Das 20 maiores empresas pagadoras de dividendos no mundo, somente uma é brasileira

 

As empresas brasileiras distribuíram 9% menos dividendos em 2024 na comparação com 2023, resultado puxado por uma queda de 28,7% no pagamento de proventos no último trimestre do ano, segundo o índice global de dividendos da Janus Henderson. Em números absolutos, em dólar, as companhias locais desembolsaram US$ 22,4 bilhões aos seus acionistas no ano passado.

A Petrobras respondeu por quase metade do valor total, com US$ 10,83 bilhões, ocupando a 14ª posição no ranking mundial. É a única representante brasileira no ranking das 20 maiores empresas pagadoras de dividendos de 2024. A segunda brasileira foi a Vale, com US$ 4,16 bilhões, apesar de uma forte queda que afetou quase todo o setor de mineração.

Em todo o mundo, o volume de dividendos distribuídos atingiu o recorde de US$ 1,75 trilhão no ano passado, cifra 6% maior do que em 2023, impulsionado pelo dólar mais forte e pela valorização das empresas de tecnologia como Meta, Alphabet e Alibaba, que devolveram recursos aos acionistas pela primeira vez.

O resultado para o ano foi ligeiramente superior à previsão da Janus Henderson, de US$ 1,73 trilhão, principalmente devido à força superior à esperada dos EUA e do Japão no último trimestre de 2024. Os pagamentos do quarto trimestre aumentaram 7,3% numa base subjacente.

Ao longo do ano, o crescimento se mostrou forte na Europa, nos EUA e no Japão. Alguns mercados-chave emergentes, como a Índia e partes da Ásia, como Singapura e Coreia do Sul, também registraram crescimento. Dos 49 países do índice, 17 registraram distribuição recorde, incluindo alguns dos maiores pagadores, como os EUA, Canadá, França, Japão e China.

No resto da América Latina, os dividendos mexicanos tiveram um incremento de 4,3%, apesar de cortes feitos por metade das empresas do índice da gestora. A maior contribuição para o crescimento veio da empresa de bebidas Femsa e da mineradora Grupo México. Uma grande queda na Colômbia refletiu um corte nos pagamentos da Ecopetrol, a única empresa colombiana no índice, enquanto no Chile observou uma queda de 28,7%, resultado do corte do conglomerado industrial Empresas Copec.

Estreantes

Grandes empresas que realizaram seus primeiros pagamentos de dividendos tiveram um impacto desproporcional nas estatísticas do índice. O maior deles veio da Meta e da Alphabet nos EUA, e da Alibaba na China. Só estes três casos distribuíram o equivalente a US$ 15,1 bilhões, que representaram 1,3 ponto percentual, ou um quinto, do crescimento global de dividendos em 2024.

Setorialmente, quase metade do crescimento dos dividendos de 2024 veio das finanças, em particular dos bancos, cujos dividendos aumentaram 12,5% numa base subjacente. Os dividendos do setor de mídia registaram bom crescimento, puxado pelos pagamentos da Meta e da Alphabet. Mas telecomunicações, construção, seguros, bens de consumo duráveis e lazer também registaram aumentos de dois dígitos.

“Algumas das empresas mais valiosas do mundo, particularmente aquelas com raízes no setor de tecnologia dos EUA, estão começando a pagar dividendos pela primeira vez, confundindo aqueles que disseram que esse segmento evitaria essa rota de retorno de capital aos acionistas”, afirmou em nota Jane Shoemake, gerente de portfólio de clientes da equipe global de rendas com ações da Janus Henderson.

É uma postura que se assemelha a das grandes empresas da economia tradicional. À medida que começam a amadurecer, passaram a gerar valor excedente que podem restituir aos seus investidores. Essas empresas estão dando um incentivo significativo ao crescimento de dividendos global”.

Pelo segundo ano consecutivo, a Microsoft foi de longe a maior pagadora de dividendos do mundo, mas a Exxon, recentemente ampliada após a aquisição da Pioneer Resources, subiu para o segundo lugar, posição que tinha ocupado pela última vez em 2016.

Globalmente, 88% das empresas aumentaram seus dividendos ou mantiveram esse tipo de remuneração aos acionistas estável, e a mediana do crescimento das empresas foi de 6,7%.

Para este ano, Janus Henderson espera que os dividendos cresçam 5% base globalmente, elevando o total de pagamentos para um recorde de US$ 1,83 trilhão. Com a valorização do dólar em relação a outras moedas, há um certo atraso do crescimento das demais economias.

Apesar das incertezas globais, Shoemake afirma que os mercados ainda esperam que os lucros das empresas aumentem este ano, com o consenso das previsões apontando incremento de 10%. “Mesmo que isso seja excessivamente otimista, dados alguns dos atuais desafios econômicos e geopolíticos globais, a boa notícia para os investidores em renda é que os dividendos geralmente se mostram muito mais resilientes do que os lucros ao longo dos ciclos econômicos”, afirma. “As empresas têm poder discricionário sobre quanto distribuem aos acionistas, então há muito menos variabilidade nos fluxos de receita de dividendos. É por isso que esperamos que os dividendos atinjam um novo recorde neste ano”.

Fonte: Valor Econômico

 

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