Do indie ao blockbuster: entenda o que são jogos A, AA e AAA

A produção de jogos envolve três grandes categorias, as quais podem ter sido mencionadas por aqui no Canaltech ou até em comentários na internet: “A”, “AA” e “AAA”. Elas impactam bastante a proposta dos desenvolvedores e a experiência que o jogador terá, porém você sabe para que elas servem e qual sua função dentro da indústria gaming?

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Em termos mais simples, elas determinam o grau de investimento e “grandiosidade” dos projetos que são desenvolvidos pelos estúdios. Isso significa que podem representar jogos independentes (A) a até mesmo os grandes blockbusters que movimentam toda a comunidade de jogadores (AAA). 

Compreender como cada título se encaixa nessas categorias é essencial para entender a proposta deles, assim como os fatores que o cercam (preço, características, quantidade de vezes que verá uma propaganda dele e diversos outros). Nos acompanhe para entender o que são jogos A, AA e AAA


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O que são jogos A?

Os jogos “A” são vistos como títulos de baixo orçamento e que contam com times de desenvolvimento menores (com a maioria esmagadora deles trabalhando de forma independente dos grandes estúdios). Em termos mais simples, são os chamados “indies”.

Cena de Stardew Valley
Jogos independentes estão na categoria “A” (Imagem: Divulgação/ConcernedApe)

Os títulos desta categoria podem se apresentar de várias formas possíveis. Não é porque foi criado por uma pessoa só que terá os gráficos pixelados como Animal Well, Undertale e Stardew Valley, por exemplo. Existem desenvolvedores que passam anos trabalhando em seus projetos independentes e trazem um apelo visual maior, como é o caso de Manor Lords e até da franquia Bright Memory.

Um aspecto importante dos jogos “A” é que eles foram por muito tempo desprezados pelos jogadores, partindo do pressuposto de que se não foi feito com um orçamento milionário ou com o nome de grandes franquias, não teriam uma qualidade aceitável. O que é totalmente diferente do que é visto no mercado, na verdade.

Mesmo com limitações no investimento, estes muitas vezes se destacam por serem inovadores e criativos – alcançando uma quantidade massiva de jogadores por cativar de formas que os “AA” e “AAA” pecam atualmente.

Zagreus, protagonista de Hades
Quantos “AA” ou “AAA” babaram no sucesso de Hades? (Imagem: Divulgação/Supergiant Games)

Exemplo disto é Stardew Valley, que se tornou um verdadeiro hit global. O mesmo pode ser dito de experiências como Celeste e Balatro, que concorreram de igual para igual em grandes prêmios como o “Jogo do Ano” da The Game Awards nos anos de seus lançamentos. 

Até entre os jogos “A” existem grandes sucessos. Se tornaram notáveis games como Vampire Survivors, Balatro, Hollow Knight, Hades, Undertale, Stardew Valley, Cuphead, Palworld, Sea of Stars, Disco Elysium, To the Moon e diversas outras experiências que nos cercam nas mais diversas plataformas.

Mesmo que eles frequentemente sejam encontrados em dispositivos como smartphones (Android e iOS), computadores e Nintendo Switch, ultimamente eles têm recebido bastante atenção nos consoles Xbox e PlayStation.

O que são jogos AA?

Se temos nos jogos “A” os independentes, os “AA” se apresentam como produções de orçamento médio. Elas não têm o mesmo investimento dos blockbusters e nem o mesmo peso, mas geralmente contam com um apoio maior da indústria – seja pelos envolvidos, pela franquia em que estão trabalhando e diversos outros fatores.

São centenas de estúdios que trabalham nesta frente, mesmo entre as produtoras de renome. A Capcom, por exemplo, tem a franquia Phoenix Wright que com certeza está incluída nesta categoria. A Square Enix tem Octopath Traveler, SEGA tem Shin Megami Tensei e isto se estende a diversas outras.

