São Paulo — Conhecidas empresas de transporte urbano da capital paulista entraram na mira do Ministério Público de São Paulo (MPSP) por suspeita de lavarem dinheiro para o Primeiro Comando de Capital (PCC).
Os nomes delas não foram revelados para não prejudicar os trabalhos do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que estão em andamento.
“Temos mais que indícios que essas empresas estão envolvidas com o PCC, propiciando a lavagem de dinheiro durante muitos anos”, afirmou em entrevista ao Metrópoles o promotor de Justiça Lincoln Gakiya.
Ele acrescentou que os novos alvos da investigação “são empresas importantes” do transporte metropolitano urbano, as quais “participaram e ganharam licitações em regiões importantes”.
A estratégia para o crime organizado lavar o dinheiro, majoritariamente oriundo do tráfico de drogas, usando para isso empresas de transporte metropolitano urbano, se originou no início dos anos 2000, quando greves de ônibus possibilitaram a introdução de peruas e micro-ônibus no transporte de passageiros na capital e Grande São Paulo.
Origens
Perueiros clandestinos se legalizaram, em cooperativas, por meio de licitações na gestão da então prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT), entre 2002 e 2003. Cerca de dez anos depois, as empresas passaram a ser Sociedade Anônima, também por meio de licitações, na gestão de Fernando Haddad (PT).
“Naquela época o PCC começou a adquirir peruas, vans e colocar em linhas, participando ativamente de cooperativas, com criminosos infiltrados a mando da facção”, contextualizou Gakiya, que investiga o PCC há duas décadas e já foi alvo de um plano de sequestro e assassinato da facção, descoberto pela Polícia Federal (PF) no ano passado.
Ele acrescentou que isso começou a ser feio, à época, para facilitar a entrada de dinheiro, na conta de familiares de membros da organização criminosa, oriundo de empresas legalizadas. Depois disso, a facção ampliou a compra de veículos, criando frotas, empresas e, por fim, participando e vencendo licitações.

Luiiz conta dinheiro pcc tesoureiro
Assassino desembarca empunhando fuzil
Reprodução/Câmera Monitoramento

Luiz conta dinheiro pcc tesoureiro
Luiz dos Santos Rocha, de 54 anos, estava jurado de morte
Reprodução/Polícia Civil

Luiz conta dinheiro pcc tesoureiro
Reprodução/Câmera Monitoramento

Luiz conta dinheiro pcc tesoureiro
Familiar foge correndo após membro do PCC ser fuzilado em carro
Reprodução/Câmera Monitoramento

Luiz conta dinheiro pcc tesoureiro
Tesoureiro do PCC morreu antes de desembarcar de carro
Reprodução/Câmera Monitoramento
0
“Luiz Conta Dinheiro”
Uma das empresas que estão na mira do Gaeco é a Imperial, empresa de transporte coletivo que opera linhas de ônibus na zona leste da capital paulista.
Como revelado pelo Metrópoles, o infiltrado do PCC na empresa era Luiz dos Santos Rocha, o “Luiz Conta Dinheiro”, apontado pela polícia como tesoureiro do PCC.
Ele foi assassinado com tiros de fuzil, na porta de sua casa em Atibaia, interior paulista, no último dia 12, onde chegava em uma saída temporária da cadeia.
O motivo teria sido o desvio de R$ 5 milhões da facção, lavados na empresa de ônibus.
Luiz dizia ganhar R$ 1.600 como funcionário da empresa, mas mantinha uma vida de alto padrão, inclusive com a compra, à vista, de R$ 40 mil em armas de fogo entre elas um fuzil, segundo denúncia do MPSP.