Moradia popular entregue há 3 meses por Tarcísio tem vazamento e mofo

São Paulo — Menos de três meses após sua inauguração, os prédios do megaempreendimento de habitação social Reserva Raposo, na zona oeste de São Paulo, têm problemas graves de infraestrutura.

Moradores denunciam vazamentos que chegam a alagar corredores, além de infiltrações generalizadas que mofam a estrutura das moradias e causam preocupação. Veja:

 

Os apartamentos foram adquiridos por meio de programas habitacionais do governo estadual, representados pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Grande parte deles é voltado para pessoas de baixa renda, ou antigos moradores de áreas de risco.

A inauguração da primeira etapa do Reserva Raposo aconteceu em dezembro de 2024 com a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB).

Ao todo, o projeto deve receber R$ 728 milhões do governo estadual e R$ 1,3 bilhão da Prefeitura para a construção de 6.220 unidades habitacionais.

Responsabilidade do estado

Em contato com o Metrópoles, os denunciantes relataram que os problemas atingem os oito condomínios inaugurados em dezembro, em especial a unidade Bem-Te-Vi. Eles contam que há uma dificuldade em reportar problemas em razão da forma como os contratos funcionam.

 

Apesar de os imóveis terem sido adquiridos por programas de moradia, as autarquias governamentais se colocam apenas como intermediárias na compra dos apartamentos.

Pela CDHU, isso é feito por meio da modalidade Carta de Crédito Associativa, no qual o estado contrata as unidades habitacionais de uma construtora e as financia a juro zero.

A política foi criada para acelerar a entrega de habitações sociais, já que aproveita empreendimentos prontos ou em fase de finalização ao invés de aguardar que eles sejam construídos pelo próprio estado.

Mas, na prática, exime o poder público de questionamentos por parte dos moradores, que precisam recorrer à construtora ou à administradora condominial.

Empresário financiou campanha de presidente da Cohab

No caso da Reserva Raposo, a obra é de responsabilidade da RSK, grupo gerenciado por José Ricardo Rezek.

Resek é um nome influente do mercado imobiliário e foi o segundo maior doador de campanha do ex-presidente da Companhia de Habitação Popular (Cohab), João Cury Neto (MDB), eleito em 2022 como deputado federal por São Paulo.

A Cohab é uma autarquia do poder municipal, outra que financia unidades no Reserva Raposo previstas para serem entreges nos próximos anos.

Já a administração condominial é feita pela Stanic, de Roberto Stanic, que também é diretor da Associação de Moradores do Reserva Raposo, presidida pelo ex-subprefeito do Butantã, Paulo Vitor Sapienza.

Outro lado

Em contato com o Metrópoles, o grupo RSK informou que “as construtoras BRZ e Máximo Aldana, responsáveis pelas obras, estão com equipes dedicadas alocadas no empreendimento para atender a todos os chamados registrados no SAC e promover os reparos necessários nos imóveis”.

Já o governo do estado de São Paulo, por meio da CDHU, disse que “o desenvolvimento e a responsabilidade pela gestão das obras ficam a cargo da incorporadora habilitada a participar do processo do Programa de Apoio ao Crédito Habitacional até a entrega das chaves, incluindo a assistência técnica no período de pós ocupação, em caso de necessidade, conforme as normas dispostas na Lei nº 4591/64”.

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