Phoenix Wright em
Há jogos “AA” até entre as grandes produtoras (Imagem: Divulgação/Capcom)

E isto não se estende apenas a ter grandes estúdios por trás. A Remedy Entertainment, por exemplo, tem em Control um dos principais exemplos de jogos AA que estão presentes na atual geração. O mesmo vale para Hellblade: Senua’s Sacrifice, A Plague Tale: Innocence, Greedfall, Sifu, a franquia Dynasty Warriors, Dying Light e vários pertencem ao grupo. 

Estes títulos possuem um alcance e fama maior do que a vista nos jogos “A”, porém os “AA” estão bem longe de atingir o nível de uma superprodução da indústria gaming. Algumas franquias destas acabam migrando para os “AAA”, porém não é algo que ocorre com todas. 

Eles se destacam justamente por serem produzidos por estúdios de médio porte ou divisões menores das grandes produtoras. Se formos debater alguns nomes, estão a THQ Nordic, Focus Home Entertainment, Remedy Entertainment, Deck Nine, Hazelight, Techland e outros que se destacam mais nos últimos anos. 

Geralmente estes estúdios conseguem parcerias para a publicação de seu jogo, além de investimento para campanhas de marketing e até a distribuição de mídias físicas. Ou seja, não é comum ver ao lado de seus lançamentos os logos da Bandai Namco, Square Enix, Electronic Arts e outros que oferecem propostas para essas operações. 

Personagens em A Plague Tale: Innocence
Jogos “AA” costumam ser produzidos por estúdios de médio porte (Imagem: Canaltech/Felipe Demartini)

O que são jogos AAA?

Os jogos “AAA” são os famosos blockbusters, as grandes produções da indústria gaming e que geram todo o glamour para os estúdios que cuidam destas franquias ou projetos. Seus orçamentos são altíssimos, assim como geralmente eles são produzidos com equipes enormes por muitos anos.

Estes são os tipos de jogos que movimentam o público a comprar um console ou gastar dinheiro para fazer upgrade em seu PC. Aqui nós falamos de títulos como GTA, God of War, The Last of Us, Assassin’s Creed, EA Sports FC, Monster Hunter, Horizon, Halo, Forza, Final Fantasy, Resident Evil, The Witcher, Call of Duty e outros que você deve conhecer bem.

Ellie em The Last of Us Part II
The Last of Us Part II é um grande exemplo de jogo “AAA” (Imagem: Divulgação/Sony)

Todos eles têm em comum alguns aspectos como o uso dos gráficos de ponta da geração atual, um grande investimento dos estúdios e das produtoras no marketing e costumam ser lançados em diversas plataformas para aumentar o “barulho” em torno deles. Isso vale até mesmo para a Sony, que não lança seus jogos no Xbox, mas está cada vez mais presente nos PCs. 

A expectativa de lucro para estes é altíssima, comprometendo até mesmo as operações das companhias em caso de fracasso. Provavelmente já ouviu de grandes flops recentes como “Concord” e “Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça”, ambos causando um grande prejuízo e provocando demissões e até fechamento de estúdios.

Comercialmente falando, os jogos AAA são aqueles que realmente movimentam a indústria e acabam aparecendo na lista dos melhores durante os anos. Alguns exemplos mais atuais são Red Dead Redemption 2, The Last of Us Part II, God of War Ragnarök e Elden Ring.

Inclusive, estúdios que trabalham com estes títulos costumam reservar grandes expectativas para seus próximos projetos. Basta ver todo o barulho provocado por GTA 6 da Rockstar ou para ver Intergalactic: The Heretic Prophet, próximo game da Naughty Dog. Se não quer ir tão longe, vale citar exemplos como Monster Hunter Wilds da Capcom.

Capa de Monster Hunter Wilds
Monster Hunter Wilds é um grande lançamento “AAA” de 2025 (Imagem: Divulgação/Capcom)

Cuidam dos jogos “AAA” estúdios e produtoras grandes como a Square Enix, Santa Monica Studios, Naughty Dog, Bandai Namco, Rockstar, Electronic Arts, Capcom, Bethesda, CD Projekt Red, 343 Industries, Ubisoft, Konami, FromSoftware, Activision Blizzard e um grupo seleto de nomes. 

