Mais da metade das emissões globais de carbono é oriunda de 36 empresas, aponta pesquisa

 

Uma nova análise do “Carbon Majors Database”, desenvolvido pelo think tank climáticoInfluenceMap, com sede em Londres, revelou que um grupo reduzido de empresas é responsável pela maior parte das emissões mundiais de gases de efeito estufa.

O estudo mostra que as companhias estatais dominam a lista dos principais emissores, superando significativamente as petroleiras e indústrias de gás natural de capital privado.

Aponta também que as estatais foram responsáveis pela maior volume (52%) das emissões globais em 2023. E que apenas 36 produtores de petróleo, gás, carvão e cimento contribuíram com mais da metade das liberações de gases CO₂ relacionadas a combustíveis fósseis no mundo.

Entre as 20 maiores poluidores mundiais no banco de dados que embasou a pesquisa e rastreia emissões desde 1854 até 2023, 16 são empresas públicas.

Divulgado recentemente, o documento indica ainda que muitos dos grandes emissores mundiais aumentaram suas emissões em 2023 em comparação ao ano anterior.

China segue como maior poluidora do mundo

Esta é a primeira vez que o banco de dados inclui informações detalhadas sobre emissões de carvão da China, Rússia e várias outras nações, em vez de apenas dados em nível nacional.

Assim como em  2022, organizações chinesas lideraram o ranking entre as que mais contribuíram com emissões relacionadas a combustíveis fósseis, mantendo a posição do país como principal poluidor mundial. Estas empresas foram responsáveis por 23% das liberações globais de carbono.

A atualização no banco de dados revelou também que a chinesaCHN Energy, empresa de carvão, foi a terceira maior emissora de CO₂ relacionado a combustíveis fósseis em 2023 e a 14ª maior historicamente.

Entre as estatais, a Saudi Aramco, maior petrolífera do mundo situada na Arábia Saudita, foi a maior poluidora, responsável por 4,38% das emissões globais de CO₂. Entre as companhias privadas, a ExxonMobil liderou, com 1,28% das emissões, seguida por Shell e Chevron, com aproximadamente 1% cada.

Base para ações legais e resposta a eventos extremos

O banco de dados Carbon Majors, criado em 2013, se consolidou como o relatório anual cujas análises têm fundamentado esforços para aprovar leis de fundos climáticos em Vermont e Nova York.

Pesquisadores utilizam suas descobertas para relacionar eventos climáticos extremos a empresas específicas, superando a abordagem genérica das emissões de carbono. Grupos de advocacia também o empregam em ações legais contra empresas de combustíveis fósseis e seus dirigentes.

Em comunicado divulgado com o lançamento do relatório, Johan Rockström, diretor do Instituto Potsdam de Pesquisa de Impacto Climático, declarou: “Enquanto algumas corporações movidas pelo lucro continuam expandindo a infraestrutura de combustíveis fósseis, os desastres climáticos atingem mais severamente regiões onde as populações menos contribuíram para o problema. Uma transformação global não é apenas urgente — é essencial, e deve começar por esses atores-chave”.

Fonte: EXAME

 

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