Clima mais bruto da galáxia: cientistas acham mundo em que chove ferro

Astrônomos conseguiram mapear pela primeira vez a estrutura tridimensional da atmosfera de um exoplaneta, um mundo que está fora do Sistema Solar, e descobriram o que descreveram como um “clima brutal” e “saído de um livro de ficção científica”.

A pesquisa publicada na Nature no dia 18 de fevereiro identificou que o planeta batizado de Tylos, localizado a 900 anos-luz da Terra, tem chuvas de ferro e titânio, furacões tão fortes que conseguem movimentar toda a atmosfera e temperaturas extremamente frias de um lado, enquanto a outra ferve a 2,5 mil ºC.

O planeta de clima hostil foi encontrado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO), na Alemanha. “A atmosfera deste mundo se comporta de maneiras que desafiam nossa compreensão”, diz a astrônoma Julia Victoria Seidel, autora principal do estudo.

O exoplaneta pertence à categoria dos “Júpiter ultraquentes”, aqueles que ficam próximos de estrelas e que não tem movimento de rotação, o que faz com que haja temperaturas extremas entre os lados diurno e noturno.

A pesquisa revelou que uma corrente de jato equatorial leva o ferro em ventos do lado frio para o quente, onde ele é aquecido a ponto de se liquefazer e chove sobre a superfície de lava do planeta. O mesmo vento leva o ferro de volta para o lado frio, onde ele volta a solidificar.

Tecnologia avançada desvenda segredos atmosféricos

Para estudar a atmosfera de Tylos, os cientistas combinaram as luzes das quatro unidades do telescópio em uma leitura única, o que permitiu entender a superfície do mundo em três camadas rastreando o ferro, sódio e hidrogênio dele.

Um dos pesquisadores responsáveis por esta observação foi o astrônomo brasileiro Leonardo dos Santos, que é um dos principais autores do artigo. “Conseguimos traçar ventos nas camadas profundas, médias e rasas da atmosfera do planeta, respectivamente. É um tipo de observação que é muito desafiador de fazer com telescópios espaciais”, afirmou ele.

A descoberta abre caminho para estudos detalhados de atmosferas em outros mundos, mas telescópios mais potentes serão necessários para analisar exoplanetas menores, semelhantes à Terra. O Extremely Large Telescope (ELT) do ESO, em construção no Chile, promete revolucionar o campo.

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