Existem jogos “AAAA”?

Antes de lançar Skull & Bones, um executivo da Ubisoft mencionou que o lançamento dele superaria os jogos “AAA” e abriria espaço para um quarto “A” ao seu lado. Apesar da companhia manter esta denominação, é importante mencionar que ela ainda não existe.

Inclusive, a produtora até virou piada entre outras grandes companhias, fazendo o assunto se transformar em uma “piada interna” da indústria gaming. Porém, de acordo com a própria Ubisoft, eles denominam estes títulos com alta complexidade e um orçamento ainda maior que os “AAA” – o que justificaria um valor acima dos US$ 70 cobrados hoje. 

Ainda que Skull and Bones não tenha nem chegado próximo de balançar a indústria gaming como prometido e não haja qualquer projeto similar, o termo “AAAA” pode se popularizar em outro grande lançamento: GTA 6. Ele está em produção por mais de uma década e pode ser o primeiro a atingir este patamar superior. Ao menos é o que suas expectativas carregam. 

Quantos “A” precisa no seu jogo?

Para compreender melhor as diferenças entre os jogos “A”, “AA” e “AAA”, confira a tabela comparativa abaixo com as principais características de cada um:

Comparativo de jogos A, AA e AAA 
A AA AAA
Orçamento Baixo, geralmente abaixo do primeiro milhão de dólares Intermediário, pode atingir a escala de um a dezenas de milhões de dólares Alto, geralmente tem um custo de dezenas de milhões de dólares
Time de desenvolvimento Times pequenos, às vezes de apenas uma pessoa Geralmente alcança até 50 membros Ultrapassa a centena de desenvolvedores e membros da equipe
Produtora de renome Em muitos casos, não tem acesso Geralmente obtém apoio de grandes produtoras Possui grandes produtoras apoiando o desenvolvimento
Gráficos e tecnologia Se foca em inovação e mecânicas Alta qualidade gráfica, mas não atinge os níveis mais elevados Uso de visuais de última geração, com os melhores motores gráficos e tecnologias
Chances de virar franquia Muito baixa Existe, caso o jogo se torne um sucesso São produzidos com a intenção de se tornarem grandes franquias
Marketing e conteúdo Ocorre no geral entre fãs nas redes sociais, baixa visualização em streaming Possui orçamento reduzido para ser promovido, mas costuma ser popular em streaming e vídeos Alto orçamento em marketing e campanhas, costumam ser destaques em plataformas como Twitch e YouTube
Esports Raramente aparece Pode ganhar força no cenário competitivo Domina o cenário do multiplayer online

Diferenças não determinam bons jogos

Quando um jogo é bom, isso não está atrelado à sua categoria. Claro que se espera muito mais dos títulos “AA” e “AAA”, que tiveram um investimento maior e a atenção de toda uma equipe teoricamente competente. Porém, quantos grandes sucessos não vimos afundar ainda em seu lançamento nos últimos anos?

Igual aquele ditado “Não julgue o livro pela capa”, nem sempre você encontrará um game maravilhoso ao buscar os “AAA” ou “AA”. Em alguns casos, inclusive, é possível achar o jogo da sua vida com algum independente de categoria “A”. Sabe aquela experiência que se torna inesquecível e toca na sua alma? 

Capa de Metaphor: ReFantazio
Todos os games servem para se divertir e tocam pessoas diferentes (Imagem: Divulgação/Atlus)

O que realmente determina o que um jogo traz de bom é sua proposta inovadora e o grau de diversão que ele apresenta. Alguns estúdios conseguem reunir isso a gráficos de ponta e um alto investimento, outras precisam só de algumas pessoas apaixonadas e uma ideia para funcionar.

Ou seja, é bom deixar as portas abertas para explorar os diferentes jogos e experiências únicas em todas as categorias. Quem sabe não acaba se surpreendendo? 

Vídeo: qual é a melhor opção, jogar no console ou no PC? O Canaltech discute sobre a experiência de cada um em nosso canal do YouTube

 

Leia a matéria no Canaltech.

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