Inquéritos de Moraes ligam método de Bolsonaro ao de Donald Trump

A Polícia Federal, ainda em 2021, afirmou em documentos encaminhados ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal que o método utilizado por Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores eram iguais aos utilizados por Donald Trump nos Estados Unidos.

Nos documentos enviados ao STF e ao TSE, a PF afirma que inquéritos das Fake News e das Milícias Digitais, este último que deu origem a denúncia sobre a trama golpista, mostram que a rede de apoiadores de Jair Bolsonaro que atacava as urnas utilizava a estratégia empregada nas eleições de 2016 nos EUA, vencida por Trump, e creditada a Steve Bannon, ex-estrategista do atual presidente americano.

“É um modelo cujo uso no processo eleitoral é creditado ao norte-americano Steve Bannon”, disse a PF no documento.

À época dos relatórios, Trump estava na mira das autoridades americanas por causa da invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro daquele ano, e Jair Bolsonaro (PL) iniciava sua escalada de ataques ao sistema eleitoral brasileiro que segundo os investigadores, desaguou nos ataques do 8 de janeiro e na trama golpista denunciada pela Procuradoria-Geral da República.

Um dos documento é de 19 de agosto de 2021, após Bolsonaro realizar duas lives para divulgar notícias falsas sobre as urnas. A Polícia Federal encaminhou ao ministro Alexandre de Moraes um pedido para ouvir dois trumpistas que vieram ao Brasil.

Jason Miller, ex-assessor de Donald Trump e fundador da rede social de direita Gettr, e o empresário Gerald Brant, amigo de Bolsonaro e um de seus elos com a direita americana, viriam ao Brasil para a conferência conservadora Cpac. Realizada em Brasília e tendo como um dos organizadores o deputado federal Eduardo Bolsonaro.

Dias antes, a mesma delegada da PF, Denisse Ribeiro, havia encaminhado outro pedido ao TSE, no qual pedia a desmonetização dos canais e páginas de aliados de Bolsonaro.

Donald Trump entrega ao presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, uma camisa de futebol da seleção norte-americana durante reunião no Salão Oval

Segundo a PF nesses documentos, naquele momento, os inquéritos das Fake News e das Milícias Digitais relatados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal apontavam para uma “rede de pessoas, com tarefas distribuídas por aderência entre idealizadores, produtores, difusores e financiadores voltada à disseminação de notícias falsas ou propositalmente apresentadas de forma parcial com o intuito de influenciar a população em relação a determinado tema, objetivando, ao fim, obter vantagens político-partidárias e/ou financeiras.”

No entendimento da PF, a rede que atuava no modelo copiado do ex-estrategista de Trump pretendia “entre outros objetivos, diminuir a fronteira entre o que é verdade e o que é mentira.”

Ainda segundo a delegada, o método utilizado pelos apoiadores de Bolsonaro também visava o lucro, por isso o pedido de desmonetização dos canais e páginas ao TSE.

“Essa atuação transforma rapidamente ideologia em mercadoria, levando os disseminadores a estimular a polarização e o acirramento do debate para manter o fluxo de dinheiro pelo número de visualizações”, disse a PF.

Alexandre de Moraes x Trump

O ministro Alexandre de Moraes entrou novamente em rota de colisão com Donaldo Trump ao tirar do ar a plataforma Rumble, após ela não cumprir decisões de seu gabiente.

A plataforma de vídeos e a Trump Media & Technology, que pertence ao presidente dos EUA, acionaram a Justiça dos Estados Unidos contra o ministro. As empresas querem autorização judicial para ignorar ordens de Moraes.

As empresas alegam que Moraes “tem perseguido uma ampla agenda de censura extraterritorial” ao suspender o Rumble no Brasil e para usuários norte-americanos, bem como divulgar informações “confidenciais” sobre usuários.

Na peça, o Rumble e a Trump Media acusaram o ministro do STF de violar a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos e os “princípios de soberania e cortesia internacional”.

Reduto de grupos conservadores, a plataforma Rumble foi fundada em 2013 pelo empresário canadense Chris Pavlovski.

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