Em vitória de Lula sobre Trump, Paraguai retira candidato à OEA

Em uma vitória para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Paraguai anunciou nesta quinta-feira (6/3) a retirada da candidatura de Rubén Ramírez Lezcano à presidência da Organização dos Estados Americanos (OEA). O ministro de Relações Exteriores paraguaio representa um governo de direita e conservador, sendo visto como o então favorito do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Na declaração que oficializou a retirada do candidato, o presidente do Paraguai, Santiago Peña, mandou indiretas aos países vizinhos. Foi feita após o Brasil fechar coalizão com Bolívia, Chile, Colômbia e Uruguai para apoiar o diplomata de Suriname Albert Ramdin, contra Lezcano.

4 imagens

O chanceler do Suriname, Albert Ramdin, e o ministro de Relações Exteriores do governo Lula, Mauro Vieira, em fevereiro, após reunião da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica

Então candidato à presidência da OEA, o ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, encontrou-se com Donald Trump em novembro de 2024
O chanceler do Suriname, Albert Ramdin, foi o escolhido pelo presidente Lula para a presidência da OEA
1 de 4

Então candidato à presidência da OEA, o ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, encontrou-se com Donald Trump em novembro de 2024

MRE do Paraguai

2 de 4

O chanceler do Suriname, Albert Ramdin, e o ministro de Relações Exteriores do governo Lula, Mauro Vieira, em fevereiro, após reunião da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica

Itamaraty

3 de 4

Então candidato à presidência da OEA, o ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, encontrou-se com Donald Trump em novembro de 2024

MRE do Paraguai

4 de 4

O chanceler do Suriname, Albert Ramdin, foi o escolhido pelo presidente Lula para a presidência da OEA

As eleições ocorrerão em 10/3 e, caso um novo concorrente não apareça, o surinamês será o próximo presidente da OEA.

“Nos últimos dias, de forma abrupta e inexplicável, o Paraguai foi informado por países amigos da América, com os quais compartilhamos espaço e história comuns, de que modificaram seu compromisso inicial com nosso país e decidiram não apoiar finalmente a proposta do Paraguai”, afirmou o presidente Peña.

Lezcano esteve com Donald Trump em novembro do ano passado na residência do então presidente eleito, em Mar-a-Lago. De acordo com a diplomacia paraguaia, à época, eles “concordaram em avançar na agenda bilateral, fortalecer as relações e promover o desenvolvimento econômico em ambos os países”.

Ao coordenar o apoio ao candidato de Suriname, a estratégia do Itamaraty e dos aliados na América Latina foi fortalecer um nome capaz de oferecer resistência à ofensiva conservadora de Trump, que deseja influenciar o organismo para aumentar a influência dos EUA na região. O apoio do norte-americano não chegou a ser oficializado, mas era tácito nos bastidores.

OEA disputada por Lula e Bolsonaro

Países signatários da OEA são teoricamente obrigados a seguir determinações da Corte Interamericana de Direitos Humanos, mas isso não necessariamente acontece. Apesar disso, decisões desse órgão produzem repercussões políticas internacionais e também internas.

Recentemente, a visita do relator da Comissão Interamericana de Direitos Humanos causou uma disputa entre lideranças políticas ligadas ao governo Lula e ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Bolsonaristas pressionaram o relator da Comissão a incluir, no seu parecer, o que classificam como “abusos” do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Já os defensores da Corte e do governo Lula tentam reforçar foram alvo de uma suposta tentativa de golpe de Estado.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.