Elon Musk, o mestre do universo que quer rir sem fazer rir

Elon Musk passa por fase especialmente difícil para quem se acredita mestre do universo.

No ar, há poucos dias, outro foguete da Starship explodiu poucos minutos depois do lançamento, obrigando as autoridades a fechar o espaço aéreo da Flórida — e aumentando a dúvida sobre se a empresa será capaz de cumprir os prazos do contrato com a Nasa, a agência espacial americana, para levar astronautas à Lua.

Em terra, a Tesla acumula perdas gigantescas em vendas e valor de mercado. Perdeu metade dos compradores na Europa por causa do apoio de Elon Musk a partidos da direita radical, e os investidores também se deram conta de que a montadora de carros elétricos tem custos muito altos para enfrentar a concorrência chinesa.

No mundo virtual, o presidente Donald Trump traiu as expectativas de Elon Musk e deu aval à aliança da OpenAI, Oracle e Softbank, as concorrentes do seu xAI, do chatbot Grok, no mercado da Inteligência Artificial. Para tentar superar o revés, o empresário tentou comprar a OpenAI por US$ 97 bilhões. A oferta brusca foi rejeitada e Elon Musk ainda se viu chicoteado pelo rival Sam Altman, que disse que ele poderia competir fazendo um produto melhor, ao invés de tentar atrapalhar os outros.

Do outro lado da fronteira sul, no metaverso mexicano, a Starlink teve um contrato bilionário cancelado pelo tycoon Carlos Slim, que obviamente não gostou de ter sido acusado por Elon Musk, na rede social X, de coisinha pouca: ligação com cartéis de traficantes de drogas.

Por fim, no terreno da aprovação popular, que pode ser ainda mais árido do que a paisagem do seu sonhado planeta Marte, Elon Musk está se tornando o sujeito mais impopular dos Estados Unidos.

Quase 50% dos americanos desaprovam o que ele está fazendo no governo de Donald Trump, segundo uma pesquisa do jornal Washington Post. E uma sondagem na internet divulgada pelo Navigator Research mostra que Elon Musk é menos popular do que Donald Trump.

É explicável: mesmo entre quem acha que há gente demais pendurada no governo, a sanha dele em cortar empregos públicos, como chefe do recém-criado departamento de eficiência, parece cega. Isso facilita bastante o trabalho da oposição. É uma história fácil de contar: Elon Musk e os bilionários tomaram o governo para roubar do povo americano e enriquecer si próprios”, disse o senador democrata Chris Murphy ao New York Times.

Como era previsível, o desgaste de Elon Musk é intenso entre os secretários do governo Trump, que foram atropelados por demissões feitas por ele.

Na semana passada, durante uma reunião do gabinete presidencial, Elon Musk entrou em colisão direta com o secretário de Estado, Marco Rubio, a quem acusou de ser leniente nos cortes e do qual recebeu uma resposta sarcástica. Donald Trump interveio, deu razão a Rubio e rebaixou simpaticamente Musk a conselheiro dos secretários, retirando-lhe o poder de demitir diretamente quem quer que seja. Imagina-se que o vice-presidente, J.D. Vance, continuamente ofuscado pelo concorrente no noticiário, tenha gostado da decisão do chefe.

Elon Musk gastou mais de US$ 1,5 bilhão para eleger Donald Trump e continua a financiar a publicidade presidencial, bem como a de políticos do  Partido Republicano nas campanhas regionais. Mas há limite para a compra de simpatias na política, e antipatias políticas podem fazer mal aos negócios da mesma forma que incompetência. Elon Musk é um mestre do universo que quer rir sem fazer rir.

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