Delegada critica Oruam e defende punição em caso de “prisões forçadas”

Secretária de Segurança Pública de Santos (SP), a delegada da Polícia Civil de São Paulo Raquel Gallinati defende punição a pessoas que “forcem” prisões, mobilizando a polícia, para gerar engajamento na mídia ou em redes sociais. Ela citou o rapper Oruam, preso na quinta-feira (20/2) ao chamar a atenção de policiais com manobras arriscadas em um carro.

O “cavalo de pau” executado em frente a uma viatura de Polícia Militar teve o objetivo de produzir imagens para a gravação de um documentário sobre a vida do artista, como mostrou Fábia Oliveira no Metrópoles. Quando os agentes de segurança abordaram Oruam, uma multidão se aglomerou em torno do cantor, que foi conduzido para delegacia.

Raquel Gallinati sustenta que, além das implicações penais previstas com a manobra, a conduta de Oruam deveria configurar espécie de “denunciação caluniosa”. No entanto, ela lamenta a ausência de legislação para o caso específico.

“Não existe um tipo penal adequado. Ele mesmo se colocou em risco naquele momento, por conta de um objetivo midiático. Se o policial precisasse neutralizar a situação, haveria consequências judiciais. Essa conduta tem que ser penalizada”, observou a delegada.

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Oruam foi preso por furar um bloqueio policial

Oruam foi preso em blitz no Rio
Oruam ficou em silêncio durante interrogatório após ser preso no RJ
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Delegada Raquel Gallinati defende punição para casos como o protagonizado por Oruam no Rio

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Oruam foi preso por furar um bloqueio policial

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Oruam foi preso em blitz no Rio

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Oruam ficou em silêncio durante interrogatório após ser preso no RJ

Redes sociais

“É impressionante o deboche com que a polícia foi tratada nesse episódio. Passou a ser figurante da autopromoção dele [Oruam]. Se tem poder econômico, paga a fiança e o crime acaba sendo visto como espetáculo. E a sociedade aplaude o crime. Vivemos uma situação extrema de valores invertidos”, opinou Raquel Gallinati.

A delegada cobrou também a execução de políticas públicas que combatam o que ela chama de “idolatria” do crime. “O entretenimento invade o inconsciente coletivo. Sem discriminar os artistas, mas não se pode admitir a apologia ao crime e o deboche à polícia”, avaliou.

“Lei anti-Oruam”

Filho de Marcinho VP, líder do Comando Vermelho, o rapper Oruam é o foco de um projeto de lei que busca estabelecer até que ponto a letra de uma música pode ser considerada liberdade artística e quando se torna apologia ao crime. A proposta está em trâmite na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

O projeto visa impedir que recursos públicos sejam utilizados para financiar shows e eventos abertos ao público infantojuvenil nos quais haja expressões que incentivem o crime organizado.

Em janeiro, a vereadora Amanda Vettorazzo (União Brasil) apresentou um projeto semelhante na Câmara Municipal de São Paulo. No Congresso Nacional, o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil) também protocolou um PL com o mesmo objetivo, mas voltado para contratos do governo federal.

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