauro Cid sobre a relação do ex-presidente com o então Procurador-Geral da República, Augusto Aras.

A oitiva, realizada em 5 de dezembro de 2024, é uma das mais recentes de Cid. Ela foi conduzida mesmo depois da apresentação do relatório final da PF ao Supremo Tribunal Federal (STF), de novembro, que indiciou 37 pessoas.

Segundo o depoimento, Bolsonaro e Aras eram próximos e, ao contrário de outras autoridades, o então PGR nunca entrava em contato previamente com Cid para agendar suas visitas no Palácio da Alvorada.

“[…] o  contato, que normalmente as autoridades tentavam marcar comigo a agenda, mas o doutor Aras fazia direto com o presidente.”, afirma Cid.

Shor, então, questiona se o contato era “direto” entre os dois, ao que o ex-ajudante de ordens confirma. “É, ele só me avisava”.

Tais encontros, contudo, entre o ex-presidente e políticos, empresários, juízes e o próprio Aras nem sempre eram publicados na agenda do presidente, uma formalidade destinada a dar transparência às atividades do presidente da República.

Cid, no entanto, disse que não sabia do teor das conversas, uma vez que os encontros se davam a portas fechadas. “Eu recebia o Procurador, ele ficava na sala, eu saía, depois levava ele embora”, contou ao delegado.

Mensagens em posse da PF já haviam revelado as visitas fora da agenda do ex-procurador e outras autoridades a Bolsonaro.

O ex-procurador-geral da República Augusto Aras
O ex-procurador-geral da República Augusto Aras

Segundo o delator, esses encontros de Bolsonaro com outras autoridades aconteciam com certa frequência, porém não havia periodicidade. Ele cita também reuniões com a ex-vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo.

“O presidente recebia, no Alvorada, essas autoridades. Eu não consigo dizer a periodicidade, mas ele recebia uma vez por mês, mas não tinha, não eram encontros periódicos, não […]Então, ia o Procurador Aras e a procuradora Lindora, dois membros da PGR que estavam, encontravam com ele mais rotineiramente”, afirmou.

Aras foi indicado ao cargo em 2019, no 1º ano do mandato de Jair Bolsonaro, para substituir a então procuradora-geral, Raquel Dodge. Ele foi reconduzido ao cargo em 2021 por mais dois anos, até 2023.

Apadrinhado por Bolsonaro, Aras foi criticado ao longo do seu mandato por investigar as condutas do ex- presidente, como no caso da pandemia de covid-19, e no próprio inquérito das milícias digitiais.

Aras chegou a pedir o arquivamento da investigação que deu origem a denúncia sobre a trama golpista.

Como mostrou a coluna, a PGR sob Aras também foi contra o acordo de colaboração premiada de Mauro Cid

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