Você pode ter uma colher de microplásticos no cérebro, sugere estudo

Um estudo da Universidade do Novo México publicado nesta terça-feira (4) traz uma sugestão preocupante: a concentração de microplásticos no cérebro humano pode ser equivalente ao peso de uma colher de plástico descartável. 

  • O que são microplásticos, de onde vêm e para onde vão?
  • Quais são os perigos dos microplásticos à saúde e ao meio ambiente?

Publicado na revista Nature Medicine, o estudo aponta que essa quantidade tem aumentado significativamente ao longo dos anos. Entre 2016 e 2024, os níveis de microplásticos no cérebro aumentaram cerca de 50%.

Outro achado preocupante foi a descoberta de que pacientes com demência apresentavam níveis de microplásticos de três a cinco vezes maiores do que a média, levantando questionamentos sobre uma possível ligação entre essas partículas e o declínio cognitivo:


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Os tecidos cerebrais tinham quantidades sete a 30 vezes maiores de MNPs (microplásticos e nanoplásticos) do que outros órgãos, como o fígado ou o rim. Os microplásticos no cérebro eram de tamanho menor e, na maioria das vezes, polietileno.

Como os microplásticos chegam ao cérebro?

Microplásticos são pequenas partículas derivadas da degradação de plásticos maiores e estão presentes no ar que respiramos, na água que bebemos e nos alimentos que consumimos. Eles foram encontrados em tecidos cerebrais humanos, particularmente nas paredes dos vasos sanguíneos e em células imunológicas do cérebro.

Partículas com menos de 200 nanômetros têm maior probabilidade de atravessar a barreira hematoencefálica, um mecanismo de proteção do cérebro contra substâncias prejudiciais.

Os cientistas ainda estão investigando se os microplásticos podem contribuir para doenças neurodegenerativas ou se cérebros já enfraquecidos pela demência são mais suscetíveis ao acúmulo dessas partículas.

Como reduzir a exposição aos microplásticos?

Eliminar totalmente o contato com microplásticos é quase impossível, mas algumas mudanças no estilo de vida podem reduzir significativamente a exposição.

Optar por água filtrada da torneira pode reduzir a ingestão de microplásticos em até 90%. Preferir alimentos naturais e frescos também pode ajudar, já que alimentos ultraprocessados contêm até 30 vezes mais microplásticos do que alimentos naturais.

Você pode ter uma colher de microplásticos no cérebro, sugere estudo (Imagem: Freepik)

Outra recomendação dos cientistas é armazenar alimentos em vidro ou inox. Isso porque recipientes plásticos liberam partículas quando aquecidos ou usados para armazenamento prolongado:

Dada a presença generalizada de microplásticos no ambiente, eliminar completamente a exposição não é realista. Uma abordagem mais prática é reduzir as fontes mais significativas de ingestão de microplásticos. Mudar de água engarrafada para água da torneira pode reduzir a ingestão de microplásticos de 90.000 para 4.000 partículas por ano, tornando-se uma intervenção impactante. Embora a redução da ingestão seja uma abordagem lógica, ainda não está claro se isso se traduz em uma redução mensurável no acúmulo de microplásticos nos tecidos humanos. Além da água engarrafada, fontes alimentares significativas de microplásticos são álcool e frutos do mar.

Com a quantidade de plásticos despejada no meio ambiente aumentando a cada ano, os cientistas enfatizam a necessidade urgente de mais pesquisas sobre os impactos dos microplásticos na saúde e a busca por soluções para limitar sua exposição.

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