Ministério a Boulos deve fortalecer psolista como nome de Lula em SP

São Paulo – As especulações sobre a ida do deputado federal Guilherme Boulos (PSol) para um ministério do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reacenderam a discussão entre aliados sobre o futuro político do ex-líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e também sobre o cenário da esquerda para as eleições de 2026 e 2028.

Isso porque, após a derrota para Ricardo Nunes (MDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2024, cresceu a pressão para que Boulos migrasse para o PT ou assumisse um cargo dentro do governo Lula, a fim de ganhar maior relevância política para a próxima corrida eleitoral. A falta de experiência do psolista em cargos no Executivo foi amplamente explorada por Nunes na campanha.

Mesmo depois de perder a disputa pelo comando da maior cidade do país em duas eleições consecutivas, Boulos ainda é visto como um dos principais quadros da esquerda em São Paulo.

Segundo aliados, a passagem por um ministério daria mais musculatura política a Boulos e afastaria as críticas de ser inexperiente em cargos de governo em uma próxima eleição. “Ele precisa tirar essa ‘trava’ de nunca ter tido experiência no Executivo”, relatou um interlocutor do deputado ao Metrópoles, sob condição de anonimato.

Boulos já foi apontado publicamente por Lula como um possível sucessor e contou com o apoio do petista nas eleições de 2026, com Marta Suplicy (PT) como vice na chapa. Nos últimos dias, em meio à reforma ministerial, o nome de Boulos passou a ser ventilado para a Secretaria-Geral da Presidência, pasta responsável pela articulação do Palácio do Planalto com a sociedade civil, incluindo movimentos sociais.

Caso seja candidato a algum cargo em 2026, quando ocorrem as eleições a deputado federal e estadual, senador, governador e presidente, Boulos teria que deixar o ministério para encarar novamente as urnas.

A discussão do nome de Boulos também leva a um dilema antigo, que é a possibilidade de que ele migre para o PT. A mudança poderia ajudar a diminuir a pecha de radical do ex-líder dos sem-teto, mas também tiraria dele a situação de protagonismo que ele tem hoje no PSol.

Para o cientista político Vitor Oliveira, sócio da consultoria Pulso Político, a possível ida de Boulos para uma secretaria da chamada “cozinha” do Planalto, além de “engordar o currículo” do psolista, pode ser uma tentativa de Lula de manter próximo uma figura da esquerda competitiva eleitoralmente.

“Acho que ele foi o único cara que conseguiu de alguma maneira furar, em um grande colégio eleitoral, que é a cidade de São Paulo, essa hegemonia petista”, afirma.

O deputado pertence à ala do PSol que defende a aproximação do partido com o PT. Sua eventual ida para o governo Lula divide a legenda, já que outras correntes defendem que a sigla se mantenha independente e não faça uma adesão completa a um governo com quadros do Centrão em ministérios.

Além disso, por ter raízes nos movimentos sociais, como líder do MTST, Boulos é visto como uma boa alternativa para melhorar a relação do governo Lula com a militância.

“É um cargo responsável por fazer a conexão do Planalto com a sociedade civil. E tem muita insatisfação com o atual secretário [Márcio Macedo]. Há uma reclamação muito grande dos movimentos historicamente ligados ao PT de dificuldade de interlocução com a Presidência. Também pode ser uma armadilha nesse sentido. Ele [Boulos] está indo para um cargo em que estaria muito exposto à base e teria pouca autonomia. Não seria um cargo vitrine”, afirma Vitor Oliveira.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.