Ternium é denunciada na ONU pelo desaparecimento de ativistas

Um grupo de entidades de direitos humanos apresentou denúncia à Organização das Nações Unidas (ONU) contra uma empresa do Grupo Techint-Ternium pelo desaparecimento de dois ativistas no México.

A denúncia – protocolada cerca de um mês após o sumiço de Ricardo Lagunes Gasca (advogado de direitos humanos) e Antonio Díaz Valencia (líder indígena de Michoacán) – pede que o Grupo de Trabalho sobre Empresas e Direitos Humanos da ONU investigue a responsabilidade da siderúrgica Ternium no caso. A empresa tem operações de mineração na região de Aquila, uma pequena cidade mexicana no estado de Michoacán.

Os desaparecimentos de Gasca e Valencia ocorreram em meados de janeiro de 2023. Na última vez em que foram vistos, os dois tinham acabado de participar de uma assembleia com a comunidade local, em que se discutiu o contexto de conflitos devido à exploração mineral e à falta de pagamento de compensações por parte da Ternium.

O envolvimento dos cartéis de narcotraficantes com a mineração em território mexicano foi tema de extensa reportagem do OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project) em dezembro de 2024. O consórcio de jornalistas especializados em crime organizado e corrupção informou que mais de meia dúzia de pessoas que desafiaram as minas da Ternium foram sequestradas, assassinadas ou desapareceram nos últimos anos.

Conforme a OCCRP, a maior parte da área onde a Ternium opera é dominada pelo Cartel Jalisco Nova Geração, que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos classificou como “uma das cinco organizações criminosas transnacionais mais perigosas do mundo”.

Segundo a reportagem, Aquila não foi a única comunidade mexicana que enfrentou ameaças e violência ao se opor a uma mina da Ternium. “Em 2014, o povo da comunidade de Ayotitlán, em Jalisco, obteve uma decisão judicial que o fornecimento da concessão de mineração para a mina de ferro Peña Colorada, co-propriedade da Ternium e da ArcelorMittal, violava seus direitos e prejudicava a terra. Mas a decisão nunca foi cumprida. (Ternium e ArcelorMittal negaram causar danos ambientais e disseram cumprir todas as leis e regulamentos ambientais.)”

Problemas na Argentina

O Grupo Techint-Ternium também foi alvo de denúncias na Argentina em casos de corrupção e de questões ambientais, de direitos humanos e trabalhistas. Um documento com mais de 60 páginas destaca a influência significativa do grupo sobre o estado argentino para enfraquecer regulações e consolidar seu poder de mercado, afetando políticas públicas e o equilíbrio entre interesses privados e o bem público.

Com relação ao meio ambiente, traz acusações de impactos ambientais na Argentina, México e Brasil, incluindo poluição, conflitos hídricos e emissão de CO₂.

O material inclui acusações de cumplicidade em violações durante a ditadura argentina (1976-1983) e ameaças contra defensores de direitos humanos no México. Também aponta práticas “polêmicas” durante a pandemia de Covid-19, incluindo demissões e suspensão de salários.

Por fim, cita o envolvimento do grupo em casos como a Causa Olmos (dívidas durante a ditadura), o escândalo dos Cuadernos (pagamentos irregulares) e o uso de estruturas offshore para evasão fiscal.

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