Dólar sobe e Ibovespa perde força com medidas contra alta de alimentos

O mercado brasileiro reagiu negativamente ao provável anúncio, por parte do governo federal, de medidas para conter a alta nos preços dos alimentos.

A informação de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve anunciar medidas nesse sentido ainda nesta quinta-feira (6/3) foi divulgada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD).

Segundo o ministro, o anúncio deve ocorrer após uma reunião entre Lula e empresários do setor, no Palácio do Planalto. A partir dessa declaração, houve uma piora dos ativos domésticos no mercado.


O que aconteceu

  • Às 14h22, a moeda avançava 0,17%, a R$ 5,766.
  • Mais cedo, às 12h26, o dólar avançava 0,01% e era negociado a R$ 5,75.
  • Na cotação máxima do dia até aqui, o dólar bateu R$ 5,781. A mínima é de R$ 5,732.
  • Na véspera, a moeda dos EUA despencou 2,71% e fechou o dia cotada a R$ 5,75.
  • Com o resultado, o dólar acumula queda de 2,71% em março e de 6,86% em 2025.
  • Nos dois primeiros dias da semana, segunda-feira (3/3) e terça-feira (4/3), não houve pregão no Brasil por causa do Carnaval. O mercado reabriu na quarta-feira (5/3).

Ibovespa

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), passou a operar em forte alta no início da tarde, mas acabou perdendo força.

Às 14h25, o indicador avançava 0,3%, aos 123,4 mil pontos.

No dia anterior, o Ibovespa fechou o pregão em alta de 0,2%, aos 123 mil pontos.

Com o resultado, o principal indicador da bolsa brasileira acumula ganhos de 0,2% no mês e de 2,3% no ano.

Alckmin e auxiliar de Trump

O destaque desta quinta-feira é a reunião entre o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), e o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, por videoconferência.

O tema do encontro será o “tarifaço” imposto pelo governo de Donald Trump nos Estados Unidos sobre produtos importados de uma série de países, entre os quais o Brasil.

O mercado de madeira brasileira pode ser um dos mais prejudicados, já que os EUA são o principal destino das exportações do setor, recebendo 42,4% do total. Trump já anunciou uma tarifa de 25% sobre produtos florestais importados, o que pode dificultar a competitividade dos produtos nacionais.

Outro ponto de preocupação do governo brasileiro é o etanol. Atualmente, o país aplica uma tarifa de 18% sobre o produto norte-americano, enquanto os EUA cobram apenas 2,5% do etanol brasileiro. A política de “tarifas recíprocas” defendida por Trump pode levar a um aumento dessa taxação.

Além disso, aço e alumínio, que estão entre os principais produtos exportados pelo Brasil para os EUA, também podem ser afetados. Até o momento, o governo brasileiro não anunciou nenhuma medida em resposta à taxação, como o aumento das tarifas sobre produtos americanos.

Segundo Alckmin, a melhor estratégia diante do impasse é o diálogo. O vice-presidente defende a possibilidade de um acordo para a definição de cotas de exportação, como foi feito em 2018, evitando a imposição de sobretaxas.

Em discurso feito ao Congresso dos EUA, na noite de terça-feira (4/3), Trump citou expressamente o Brasil como um dos países que estariam prejudicando comercialmente os interesses norte-americanos.

Apesar da preocupação quanto a uma guerra comercial global, investidores reagiram positivamente às declarações do secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, segundo as quais o governo norte-americano estuda um acordo com México e Canadá para aliviar as tarifas impostas aos dois países.

“Tanto os mexicanos quanto os canadenses ficaram o dia todo no telefone comigo tentando mostrar que vão melhorar, e o presidente Trump está ouvindo”, afirmou Lutnick em entrevista à Fox.

Alívio de tarifas

Os investidores também reagiram ao anúncio de Trump sobre decidir adiar as tarifas para montadoras de veículos nas importações de México e Canadá. A decisão foi anunciada pela Casa Branca na quarta-feira.

Segundo o governo norte-americano, o recuo aconteceu após o presidente dos EUA se reunir com executivos das montadoras Stellantis, Ford e General Motors.

A medida vale para veículos que fazem parte do mercado do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), assinado em 2020 pelos três governos.

O gesto positivo de Trump ao setor aconteceu um dia após as tarifas sobre importações de México e Canadá, de 25%, entrarem em vigor.

Outros dados internacionais

Ainda no cenário internacional, os investidores repercutem nesta quinta-feira a decisão do Banco Central Europeu (BCE) sobre a taxa de juros e novos dados do mercado de trabalho nos EUA, como os pedidos por seguro-desemprego.

A autoridade monetária da Europa cortou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, de 2,75% para 2,5%, em linha com as estimativas do mercado.

Reforma ministerial

No cenário doméstico, os investidores seguem em compasso de espera pelo anúncio de novos nomes que passarão a compor o primeiro escalão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na semana passada, a confirmação de que a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, comandará a Secretaria de Relações Institucionais foi mal recebida pelo mercado financeiro.

Gleisi assumirá a vaga de Alexandre Padilha, também do PT, que deixa a pasta rumo ao Ministério da Saúde após a demissão de Nísia Trindade.

Desde quarta-feira, os investidores vêm repercutindo rumores de que Lula teria convidado o também deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para assumir a Secretaria-Geral da Presidência no lugar de Márcio Macêdo, que deve deixar o cargo na reforma ministerial.

Assim como Gleisi, o nome de Boulos – candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo nas eleições do ano passado – sofre grande resistência do mercado, que o vê como um “radical” de esquerda.

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