Polvo usa veneno para não ser devorado pela fêmea no acasalamento

Nesta segunda (10), um estudo publicado na revista Current Biology revelou um comportamento surpreendente do polvo-de-anéis-azuis (Hapalochlaena fasciata): os machos dessa espécie usam veneno nas fêmeas durante o acasalamento, p ara impedir que elas os devorem.

  • Por que polvos têm três corações?
  • Polvos são inteligentes porque compartilham genes com humanos; entenda

A espécie é conhecida por seu pequeno porte e alta toxicidade. Assim como outras espécies do gênero, produz tetrodotoxina (TTX), uma neurotoxina potente capaz de paralisar presas e dissuadir predadores. Contudo, o estudo revela que esse veneno tem outro propósito: facilitar o acasalamento e garantir que os machos escapem ilesos.

Segundo o estudo, os machos mordem a aorta das fêmeas nesse momento, liberando pequenas doses de TTX, que induzem um estado temporário de paralisia.


Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.

Esse efeito impede que as fêmeas os ataquem e proporciona tempo suficiente para que os machos concluam a transferência do espermatóforo (pacote de esperma) antes de escapar.

Veneno e paralisia

É um momento em que os machos aumentam drasticamente sua taxa respiratória, passando de 20-25 para 35-45 respirações por minuto.

Polvo usa veneno para não ser devorado pela fêmea no acasalamento (Imagem: twenty20photos/envato)

Enquanto isso, as fêmeas entram em um estado de asfixia induzida, com redução da coloração e contração das pupilas. O processo dura cerca de uma hora, e as fêmeas levam dias para se recuperar completamente das feridas na aorta.

Curiosamente, os machos possuem glândulas salivares três vezes maiores do que as fêmeas, evidenciando a importância do veneno na reprodução.

Além disso, a necessidade de sedação das fêmeas sugere que elas desenvolveram certa resistência ao TTX, levando os machos a produzir quantidades ainda maiores da toxina.

Apesar desse comportamento extremo, os machos não participam dos cuidados parentais. As fêmeas, após o acasalamento, dedicam-se integralmente à proteção dos ovos, sem tempo para se alimentar adequadamente, o que as torna ainda mais vulneráveis.

A descoberta reforça a complexidade das interações reprodutivas no reino animal e evidencia como a evolução pode moldar comportamentos inusitados para garantir a sobrevivência da espécie. Já podemos interpretar este como um dos  rituais de acasalamento mais bizarros do mundo animal?!

Leia também:

  • “Dança” do acasalamento: aranha-lobo conquista fêmeas com batidas ritmadas
  • Qual é a diferença entre lula e polvo?

VÍDEO | ROBÔ DE UM ANIMAL EXTINTO

 

Leia a matéria no Canaltech.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.