Prévia da inflação em fevereiro fecha em alta de 0,78%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) — que mede a inflação entre a metade de janeiro e fevereiro — ficou em 0,78%. O índice foi puxado, principalmente, pelo grupo de Educação, com aumento de 5,07% no período, seguido pelo grupo de Comunicação — onde a alta foi de 1,67% —- e Alimentos e Bebidas, com aumento de 0,97%.

A alta, segundo o economista-chefe da consultoria Análise Econômica André Galhardo, é bem maior que a registrada em janeiro, quando o aumento foi de 0,31%, e pouco maior que a registrada em fevereiro do ano passado, de 0,76%. 

“Apesar dessa elevação, essa alta já era amplamente esperada pelo mercado, ela foi influenciada, não apenas mas principalmente, pela evolução dos preços no grupo de Educação. Tivemos reajuste de mensalidade e materiais escolares, e tudo isso acaba impactando significativamente num grupo que é importante dentro do IPCA.”

Aumento em 8 dos 9 grupos

O IPCA considera nove grupos prioritários de impacto na inflação e desses, em fevereiro, oito registraram alta. Apenas o grupo  Vestuário teve recuo de 0,39% no mês. A maior alta, na Educação, impactou diretamente a servidora pública Daniela Martins. Mãe de dois filhos matriculados em escola particular, a moradora do Distrito Federal viu os aumentos pesarem no orçamento. 

“E não só das mensalidades escolares do Ensino Fundamental, nas escolas de línguas e atividades esportivas, academia de natação, tudo aumentou demais. E esse aumento das escolas eles já repassaram do ano passado pra cá e foi bem significativo.”

O grupo de Alimentação e Bebidas, mesmo com aumento menor (0,97%), teve impacto significativo no mês, de 0,20 p.p. 

“Alimentos e Bebidas e Transportes, representam sozinhos, cerca de 40% do IPCA. Então nós temos nove grupos, mas esses grupos têm importâncias relativas diferentes. Se você tem aumento de preços de alimentos, isso pesa muito mais no bolso do consumidor do que quando você tem aumento no preço de carros novos, por exemplo.” explica Galhardo. 

Onde o aumento pesou mais 

No grupo Transportes, apesar do aumento de 0,15%, as passagens aéreas tiveram redução de 10,65%. Mas os combustíveis tiveram aumento médio de 0,77%. O aumento das tarifas de táxi ajudou a puxar a alta, que chegou a 0,98%. No Rio de Janeiro 4,21%, em Salvador de 4,61% e de 8,31% em Belo Horizonte.

A capital mineira também teve reajuste nas tarifas de ônibus urbano, que subiu, em média, 16,67%. Já na capital paulista, o reajuste de 13,64% nas tarifas de trem e metrô puxaram a inflação na cidade. 

A maior variação quanto aos índices regionais foi registrada em Goiânia — 1,07%. A gasolina teve aumento de 7,28% e puxou o índice, assim como os cursos regulares, com alta de 4,56%. 

Para os próximos meses

Essa inflação de 0,78 ajudou a produzir uma inflação anualizada de 4,49% — “um aumento meramente marginal se comparar com os 12 meses encerrados em janeiro”, explica André Galhardo. Segundo o IBGE a inflação acumulada em 12 meses, encerrada em janeiro, foi de 4,47%, um aumento bem pequeno.

“Embora essa variação de 0,78% tenha sido muito importante, ela é bem alta, esse número é transitório. A nossa expectativa é que nos meses de março e abril, esse IPCA-15 venha bem mais comportado. A expectativa é benigna para a inflação ao longo de 2024.” O economista explica: 

“O cálculo do IPCA-15 é baseado nos preços coletados entre 16 de janeiro e 15 de fevereiro de 2024 e comparados com os preços vigentes entre 15 de dezembro e 15 de janeiro.  O indicador é referente às famílias com rendimento de um a 40 salários-mínimos nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.” 

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