O Brasil não é mais colônia, gringo: a censura é coisa nossa!

E eis, então, que o Brasil não é mais colônia desde 1822, salve, salve, embora a data correta seja 1815, desculpe a nossa falha, mas o que importa a história, ela, quando é a gente que a escreve e que a reescreve, que a rasga, junto com a Constituição, a minha, a sua, a deles, seja a de quem for, a lei, ora a lei?

Quem é essa gringalhada para pensar que a gente não pode censurar quem a gente quiser, onde a gente quiser, quando a gente quiser e com o motivo que a gente quiser? A gringalhada acha que a gente é vira-lata com complexo de? A censura é coisa nossa! Quem for contra, é só sair ou nem precisa vir: ame-o ou deixe-o.

O patriotismo é o último refúgio de um censor, mas vamu que vamu, porque a concepção de governo da gente não é o despotismo, nem a democracia, nem a aristocracia, é a de uma tirania doméstica. O bebê portou-se mal, castiga-se. Levada a coisa ao grande, o portar-se mal é fazer  oposição, ter opiniões contrárias, e o castigo não são mais palmadas, sim, porém, prisão e morte. Plagio Lima Barreto sobre Floriano Peixoto, lembra dele?, deles?, claro que não, Triste Fim de Policarpo Quaresma, o Florianão Peixoto, ninguém mais lê, mas está lá, está aqui, os Florianões redivivos, bumbum paticumbum prugurundum, o nosso samba, minha gente, é isso aí.

Aí vem a nossa escola, olhaí o enredo, decoraí a letra, capricharam na resposta: “com coragem, estamos construindo uma República independente e cada vez melhor”, skindô, skindô, mas continuo no inquérito, o primeirão a entrar, o último a sair, será?, euzinho, agora aos quase 63 do tempo derradeiro, já faz seis anos nos nobres anais, mas com todo o respeito, excelência, juro, eu ainda tinha empresa, filho pequeno, alguns sonhos, não muitos, e uma verdade inconveniente, o amigo do amigo de meu pai, aquele um e aquele outro, ô Barroso, diz pra mim, cantaí, solta a voz, sou só ouvidos.

Lá vou eu, repetitivo como todo velho, era menos há seis anos: e quando o seu patriotismo se fez combatente, o que achou? Decepções. Onde estava a doçura da nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções: Policarpo Quaresma, outra vez, e outra vez plágio, cadê as aspas?, manda calar, manda prender, manda sumir, que a pátria que ele queria ter era um mito, era um fantasma criado por ele no silêncio do seu gabinete, a que existia, de fato, era a do homem do tribunal, dos hômi. Bumbum paticumbum prugurundum, o nosso samba, minha gente, é isso aí, gringo go home.

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