Cientistas franceses criam sol artificial estável por 22 minutos

Pesquisadores franceses conseguiram criar o sol artificial mais duradouro da história. Dentro de um reator de fusão nuclear, eles concentraram fusões de plasma que geraram um calor de 50 milhões de graus, o equivalente à temperatura no centro de uma bomba atômica.

A reação ocorreu no dia 12 de fevereiro, na instalação WEST, operada pela Comissão de Energia Atômica (CEA) na França. Ela manteve o plasma estável por 1.337 segundos, 22 minutos. Este intervalo foi sete minutos mais duradouro que o recorde anterior, que foi estabelecido em janeiro na China.

Como funciona um sol artificial?

Os sóis artificiais são produzidos dentro de grandes reatores magnéticos que induzem as partículas a uma pressão tão grande a ponto de destruir o núcleo dos átomos e gerar um estado de energia em que os átomos não conseguem voltar a se integrar, se mantendo em plasma (uma explosão constante).

Embora a reação francesa não seja a mais quente já obtida (estudos anteriores já alcançaram 120 milhões de graus), o plasma alcançado foi mais estável e duradouro, além de ser tão quente quanto a superfície do sol.

2 imagens

WEST, administrado pela CEA. A máquina francesa é capaz de criar sol artificial

1 de 2

O registro de plasma atingiu uma temperatura de 50 milhões de graus celsius

Reprodução/CEA

2 de 2

WEST, administrado pela CEA. A máquina francesa é capaz de criar sol artificial

Reprodução/CEA

Para que um sol artificial?

O objetivo dos experimentos é estabelecer uma fonte de energia sustentável e limpa mais poderosa que a energia nuclear e que, no futuro, poderá ser usada até para alimentar foguetes em missões espaciais. Além disso, o processo não gera resíduos radioativos de longa duração.

Para os pesquisadores, o experimento representa um avanço significativo no controle de plasmas. “Alcançar durações como essas é um marco crucial para máquinas que precisam manter plasmas de fusão por vários minutos”, explica a física nuclear Anne-Isabelle Etienvre, diretora de pesquisa responsável pelo experimento.

Tecnologia avança rumo à fusão nuclear

O WEST é uma instalação que utiliza bobinas supercondutoras e componentes resfriados ativamente para manter plasmas de longa duração. A máquina, que recebe pesquisadores de todo o mundo, faz parte de uma rede internacional de experimentos, incluindo o JET no Reino Unido, o JT-60SA no Japão e o KSTAR na Coreia do Sul. O objetivo é estabilizar plasmas por horas, aquecendo-os a temperaturas ainda mais altas.

“O WEST atingiu um novo marco tecnológico importante ao manter o plasma de hidrogênio por mais de vinte minutos”, comenta Etienvre. Nos próximos meses, a equipe planeja aumentar a potência e prolongar ainda mais a duração do plasma.

No entanto, a infraestrutura necessária para produção em larga escala é complexa e cara. Segundo os especialistas franceses, é improvável que a fusão contribua significativamente para emissões de energia em larga escala até 2050. A viabilidade econômica e a superação de obstáculos técnicos ainda são barreiras a serem vencidas.

Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!

Adicionar aos favoritos o Link permanente.