Israel vai interromper eletricidade em Gaza; medida compromete 600 mil

Israel deixará de fornecer eletricidade à Faixa de Gaza, anunciou o ministro da Energia, Eli Cohen, neste domingo (9/3), uma semana depois de suspender a entrada de ajuda humanitária no território palestino para pressionar o Hamas.

A única linha de eletricidade entre Israel e Gaza abastece a principal usina de dessalinização de água do território palestino, que atende a mais de 600 mil pessoas.

“Acabo de assinar uma ordem para interromper imediatamente o fornecimento de eletricidade à Faixa de Gaza”, declarou Cohen em um vídeo curto.

Os habitantes de Gaza dependem principalmente de painéis solares e geradores a gasolina para obter eletricidade, com o combustível chegando “a conta-gotas” no território palestino.

“Vamos usar todas as ferramentas à nossa disposição para trazer de volta todos os reféns e garantir que o Hamas não esteja mais em Gaza no dia seguinte” à guerra, acrescentou ele, em um momento em que Israel e o movimento islâmico palestino se acusam mutuamente de violar o acordo de trégua que entrou em vigor em 19 de janeiro.

Israel ameaça retomar os combates em Gaza, mas, ao mesmo tempo, está se preparando para enviar negociadores a Doha para reiniciar as conversas sobre a libertação dos reféns. E tudo isso em um cenário de tensões crescentes.

Uma delegação técnica israelense partirá para o Qatar na manhã de segunda-feira (10/3), segundo o correspondente da RFI em Jerusalém, Michel Paul. E é nas próximas horas que o gabinete de segurança israelense deve se reunir para definir as prerrogativas dos negociadores.

De acordo com o gabinete do primeiro-ministro, Benyamin Netanyahu, Israel está, portanto, respondendo ao convite dos mediadores egípcios e do Catar, com o apoio americano, e está se juntando às conversações que já estão em andamento. Na terça-feira, o enviado dos EUA, Steve Witkoff, se juntará às equipes em Doha para tentar impulsionar a finalização de um acordo.

“Pressão máxima”

De acordo com relatos da mídia israelense, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem um plano de “pressão máxima” para forçar o Hamas a aceitar uma extensão da primeira fase da trégua, que terminou em 1º de março, sob condições estabelecidas por Israel.

De acordo com Netanyahu, Israel aceitou um compromisso americano que prevê a extensão dessa primeira fase durante o Ramadã e a Páscoa, ou seja, até meados de abril. Netanyahu censurou o Hamas por sua recusa a esse projeto e o ameaçou com “outras consequências” caso a discordância persistisse.

“Plano infernal”

A mídia israelense também informou que o sistema de pressão elaborado por Netanyahu, conhecido como “plano infernal”, inclui o corte do fornecimento de eletricidade. O Hamas quer implementar os dois estágios restantes do acordo de trégua inicial intermediado pelo Catar com a ajuda dos Estados Unidos e do Egito.

Após o ataque do Hamas em solo israelense em 7 de outubro, o então ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, anunciou em 9 de outubro que estava impondo “um cerco completo” a Gaza: “Sem eletricidade, sem água, sem gás”.

Desde então, a situação humanitária para os 2,4 milhões de habitantes se deteriorou consideravelmente, de acordo com as ONGs no local.

A conexão com a usina de dessalinização foi cortada após 7 de outubro, antes de ser reconectada em julho de 2024. No entanto, a usina só conseguiu retomar as operações em dezembro, pois as linhas de energia estavam muito danificadas pela guerra para serem abastecidas novamente.

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